segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lei pune quem destruir arborização em Belém

Reportagem especial publicada em O Liberal – 21/05/2012

Por: Cleide Magalhães

Edição: Clara Costa

Quem suprimir, destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, árvores e arbustos, localizados em áreas públicas de Belém. Além disso, realizar serviço de qualquer ordem em árvores e arbustos, localizados nesses espaços sem permissão, autorização ou licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) em desconformidade com o Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém pode ser punido com sanções que vão desde a prestação de serviços à comunidade até multa que varia de R$ 1 mil a R$ 10 mil, aplicada em dobro, em caso de reincidência. 

As punições estão previstas na Lei 8.909, de 29 de março de 2012, aprovada na Câmara Municipal de Belém, que legitimou o Projeto de Lei do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém (PMAT) instrumento de planejamento municipal à implantação de política de preservação, manejo e expansão da arborização urbana da cidade. Especialistas consideram o PMAT um avanço, uma vez que eleva Belém a ser a primeira cidade do Pará e a oitava capital brasileira a ter o plano. Elaborado ao longo de nove meses por 11 membros do grupo de representantes de instituições não governamentais, públicas e privadas, o PMAT está previsto no Plano Diretor de Belém, faz parte do Sistema de Áreas Verdes da Cidade. 

Os objetivos gerais do plano, que constam na lei, são estabelecer as diretrizes de planejamento, diagnóstico, implantação e manejo permanentes da arborização de espaços públicos no tecido urbano; monitorar a quantidade, qualidade, acessibilidade, oferta e distribuição de espaços livres e áreas verdes no tecido urbano; utilizar a arborização na revitalização de espaços urbanos e seus elementos visuais; implantar e manter a arborização como instrumento de desenvolvimento urbano, qualidade de vida e equilíbrio ambiental e definir um conjunto de indicadores de planejamento e gestão ambiental de áreas urbanas e unidades de planejamento, por meio de cadastro georeferenciado dos espaços livres. 

Além de estabelecer critérios de distribuição e dimensionamento da arborização nas unidades de planejamento, por meio de diferentes escalas e funções do sistema de espaços livres; estabelecer critérios de acompanhamento e fiscalização dos órgãos e entidades públicas, agentes da iniciativa privada e sociedade civil nas atividades que exerçam com reflexos na arborização urbana pública; integrar e envolver a sociedade, com vistas à manutenção e à conservação da arborização urbana pública e orientar o manejo da arborização urbana, através de cursos, palestras e atividades afins, sempre direcionados ao âmbito cultural, ambiental, turístico e paisagístico.

MANUAL

Um dos principais critérios e medidas à execução do PMAT é o Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém. Segundo Paulo Porto, coordenador do PMAT, a mesma equipe que elaborou o plano faz ainda o manual, previsto para ser concluído até 29 de junho deste ano, conforme a Lei 8.909, sendo 90 dias depois da sua publicação. "O manual vai nortear a aplicação do plano como, por exemplo, o vegetal mais adequado à localidade dando prioridade à manutenção e proteção das mangueiras - espécie que tornou Belém conhecida como a Cidade das Mangueiras - existentes e vegetais nativos da Amazônia. Há até a possibilidade de se plantar mangueiras de porte menor. O plano segue uma série de normas e diz o quê, como, quando e onde plantar na cidade, se existir mangueira será preservada. Outros locais em que há limitação de espaços, as mangueiras não poderão ser plantadas, mas vamos sugerir espécies nativas compatíveis, cada área será considerada e será feito inventário da cidade", explica Porto. 

A diretora geral da Semma, Julianne Moutinho, fala que o PMAT tem papel importante para dar força a novos procedimentos e aos que já são aplicados pela gestão. "A Lei 8.909 reforça e garante melhor nossas ações, mas várias iniciativas de expansão e conservação da cidade a Secretaria já executa como a podagem, adubação e controle de pragas e doenças (tratos culturais). Além da conservação, o plano visa a expansão da arborização por meio do plantio e proteção de áreas, produção de mudas, e todos os padrões vão constar no manual. Este será levado ao conhecimento de técnicos e da sociedade em geral, bem como será traduzido, com linguagem mais simples, também em uma cartilha educativa a ser distribuída à população", informa Julianne. 

Nesse processo, ressalta a gestora, é importante ainda a participação da população. "Tudo que se refere ao plantio, escolha de espécie e local para plantar será feito pela Semma. A manutenção vai precisar contar também com apoio da população e, para isso, prevemos como diretrizes a educação ambiental e parcerias, que serão intensificadas cada vez mais. O grande mote desse plano é que o cidadão também esteja comprometido com a manutenção da arborização da cidade", ressalta a diretora geral da Semma. 

Figueira ameaça imóveis e danifica passeio público

Para conseguir sombreamento em uma cidade de clima quente e úmido como Belém, pelo menos nos últimos 10 anos, muitas pessoas começaram a plantar, de forma aleatória, figueiras nas ruas e ainda na porta de casa. Uma delas é a vendedora de comidas típicas e salgados, Eliana Megins, mora há 50 anos na rua Silva Castro, no Guamá, onde existe enorme  corredor de figueiras. "Havia na rua mangueiras, jaqueiras e até jambeiros, mas com a chegada do asfalto elas desapareceram. A prefeitura plantou outras espécies na beira da pista, mas a sombra não atingia as casas e muitos de nós plantamos figueira, mas eu prefiro que a cidade seja arborizada pelas mangueiras, porque além da boa sombra ela oferece ainda o fruto para a gente comer. Infelizmente, hoje muitas crianças crescem sem ter interação com esta espécie, pois quase não tem mais pelas ruas da cidade. Desejo que a lei traga isso de volta", diz Eliana.

Embora a figueira seja uma espécie vegetal com referências simbólicas e a primeira planta descrita na Bíblia, o coordenador do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém, explica que ela está na lista de espécie inadequada para se plantar em Belém. "Ela pode crescer de forma enérgica e por isso não é indicado que se cultive figueiras perto de casas ou pelas ruas, pois o crescimento de suas raízes tem a capacidade de deformar as paredes das residências, as tubulações, as calçadas, etc. Já estamos fazendo sua retirada da cidade", informa Paulo. 

Hoje, Belém conta com cerca de 110 mil árvores, das quais nove mil são mangueiras. Outras espécies mais encontradas são castanhola, oitizeiro, ipês e açaizeiros. Esses números são descompasso ao que preconiza a Organização Mundial de Saúde: que o ideal é uma árvore para cada habitante.

AMBIENTAL

Conheça a lei

A Lei 8.909, aprovada em 29 de março de 2012, legitima o Projeto de Lei do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém (PMAT). Eleva Belém a ser a primeira cidade do Pará e a oitava capital brasileira a ter o plano. Foi elaborado por 11 membros do grupo de representantes de instituições não governamentais, públicas e privadas. 
Um dos principais critérios e medidas à execução do PMAT é o Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém. Está previsto para ser concluído até 29/06/2012, conforme a Lei 8.909. Vai nortear a aplicação do plano e trazer, por exemplo, o vegetal mais adequado à determinada localidade dando prioridade à manutenção e proteção das mangueiras.

Objetivos

Estabelecer as diretrizes de planejamento, diagnóstico, implantação e manejo permanentes da arborização de espaços públicos no tecido urbano;
Monitorar a quantidade, qualidade, acessibilidade, oferta e distribuição de espaços livres e áreas verdes no tecido urbano;
Utilizar a arborização na revitalização de espaços urbanos e seus elementos visuais;
Implantar e manter a arborização como instrumento de desenvolvimento urbano, qualidade de vida e equilíbrio ambiental;
Definir um conjunto de indicadores de planejamento e gestão ambiental de áreas urbanas e unidades de planejamento, por meio de cadastro georeferenciado dos espaços livres;
Estabelecer critérios de distribuição e dimensionamento da arborização nas unidades de planejamento, por meio de diferentes escalas e funções do sistema de espaços livres;
Estabelecer critérios de acompanhamento e fiscalização dos órgãos e entidades públicas, agentes da iniciativa privada e sociedade civil nas atividades que exerçam com reflexos na arborização urbana pública;
Integrar e envolver a sociedade, com vistas à manutenção e à conservação da arborização urbana pública;
Orientar o manejo da arborização urbana, através de cursos, palestras e atividades afins, sempre direcionados ao âmbito cultural, ambiental, turístico e paisagístico.

Fica proibido

Suprimir, destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, árvores e arbustos, localizados em áreas públicas de Belém. Além disso, realizar serviço de qualquer ordem em árvores e arbustos, localizados nesses espaços sem permissão, autorização ou licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) em desconformidade com o Manual de Orientação Técnica da Arborização Urbana de Belém.

Punição

As sanções que vão desde a prestação de serviços à comunidade até multa que varia de R$ 1 mil a R$ 10 mil, aplicada em dobro, em caso de reincidência. 

domingo, 20 de maio de 2012

Trânsito em Belém continua um caos. MPF entra com nova ação. Prefeito diz que vai agilizar obras

Por: Cleide Magalhães
Foto: Daniel Pinto

O trânsito em Belém continua a representar caos para os milhares de pedestres, ciclistas e motoristas obrigados a trafegar pelos trechos afetados pelas obras do projeto de implantação do transporte público por meio do Sistema de transporte Rápido por ônibus (BRT) da prefeitura de Belém. Principalmente os que precisam passar pela avenida Almirante Barroso. A Justiça Federal ainda não se manifestou sobre a mais nova ação impetrada pelo Ministério Público Federal, no último dia 16, mas o problema parece longe de acabar. Na ação, o MPF pede que a Justiça embargue de forma imediata as obras do BRT e obrigue a prefeitura a apresentar um planejamento para diminuir os transtornos causados à população.

Para contrapor os argumentos do MPF, o prefeito Duciomar Costa (PTB) esteve nos estúdios da TV Liberal na manhã de ontem e concedeu entrevista ao jornalista João Jadson, do Bom Dia Pará. Duciomar negou que as obras da BRT tenham sido implantadas de maneira pouco criteriosa e reafirmou que nada foi feito sem planejamento. Ele também explicou que é necessário paciência devido a grandiosidade do projeto, mas garantiu que a partir desta semana os trabalhos serão acelerados. 

"Falta somente um trecho de obra que cabe à prefeitura na João Paulo e estamos realocando os moradores em mais um quarteirão para permitir que a avenida seja prolongada por mais alguns metros, mas temos que fazer isso de forma ordenada, o que consome tempo. A outra extensão da avenida João Paulo é projeto do governo do Estado. Fizemos o binário da avenida Senador Lemos com a Pedro Álvares Cabral, as avenidas Marquês de Herval e Duque de Caxias para o trânsito fluir melhor. Sabemos que a obra do BRT gera incômodo, mas precisamos executá-la para melhorar o trânsito de nossa cidade. Vamos trabalhar em turno integral, dia e noite, para reduzir o tempo que é de 90 dias. Para isso, precisamos da paciência e apoio da população", solicita o prefeito.

O Bom Dia Pará recebeu diversas perguntas dos telespectadores sobre o BRT. Nesse quadro, Duciomar Costa esclareceu ainda que o sistema vai ocupar somente uma pista da avenida Almirante Barroso. Nas outras três passarão somente carros, e não mais ônibus, estes vão até as estações, e que as ciclovias serão mantidas. Além disso, falou que as obras do Entroncamento serão corrigidas. "Já assinamos termo de cooperação administrativa com o governo Federal nesta semana e as obras do Entroncamento, que eram de sua competência, podem ser administradas por nós. Das correções a serem feitas estão a retirada das passarelas que não são usadas".

Procurador afirma que projeto tem causado prejuízo à população

O procurador da República Bruno Valente, um dos responsáveis pela ação - além de Daniel Azeredo Avelino e Felício Pontes Jr. - também esteve no programa e reforçou que alguns transtornos foram causados à população com a obra. "Os problemas não precisavam ter sido nesse grau. Uma medida a ser tomada para diminuir o caos era a conclusão do prolongamento da avenida João Paulo II. Já contamos com ação anterior que aponta irregularidades no processo licitatório da obra, que embora seja ampla teve somente uma empresa concorrente. Além disso, não houve audiência pública e consulta à população sobre as obras. Por essas ilegalidades não poderiam ser aplicados recursos do governo Federal, mas uma liminar foi concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região à primeira ação depois que a presidente Dilma Roussef garantiu a obra no PAC II", explicou o procurador Valente.

O MPF defende que se determinada a paralisação das obras imediatamente, as vias interditadas seriam liberadas para o trânsito dando escape para o fluxo de veículos. Para o MPF, nenhuma rota alternativa foi criada para suportar o fluxo de veículos e reduzir os engarrafamentos enquanto as obras são executadas. "O embargo da obra não vai causar transtorno à população, porque a via seria liberada para o trânsito fluir. Reconhecemos a importância da obra, mas defendemos que o projeto siga seu fluxo normal e correto. Não questionamos o mérito do projeto, mas como foi feito", ressalta Bruno Valente, durante entrevista concedida no último dia 17.

MPE e MPF denunciam irregularidades no programa Saúde da Família

Por: Cleide Magalhães

O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado do Pará iniciaram processo judicial contra o município de Belém por irregularidades na Estratégia Saúde da Família (ESF), que compõe a atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), que recebeu do Ministério da Saúde, entre janeiro e setembro de 2011, mais de R$ 10 milhões em recursos do Sistema. Dentre as irregularidades identificadas há problemas de ordem formal, relativas aos instrumentos legais do SUS, e material, ligados à infraestrutura voltada para a execução dos serviços de saúde.

Os problemas identificados constam no relatório do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) - órgão integrante da estrutura da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde e componente federal do Sistema Nacional de Auditoria. O processo foi ajuizado no último dia 8, tramita na 5ª Vara da Justiça Federal em Belém (nº.: 0012 731-80.2012.4.013900) e requer que o município de Belém se manifeste previamente, em setenta e duas horas, sobre o pedido de liminar.

No parecer, o procurador da República e procurador regional dos Direitos do Cidadão, Alan Rogério Mansur Silva, e a 5ª promotora de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa, Suely Regina Aguiar Cruz, afirmam que a ação visa a prestação regular de serviços do programa aos usuários do SUS, uma vez que seu não cumprimento impactam ainda na atenção de média e alta complexidade. "As irregularidades na execução do Estratégia Saúde da Família, além de resultarem no mau atendimento e na baixa cobertura populacional pela atenção básica, proporcionalmente de baixo custo, refletem na superlotação das Unidades de Urgência e Emergência e da rede hospitalar, ou seja, impactam na atenção de média e alta complexidade, onerando indevidamente a prestação do serviço de saúde".

As improbidades apontadas pelo Denasus sobre a ESF em Belém envolvem a "a falta de infraestrutura adequada, além de insuficiência de espaço físico, ambientes insalubres para os funcionários e usuários, falta de equipamentos e materiais para os desenvolvimentos do programa instituídos pelo Ministério da Saúde, equipes incompletas, falta de medicamentos, não funcionamento de oito horas diárias pelas Unidades Saúde da Família e descumprimento de carga horária pelos profissionais de saúde".

O Denasus, de acordo com a Portaria GM/MS nº. 714, de 05/04/2010, apresenta ainda que foram credenciadas quatro equipes de Núcleos de Apoio à Saúde da Família, na Modalidade 1, para Belém, os quais constam no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde das Unidades Municipais de Saúde de Icoaraci, Tapanã, Guamá e Bengui II. Entretanto, embora nessa última unidade conste equipe cadastrada, os referidos núcleos nunca funcionaram ou/e nem foram localizados pela equipe da auditoria.

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que gerencia os recursos SUS na cidade e é responsável pela implementação da ESF, informa que elabora e finaliza um relatório que será enviado ao Ministério da Saúde informando todas as soluções encontradas pela Secretaria junto ao Programa Saúde da Família, que tratam dos problemas apontados em auditoria do Denasus.

Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 10/05/2012.

Começam obras na Via dos Mercadores

Por: Cleide Magalhães

REVITALIZAÇÃO

Ruas Santo Antônio e João Alfredo serão restauradas em um período de 6 meses

A Prefeitura de Belém começou na última semana a revitalização das ruas Santo Antônio e João Alfredo, entre a avenida Presidente Vargas e a travessa 1º de Março, parte do projeto Via dos Mercadores, de preservação do Centro Histórico de Belém, liberada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), após o embargo em dezembro de 2011.
O diretor geral da Secretaria Municipal de Economia, Luiz Carlos Silva, que gerencia a execução do projeto, explica que a finalidade é restaurar o centro histórico da cidade conforme as características originais. "A Santo Antônio e a João Alfredo fazem parte da origem do comércio de Belém", lembra. A primeira parte da obra envolve recursos de R$ 1,5 milhão, do Tesouro Municipal, e será concluída em seis meses. A liberação do Iphan foi condicionada à extensão da obra até a travessa Frutuoso Guimarães, envolvendo a Praça das Mercês. "Queremos chegar até a avenida Portugal, mas para isso ainda captamos recursos", disse o secretário.

As obras começaram pela rua Santo Antônio, na esquina com a avenida Presidente Vargas, área desocupada pelos ambulantes no segundo semestre do ano passado. À medida que foram avançando, mais 260 trabalhadores informais que ocupam a rua João Alfredo serão remanejados até o final deste mês, 150 deles para o Shopping Popular João Alfredo e os demais para outras áreas transversais.

Arquiteto da Fumbel, George Venturieri acompanha as obras e explica que a calçada será adaptada às leis de acessibilidade, com material de cerâmica vindo de fora do Estado, com alta resistência e qualidade, em mosaico e quatro cores distintas. "A iluminação dará destaques às fachadas, para valorizar os prédios antigos. O paralelepípedo, ao centro da rua Santo Antônio e da João Alfredo, será realinhado. A prefeitura vai fazer e ainda colocar os toldos nos prédios antigos e bancos, sem prejudicar a passagem das pessoas, e mobiliário urbano (lixeira e floreira) para tornar o local mais agradável", diz ele. A Fumbel é responsável pelo patrimônio histórico da cidade, conforme a Lei 7.709, de 1994, que atribui ao órgão a responsabilidade de orientar a forma arquitetônica de Belém.

URGÊNCIAS

Na opinião do vendedor autônomo, João Martins, 63 anos, existe outras situações mais urgentes a serem resolvidas nessas áreas. "Não tem necessidade de se quebrar a calçada, que só precisa de melhorias. O problema aqui é a chuva, porque quando ela cai enche tudo. Dessa forma, a prefeitura só joga dinheiro fora. Espero que pelo menos terminem a obra e não deixem a calçada quebrada".

Por outro lado, a auxiliar de contábeis, Fabíola Silva, observa que as melhorias atraem as vendas e turistas para o Centro Histórico de Belém. "Acho importante se alinhar a rua, porque é ruim para andar, a gente pode cair. Além disso, atrai as pessoas a visitarem nosso centro e nossa cidade".

Para ajudar na revitalização das fachadas, lojistas e empresários também foram conclamados a participarem do projeto. "As ações vão viabilizar também os negócios dos lojistas e empresários e com a obra Belém vai ser mais um ponto de atração e contribuir para melhorar a qualidade de vida da população", considera José Monteiro Filho, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico da Fumbel.

Antes e ser aprovado, o projeto passou por reformulação, seguindo orientação do Iphan, que em dezembro de 2011 o reprovou por não atender a alguns critérios. A cobertura da rua foi um dos elementos. "O projeto tinha uma série de indicações de alteração da rua, que envolviam desde a pavimentação até a cobertura de um trecho da rua Santo Antônio. O Iphan aplicou determinados critérios como assegurar a visibilidade dos bens tombados e a percepção que o usuário do Centro Histórico tem na área como patrimônio. A cobertura interferiria, na visibilidade do colégio Santo Antônio, que fica no final da rua", observa Dorotéia de Lima, superintendente do Iphan.  A partir da negativa, a orientação da gestão municipal foi a criação de uma equipe multidisciplinar, sob a coordenação da Fumbel, tendo ainda a participação da Sesan, Secon, Seurb e Semma.

TOMBAMENTO
Na quinta-feira, 10, o Ministério da Cultura (MinC) oficializou o tombamento do conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico dos bairros da Cidade Velha e Campina, no centro histórico de Belém, e a cidade passou a contar com um patrimônio de 2,8 mil edificações protegidas pelo governo federal.

A decisão, publicada no Diário Oficial da União, ratifica o tombamento aprovado em maio de 2011, em reunião realizada em Brasília (DF). Até então, o centro histórico da capital paraense possuía 23 bens, com 800 edificações, tombados pelo Iphan. O centro de Belém, cidade apresentada pelo MinC como de "grande importância no processo de conquista e colonização portuguesa no Norte do país", remonta ao século 17. Em 1616, os portugueses expulsaram, de forma definitiva, os franceses do Brasil. À época, Belém tinha a função estratégica de elemento de ligação entre o rio Amazonas e o mar, facilitando a posse da Amazônia.

No entanto, ainda existem hoje muitos casarões em mau estado de conservação e descaracterizados.  Mesmo que exista o Pacto das Cidades Históricas, acordo de preservação assinado entre o Governo do Estado, do Município e Iphan, as ações que ocorrem são isoladas e não conjuntas - o que reflete na implementação nem tanto eficaz de políticas públicas que realmente beneficiem o espaço e a sociedade. A partir do tombamento, ampliam as possibilidades de investimentos federais. "Há iniciativas, porém ainda são isoladas. Com o tombamento, a ideia é pensar o todo e realizar ação conjunta em questões como a infraestrutura, casarios de propriedade privada e a atividade econômica nessa área. Há programas que financiam esse tipo de projeto. Vamos buscar parcerias com o governo estadual e municipal e elaborar ações conjuntas", afirma Dorotéia.

O presidente da Fumbel, Carlos Amílcar, fala que os bairros tombados já recebem alguns projetos. "Muita coisa já foi feita como o Mercado de Peixe, Palacete Bolonha, Palacete Pinho, cobertura do Ver-0-Peso, revitalização de 49 fachadas nas avenidas Boulevard Castilho França, Portugal, Marquês de Pombal, Instituto Histórico Geográfico, Palácio Antônio Lemos e algumas mais virão. Tem sido feito parceria, mas acontece de forma lenta. Com o tombamento fica mais fácil conseguir recursos com o Ministério das Cidades e do Turismo. E já começamos através da solicitação da revitalização completa do Palácio Antônio Lemos. Para isso, está prevista a vinda de técnicos do ministério para avaliar o pedido", informa Amílcar.

A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) foi contactada, por meio de sua assessoria de imprensa, para comentar as ações que desenvolve em benefício do Centro Histórico de Belém e sobre o Pacto das Cidades Históricas, mas até o fechamento da edição não se pronunciou. 

Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 18/05/2012.

Belém não tem espaço para creches do PAC

Por: Cleide Magalhães

Belém possuiu déficit educacional nas creches, para faixa etária de 0 a 5 anos, de 64%. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), em 2011, a cidade contava com 120.021 crianças nessa faixa etária, das quais apenas 28.861 eram atendidas e 51.213 ainda precisavam ser absorvidas. Para isso, apontou o MEC, Belém precisava ter mais 237 Unidades de Educação Infantil (UEI). Na outra ponta, a cidade tem direito a 79 creches no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, do Governo Federal, mas a  Secretaria Municipal de Educação solicitou apenas 7. A previsão é que peças as outras 72 ao PAC até 2014. A justificativa é a falta de espaço urbano à construção dos espaços para acolher as crianças e melhorar a realidade das famílias.  

A problemática foi este mês debatida durante sessão especial solicitada pela vereadora Milene Lauande (PT), na Câmara Municipal de Belém. Embora a temática seja importante para ser discutida, além da vereadora, o único parlamentar presente do total de 35 vereadores, quase ao final da sessão, foi o vereador Marquinho (PT).  Estavam ainda representantes do Ministério Público do Estado, Defensoria Pública do Estado, Ordem dos Advogados do Brasil - Sessão Pará, Secretaria Municipal de Educação (Semec), Articulação das Mulheres Paraenses e Fórum das Mulheres da Amazônia Paraense. 

Segundo Milene Lauande, existe hoje em Belém triste cenário com crianças com menos de 5 anos que vivem ainda sem garantia da educação, uma das prioridades da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). "Isso preocupa pais e mães que precisam sair para trabalhar e não têm com quem deixar seus filhos. Atualmente, a política de creches não é apenas vinculada a uma política de assistência, mas também a um direito à educação, que tem abrangência universal e ampliada às famílias, assim promovendo um direito básico de crianças que começam seu desenvolvimento e maturação na vida social", afirma a vereadora. 

A diretora de Planejamento da Semec, Elvira Soares, informou que para atender esse público existem hoje 36 UEIs em Belém, 34 salas de aulas dentro de escolas ligadas às UEIs e 89 unidades conveniadas todas atendiam até o final do ano passado 17,41 mil crianças com investimentos de R$ 25 milhões. Até 2012, serão mais 12 novas unidades para atender mais 2 mil crianças, saltando para um total de 19,5 mil, com recursos de R$ 13,5 milhões. 

Elvira Soares explicou que, em princípio, somente 7 das 79 obras do PAC 2 foram solicitadas porque a Semec esbarra na falta de espaço à construção das creches na cidade. "Existe uma série de exigências para que haja o repasse do recurso federal. Uma delas é o tamanho do terreno que precisa ser de 50 metros por 60, e Belém vive hoje a especulação imobiliária, é muito caro comprar uma área desse tamanho para construir escolas ou desapropriar famílias.Nessa discussão é fundamental que o Plano Municipal de Educação seja aprovado, pois está nesta Casa desde o ano passado. Precisamos dele (plano) para atender e realizar nossas ações. Felizmente, dinheiro não é o problema. Esperamos contar com o apoio dos parlamentares e instituições aqui presentes", pede a diretora de Planejamento da Semec. 

Ao final, a vereadora Milene Lauande destacou que forças vão ser unidas para encontrar solução à educação infantil belenense. "Vamos juntar forças para melhorar esse cenário como resgatar o Plano Municipal de Educação e não perder mais tempo já que existe recursos do PAC para construir as escolas. Belém cresce, abre espaço à construção de grandes prédios, para a especulação imobiliária e não tem área para implementar a educação as nossas crianças? Vamos chamar os órgãos responsáveis para discutir o problema com a gente. Outra definição é que a Semec será chamada a participar do Plano Diretor, apresentar o diagnóstico apontando onde precisamos construir as creches, identificar as áreas e implementá-las", diz a parlamentar. 


Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 09/05/2012.

Plano pode ajudar no crescimento da Ilha do Marajó


Por: Cleide Magalhães

Desde que foi instituído, há seis anos, o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Marajó está engavetado na Casa Civil da Presidência da República, em Brasília (DF), e pode sair do papel este ano. "Desconhecíamos o plano, mas a partir de agora daremos continuidade a sua gestão e implementação dentro das possibilidades orçamentárias e executivas do Governo Federal, mas precisamos do envolvimento do município, estado, governo federal e sociedade civil, que precisa estabelecer com o governo, nas diferentes instâncias, um canal de reivindicações", disse Miguel Ivan Lacerda, diretor de Programa de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração, ontem à tarde durante reunião na sede da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em São Brás, no último mês.

A reunião teve ainda participação de Oswaldo Ferreira, coordenador geral de Plano de Desenvolvimento do Ministério da Integração, de 6 dos 16 prefeitos do arquipélago do Marajó e do superintendente da Sudam, Djalma Melo. A elaboração do Plano do Marajó teve o apoio da Sudam e sua execução cabe ao Governo Federal e Governo do Estado envolvendo ainda vários parceiros em ações que vão desde eletrificação rural à construção de fábricas de gelo para piscicultura. 

Na reunião, a energia foi o ponto principal de discussão, uma vez que a previsão do Governo Federal é levar energia da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, sudeste do Pará, por meio do linhão da Eletronorte para os 16 municípios da ilha do Marajó, que conta com 500 mil habitantes, até o final deste ano, entretanto, apenas as sedes (e não a zona rural) de Portel e Breves recebem o produto. Outros 14 ainda contam com energia termoelétrica, aquelas em que os geradores são acionados por energia térmica.

"É uma contradição que nosso povo não tenha energia, já que nossa região produz energia até para fora do Estado. No município de Chaves 75% da população reside na zona rural e para conservar os alimentos é preciso salgá-los. Se não fizer de forma correta, pode prejudicar a saúde da pessoa. Sem energia o progresso não chega ou custa muito a chegar. Queremos tirar o plano de gerência da Casa Civil da Presidência da República, trazer para a Sudam e fazer pressão política para que saia do papel. Vamos fazer uma linha de atuação para solicitar o apoio dos nossos representantes federais para pressionarmos o Governo Federal a cumprir e tirar o Marajó do atraso", ressaltou Bejamin Neto, prefeito de Chaves (PT) e tesoureiro da Associação dos Municípios do Marajó (Amam). 

Segundo Miguel Ivan Lacerda, o ministério trabalha com metas estabelecidas e será dada continuidade à transmissão do linhão da Eletronorte aos municípios. "Vamos ajudar e articular ações em diferentes instâncias. Olhamos os projetos, veremos os prioritários e informamos que existe possibilidade de incluir os que têm relação com Plano Brasil sem Miséria no orçamento e recursos previstos para este", afirmou. 

Brasil sem Miséria

O Plano Brasil sem Miséria é uma estratégia do Governo Federal para reduzir a miséria do país, resultado também da má distribuição de renda no Brasil, que conta com 16,2 milhões de famílias na situação de extrema pobreza, das quais 1,4 milhão no Pará. São pessoas que vivem abaixo do corte de renda, que é de R$ 70,00 por pessoa, levando em consideração os dados do Plano Brasil sem Miséria.

O plano é estruturado nos eixos de aumento da renda, que significa ampliar os recebedores de transferência de renda do governo federal; acesso a serviços à população, que vão desde escolas técnicas melhoradas, programas de saúde e educação; e inclusão produtiva, que é oportunidade para que as famílias se insiram no mercado e tenham trabalho e renda.

Nesse contexto, a Amazônia está inserida já que parte dessa realidade está relacionada ainda ao baixo desenvolvimento regional. "O Norte, Centro-Oeste e Nordeste serão os mais beneficiados no Plano Brasil sem Miséria e onde temos muito a fazer, a partir dessa política. Para isso já temos ações na Amazônia como aumento do Bolsa Família, escolas técnicas em faixa de fronteira sendo ampliadas e programa para gestantes", listou o representante do Governo Federal. 


Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 05/05/2012.

UFPA negocia cooperação internacional com 35 universidades dos EUA


Por Cleide Magalhães

A Universidade Federal do Pará (UFPA) tem a possibilidade de realizar cooperação internacional com mais 35 universidades americanas, as quais assinaram este ano nos Estados Unidos, convênio com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio Programa Ciências Sem Fronteiras, do Governo Federal. A iniciativa prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio entre alunos brasileiros de graduação e pós-graduação. Até agosto deste ano, 40 estudantes da UFPA vão vivenciar a experiência. A assinatura do convênio foi resultado da visita que a presidente Dilma Rousseff fez, em abril deste ano, ao país norte-americano em missão de expandir as relações do governo brasileiro.

A presidente estava acompanhada do reitor da UFPA, Carlos Maneschy, o qual fez parte de uma comitiva que contava ainda com a presença de representantes das Universidades Federais de Santa Catarina, Ouro Preto, Goiás e do Ceará. Delegações das agências de fomento e institutos de pesquisa também integraram a comitiva, que discutira possibilidades de interação nas áreas de Ciência, Tecnologia, Educação e Negócios com o país anfitrião.

Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. 

Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior. Segundo o reitor Carlos Maneschy, por meio do edital do Programa Ciência sem Fronteiras, hoje seis alunos de graduação da UFPA já realizam o intercâmbio. A partir de agosto deste ano, serão mais 34. A maior parte deles acontece nos Estados Unidos, em especial nas áreas de biologia, socioeconômica e engenharia.

"Não temos quantidade exata de alunos para intercâmbio. A meta é fazer com que a cooperação internacional seja presente e permanente na UFPA. Nossas ações não implicam em recursos da UFPA, pois se tratam também de apoio de fontes parceiras como o Santander e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Queremos aproveitar o holofote que o mundo coloca sobre a Amazônia para beneficiar nossa comunidade e o foco maior é o aluno de graduação. Que a cooperação internacional seja um elemento presente e estimulador na vida dos estudantes, porque a experiência acumulada pode ser aplicada como um elemento transformador e ser incorporada nos nossos processos pedagógicos e de ensino", ressalta o reitor.

Nos últimos cinco anos, a UFPA tem ampliado seus resultados em termos de oferta de vagas. De 2011 a 2012, foram abertas 2,5 mil novas em curso de graduação. Hoje são 29 programas de curso de doutorado. Há dois anos eram 18 - um acréscimo de quase 40%. Por meio das outras parcerias, a universidade tem mais de 100 alunos com experiência de cooperação internacional em 2011. "Foi um salto em termos histórico na UFPA, porque muitas relações internacionais que foram feitas aqui estavam  isoladas e restritas a relações de pesquisadores". 

Para saber mais sobre as possibilidades de relações de cooperação internacional, acesse o site www.portal.ufpa.br, entre no link "Pró-Reitorias", e clique em Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e Pró-Reitoria de Relações Internacionais (Prointer).

Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 20/04/2012.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Isenção da alíquota do ISS prejudica a população de Vitória do Xingu

Em EI
Em discurso público realizado no último dia 29, no plenário da Câmara Federal, o deputado petista Zé Geraldo revelou a indignação da população do município de Vitória do Xingu contra a atitude do prefeito Erivando Oliveira Amaral em conceder redução de 60% sobre valor do Imposto Sobre Serviço (ISS) devido pelas empresas instaladas na cidade e que têm atividades ligadas às construtoras de Belo Monte. “Numa só canetada o gestor municipal priva, na calada da noite, a população do município de um recurso no aporte de 60% do ISS para a região, uma vez que o projeto foi aprovado na Câmara Municipal”, declarou.

Zé Geraldo esclareceu que de 2012 a 2016, a alíquota do ISS terá redução de 60%. De 2017 a 2021, os valores do tributo terão redução de 40%. “Este calote é prejudicial às políticas públicas e tira os recursos do tesouro municipal para beneficiar empresas com incentivos fiscais. A redução na alíquota do ISS para as empresas construtoras de Belo Monte ou é ingenuidade do prefeito ou ele quer tirar proveitos com vista ao financiamento da campanha municipal”, questionou o parlamentar.

Para ele, a adoção de medidas de redução ou isenção fiscal só se justifica em casos em que o município, o estado ou o país queiram incentivar a vinda de empresas de fora com vista ao incremento da economia local a partir da geração de empregos e circulação de dinheiro e mercadoria e serviços na região. “O que não é o Caso de Vitória do Xingu. As empresas já estão instaladas no município e tem a obrigação de executar os serviços locais, afinal a barragem está sendo construída na cidade de Vitoria do Xingu. Então, se não é muita ingenuidade, qual seria a outra intenção do prefeito?”, questionou.

Zé Geraldo disse que o prefeito atual demonstra que não está preparado para a gestão municipal. “Tudo indica que está sendo cooptado, influenciado por empresas e políticos de fora, por lobistas e se deixando se envolver em negociatas como esta. Isso nos leva pensar em duas linhas: primeira, o gestor é muito ingênuo e não vê que não há necessidade de redução do ISS para as empresas se estabelecerem no município; segunda, o gestor é pessimamente intencionado e quer tirar proveitos com vista ao financiamento de campanha” enfatizou.

No discurso, o deputado disse que ninguém da região entende o ato do prefeito municipal. “Por que conceder incentivos fiscais para empresas que já estão no município? Qualquer gestor em sã consciência faria justamente o contrário. Procuraria o máximo de recursos para mitigar e minimizar os impactos inevitáveis de um mega projeto como é Belo Monte, uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O prefeito Erivando Oliveira Amaral generosamente presenteia os construtores com este fantástico benefício fiscal. A conduta do prefeito está na contramão das políticas públicas”.

CALADA DA NOITE

O deputado frisou em seu discurso, que o prefeito de Vitória do Xingu, durante o período de recesso de janeiro de 2012, mandou um projeto de lei para a Câmara de Vereadores, que vem agora a público, fazendo uma redução no ISS para exatamente beneficiar as empresas. “É inadmissível e num mínimo suspeito. Não sabemos ainda o tamanho do prejuízo no tesouro municipal. Mas será de milhões. Dinheiro que daria para asfaltar pelo menos parte da rede dos mais de 1000 km de estradas vicinais existentes no município. Dados públicos mostram que só com a arrecadação de ISS de um ano seria possível asfaltar toda a cidade de 13 mil habitantes, mas em Vitória do Xingu os recursos estão indo para o ralo”, alertou.
Segundo o parlamentar, o esquema de compra de voto na Câmara Municipal de Vitória do Xingu para aprovar o projeto de lei foi a entrega de cheques no valor de cinco mil reais, cuja atitude foi repudiada por diversos vereadores. “A denúncia foi encaminhada e acolhida pelo Ministério Público Federal (MPF)”, esclareceu o deputado.

RESGATE HISTÓRICO

Zé Geraldo declarou que desde o início da gestão do ex-presidente Lula é que a região da Transamazônica começou a ser olhada e a receber investimentos do PAC. “Mesmo com todos os desafios do asfaltamento da Transamazônica e da Santarém-Cuiabá, com o inverno amazônico, já ocorreram avanços, além da implantação dos programas Minha Casa Minha Vida, do Programa Luz Para Todos e do Programa Bolsa Família. Programas e investimentos estes que vem beneficiando todos os municípios desta região . É o resgate de um compromisso social, histórico e político com milhares de famílias que vieram para a região e ficaram abandonados por mais 30 anos sem recursos dos governos municipal, estadual ou federal. Por que isentar o ISS em 60% da arrecadação municipal, se neste momento uma grande luta é para que os recursos dos royalties, inclusive os do Pré-Sal, beneficiem os municípios brasileiros?”, finalizou.

Deputado federal Zé Geraldo: 61. 99.94. 9476 - celular fica na área em Brasília -61. 3215.3266 - Gabinete
Kid Reis - Jornalista – free-lancer - Mtb. 15.633 – SP-SP

terça-feira, 13 de março de 2012

Livro sobre nova arquitetura da Tecnologia da Informação é lançado em Belém

Texto: Cleide Magalhães

Será lançado em Belém o livro “Cloud Computing: Nova arquitetura da TI”, de autoria de Manoel Veras na segunda, dia 19 de março, às 19h, na livraria Saraiva Boulevard, no Boulevard Shopping, no Reduto. Além do lançamento do livro, Manoel Veras ministra dois cursos sobre as Melhores Práticas em TI, de 19 a 22 de março, no Crowne Plaza Belém.

“Cloud Computing: Nova arquitetura da TI” é divido em 10 capítulos e possui 240 páginas. É a última de uma série mais recomendada no mundo para quem trabalha com Tecnologia da Informação (TI). As outras grandes obras de Veras são um livro sobre datacenter e outro que trata de virtualização.

Sua recente obra traz como foco todo e qualquer círculo de TI. Trata da arquitetura de cloud computing e são abordados aspectos e conceitos importantes que contribuem para a formação de profissionais na área de Tecnologia da Informação, com ênfase nesta nova arquitetura. A estratégia adotada para abordar um assunto ainda tão novo foi partir do genérico, associando a arquitetura empresarial à arquitetura de cloud computing, apontando os benefícios e os riscos e orientando a tomada de decisão no uso desta nova arquitetura.

Em seguida, trata do que se considera específico, esclarecendo questões puramente técnicas relacionadas à arquitetura tecnológica, à infraestrutura e à modalidade de serviços. Diversos exemplos utilizados reforçam os conceitos. Por fim, são abordados o modelo da Microsoft, Azure, Amazon e o Amazon AWS, que são apresentados, classificados e mostrados com detalhes.

Cloud computing é um termo em inglês que conceitua a computação em nuvem e refere-se à utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet, seguindo o princípio da computação em grade.

Curso – Além do lançamento do livro, Manoel Veras ministra, de 19 a 22 de março, no hotel Crowne Plaza Belém, em Nazaré, dois cursos sobre as Melhores Práticas em TI. De 19 a 20, será Governança da TI e, nos dias 21 e 22, Gestão de Serviços de TI. As inscrições estão abertas: www.melhorespraticasemti.com.br

Currículo - Manoel Vera é professor e especialista em Datacenter. Doutor em Administração com ênfase em Tecnologia da Informação pela Universidade de São Paulo (USP). Sua graduação foi em Engenharia Elétrica, na UFRN, e o mestrado em Engenharia Eletrônica, na Unicamp. Além de possuir as principais certificações do mercado de TI, Manoel Veras também é autor de dois livros: Data Center e Virtualização.

Contatos:

Manoel Veras

manoel@manoelveras.com.br

(84) 9926 9002.

Helder Aranha

helderaranha@yahoo.com.br

(91) 8249 8687/9139 9556.

Internet aquece o mercado

Por: Cleide Magalhães

Reportagem especial – jornal Amazônia – 11/03/2012

Compras pela rede crescem no país e impulsionam a criação de negócios específicos para o comércio na web

Hoje é quase impossível imaginar o mundo sem a internet. Apesar de relativamente recente, a rede mundial está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, alterando a forma como elas se relacionam, fazem negócios, compras e até conseguem um novo namorado. Há aproximadamente duas décadas a internet conquistou espaço no mundo corporativo e há pelo menos 15 passou a fazer parte dos negócios também em empresas brasileiras.

De acordo com dados da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), ent

re 15 de novembro e 24 de dezembro de 2011 foram movimentados R$ 2,2 bilhões em vendas de bens de consumo no país. O valor representa acréscimo de 40% em relação ao mesmo período de 2009. Já o faturamento chegou a R$ 1,6 bilhões. Na Europa, mais de 80% da população adulta têm acesso a internet banda larga em casa e um terço já faz compras online regularmente.

Há quase quatro anos, a internet é considerada uma importante ferramenta de informação e ajuda a desenvolver e divulgar pequenos negócios, como o de Vivian Viana Huhn, 32 anos. "Criamos um blog, facebook, twitter e outras ferramentas. Além disso, fazemos parte de um site de compras coletivas. Tudo isso serve de vitrine para acelerar a venda dos nossos produtos de confecção - roupas e sapatos -, que entregamos a empresas e pessoas físicas em todo o mundo".

Todos os meses a internet é responsável por 80% do faturamento obtido por Vivian. Em dezembro do ano passado, foram vendidas três mil peças."Contamos ainda com todos

os equipamentos de informática, instalamos programas avançados para ajudar na atividade e a cada ano trocamos o computador para acompanhar o avanço tecnológico e garantir melhor serviço aos clientes. O comércio na internet é o futuro, logo as lojas terão seus espaços físicos somente para manter a marca e a internet fará toda a diferença na empresa", afirma a empresária.

Além do auxílio nas vendas, a internet pode ajudar na redução de despesas e a garantir mais agilidade para os negócios. Segundo Helder Aranha, mestre em Administração pela Universidade Federal do Pará, o principal atrativo da net em todo o mundo é o fato de a web ser um território aberto. "Na internet, não há barreiras para o contato, limites para a comunicação. É possível falar com um grande número de pessoas, em qualquer lugar ou horário. Além disso, existe a colaboração e personalização, que permite oferecer produtos especiais, de acordo com o gosto ou necessidade de cada um. Sites como o facebook e twitter, por exemplo, ajudam a conhecer os consumidores e a despertar novos produtos para agradá-los. Uma marca conhecida, de prestígio, pode perfeitamente ir para a internet porque terá seguidores, além disso outras terão a oportunidade de conhecê-la", explica Helder.

Estratégias para alavancar os negócios pela web

- Disponibilizar informações sobre a empresa;

- Fazer um pequeno anúncio, como numa revista ou jornal;

- Automaticamente, distribuir dados, palestras, discursos, cartas da empresa e muito mais, via e-mail - instantâneo;

- Promover produtos e serviços para o mundo;

- Mostrar novidades e lançamentos;

- Atrair novos clientes;

- Prover comunicação com prováveis e já existentes clientes, via e-mail, formulário eletrônico, blogs e redes de relacionamento;

- Responder às perguntas mais frequentes;

- Permitir que aos clientes preencher os formulários eletrônicos contendo ordens de compras dos produtos;

- Receber relatórios contendo informações e estatísticas sobre a origem das visitas e em que os visitantes estão mais interessados;

- Abrir novos mercados, impossíveis de serem atingidos sem grandes despesas com propaganda.

Fonte: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae).

Troca de conteúdo incomoda indústria, mas satisfaz usuários

Outra característica que explica o fenômeno da web é a possibilidade de trocar conteúdos - tais como músicas, filmes, softwares e livros -, antes restritos ou até inacessíveis. Nos últimos 10 anos, esta nova maneira de consumir produtos modificou também a maneira como a cultura passa a ser acessada. Locadoras de vídeo, e em seguida de DVD, praticamente deixaram de existir, as indústrias fonográfica e cinematográfica também perderam espaço diante da mudança. Sobrevive quem se adéqua as novas regras. Empresas de software hoje disponibilizam os programas pela rede e oscilam entre versões gratuitas e outras até 1/5 abaixo do valor.

Preços mais baixos, qualidade, segurança e comodidade são alguns dos atrativos para aqueles que optam pelos cliques no computador na hora de fazer uma compra. Entretanto, é importante atentar para o excesso de facilidades e redobrar o cuidado na hora de buscar serviços pela web. "Muitas pessoas caem em fraudes porque vem determinada marca conhecida na mídia em determinado site. Para quem não tem experiência, usar a web pode trazer problemas porque muitos detalhes induzem ao erro. É melhor não comprar por impulso e pesquisar antes de confiar em um site só porque tem uma determinada marca. A internet é uma grande vitrine de produtos, mundial até, por isso exige cuidado", orienta Helder.

Entretanto, para os empresários que apostam no comércio eletrônico não há somente motivos para comemorar. Uma das maiores dificuldades enfrentadas no Brasil ainda é as poucas opções na hora de contratar um serviço de banda larga. "Além da criação das estampas, meu papel na empresa é vender pela internet e faço isso em casa onde tenho duas conexões, mas quando chove cai muito, fica fora do ar. Mesmo que, teoricamente, eu tenha 5 megabytes de velocidade, na verdade, funciona 1 megabyte, no máximo. Isso atrapalha o negócio quando, por exemplo, tenho que enviar fotografias em alta resolução do produto para o cliente", reclama a pequena empresária.

Dados recentes da pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral - que é um centro de desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos - sobre Carências de Infraestrutura no Brasil mostra que a largura de banda larga no Brasil é citada por 54% dos entrevistados como assunto a ser resolvido com urgência e com 3,46 pontos é o fator mais citado em um ranking elaborado pelo estudo.

Governo quer tornar acessível o serviço de banda larga até 2014

No Brasil, ainda não existe uma regulamentação que indique qual é a velocidade mínima para uma conexão ser considerada de banda larga, mas essa questão será tratada no Plano Nacional de Banda Larga, sob a responsabilidade da Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), que dará o acesso à internet a pequenos provedores locais. O plano é uma iniciativa do governo brasileiro que objetiva massificar a oferta da internet mais rápida até 2014. A União Internacional de Telecomunicações define como banda larga a capacidade de transmissão superior a 1.5 ou 2 megabytes por segundo.

Segundo Téo Pires, presidente da Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará (Prodepa), que promove ações de tecnologia da informação e comunicação com foco principal para o governo do Estado, o Pará está inserido no Plano Nacional de Banda Larga e o serviço deverá chegar, já em 2012, ao Estado com valores mais acessíveis. A Prodepa conta com R$ 7 milhões para investir em tecnologia este ano e tem hoje um ponto fundamental para nortear seus trabalhos: o acesso público à internet, feito por meio do programa Navega Pará. O programa já conta com 184 infocentros e 127 pontos de acesso livre e pontual em espaços públicos. Atende 55 municípios e a meta é ampliar para 104 até 2015. Hoje, o Estado tem contrato com um provedor que permite até 770 megabytes de acesso à internet. Cada espaço público tem 300 kilobytes dedicados ao acesso.

Impasse na saúde vai parar em Brasília

Por: Cleide Magalhães

Texto publicado como manchete do jornal O Liberal – 13/03/2012

Continua o impasse entre o Governo do Estado e Prefeitura de Belém sobre as dívidas na área da saúde. Para resolver o problema será necessária intervenção do Governo Federal. O procurador regional dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF), Alan Rogério Mansur Silva, decidiu ontem que vai encaminhar o caso ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) - órgão integrante da estrutura da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde e componente federal do Sistema Nacional de Auditoria.

A determinação aconteceu porque em mais uma reunião com os secretários de saúde do Estado, Helio Franco, e da capital, Sylvia Santos, o MPF tentou com que chegassem a um acordo, mas não houve consenso no encontro de contas em relação aos recursos para a manutenção de serviços em média e alta complexidade, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011. A reunião aconteceu na manhã de ontem na sede do MPF, no Umarizal, na qual esteve presente também a promotora de Justiça Suely Aguiar Cruz, integrante da Promotoria de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público da capital. Representou a Advocacia-Geral da União (AGU) o procurador-chefe da União no Estado do Pará, Leonardo Sirotheau.

"É com pesar que o MPF recebe a notícia de que não houve um entendimento entre as secretarias, porque um acordo administrativo é uma solução que evitaria a abertura de novos processos judiciais. O MPF vai tomar todas as providências para cobrar a regularização dos débitos entre as secretarias e qualquer que seja o andamento das negociações sobre as dívidas entre Estado e município, o MPF não vai permitir que esse tema motive a suspensão do atendimento à saúde dos cidadãos. Vamos pedir ao Denasus uma resposta mais rápida possível, mas sabemos que, mesmo se feita com urgência pelo Ministério da Saúde, é uma análise que pode demorar meses para ser concluída", avalia o procurador dos Direitos do Cidadão do MPF.

Números

Segundo a promotora de Justiça Suely Aguiar Cruz, um grupo técnico com profissionais de ambas as secretarias foi formado e, nos últimos 30 dias, discutiram sobre as dívidas. Ao final, apuraram que a Sesma deve R$ 35.201.689,46 para a Sespa e esta deve R$ 43.446.113,00 para a Sesma na área da saúde em serviços que envolvem a média e alta complexidade, no entanto, não chegaram a um acordo. "Embora o estudo tenha sido feito por uma comissão interinstitucional, formada por técnicos das duas secretarias, a Sespa não reconhece R$ 27,7 milhões dos R$ 43,4 milhões apresentados. Por outro lado, a Sesma diz que pagou o valor para a Sespa, mas esta prestou somente 54% dos serviços pagos e quer o restante de volta. Apoiamos a iniciativa no MPF e vamos acompanhar a situação para que a população não seja prejudicada", afirma a promotora de Justiça.

Em nota, a assessoria de imprensa da Sesma informou que "a Sespa possui um débito com o município no valor de R$ 8,2 milhões, e que não obteve resposta positiva sobre o pagamento deste débito". Falou também que levará o caso até o Ministério da Saúde para que haja uma solução. "Enquanto isso, a Sesma paga o valor de R$ 3,8 milhões, tirando de seu tesouro municipal, serviços de cardiologista e anestesista para pacientes dos 143 municípios do Pará que chegam em Belém para atendimento".
Sespa

Na outra ponta, a assessoria de imprensa da Sespa afirma que não reconhece R$27,7 milhões dos R$ 43,4 milhões apresentados porque estaria incluído no montante o saldo do Protocolo de Compromisso entre Entes Públicos (PECP), "pelo qual recursos de média e alta complexidade do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), Laboratório Central do Estado (Lacen) e Unidades Especializadas (Ures) passaram a vir diretamente do Fundo Nacional de Saúde (FNS) para o Fundo Estadual da Saúde (FES) - totalizando R$ 11.500.657,37".

Estariam também incluídos aí, diz a assessoria, o saldo do PECP do Hospital Ophir Loyola (HOL) no valor de R$ 1.380.845,90; o saldo de extrapolamento de Programação Pactuada Integrada (PPI) de 2010 no valor R$ 11. 393.490,33; e os pagamentos feitos à Cooperativa dos Anestesiologistas de R$ 2.806.395,80 e à Cooperativa de Cardiologistas, R$ 632.585,78.

No que se refere ao PECP, a Sespa alega que as instituições estaduais estariam alcançando apenas 54% do teto, gerando uma sobra de recursos que fica no âmbito do Estado, enquanto o município de Belém fica sem recursos de média e alta complexidade para contratar serviços de outras instituições para sua população. "Sendo esse ponto o mais polêmico porque há interpretações diferentes do PECP no que diz respeito à apuração de valores pactuados, entendendo o Estado que deve ser considerado o valor da produção apresentada, enquanto o Município de Belém entende que deve ser considerado o valor da produção aprovada".

Segundo ainda esclarecimento da assessoria, o secretário Helio Franco, e a coordenadora de Planejamento da Sespa, Maridalva Pantoja, "entendem que a Sesma continua incluindo no cálculo pagamentos que não são de responsabilidade da Sespa, como é o caso do valor complementar à tabela do SUS que é pago às cooperativas médicas".

Por outro lado, os representantes da Sesma teriam alegado que o município de Belém está pagando a diferença de tabela para pacientes de outros municípios. Helio Franco, então propôs que essa questão seja levada à Comissão Intergestores Bipartite (CIB), cuja reunião está agendada para amanhã, 14, no auditório do HC.

Por fim, a Sespa afirma que "a Secretaria Municipal não contesta nenhum dos valores da dívida apresentada pela Sespa referentes a repasses antigos não realizados para o HC, HOL, HRAS, Lacen, Ures, Centros de Atenção Psicossocial, Unidade da Pedreira e Fundação Hemopa. Mas cobra R$ 14 milhões referentes ao cofinaciamento dos Prontos Socorros Municipais acertado com o governo do Estado".

Matérias polêmicas estão em discussão na CMB

Publicada em O Liberal e Amazônia

Por: Cleide Magalhães

Mais de 100 instituições públicas e privadas e organizações não-governamentais devem receber ofícios encaminhados pela Comissão de Obras e Urbanismo da Câmara Municipal de Belém convidando para que façam parte de um grupo técnico que está sendo formado para melhorar dois projetos polêmicos elaborados pelo Poder Executivo que ainda não constam no Plano Diretor Urbano (PDU): a Outorga Onerosa do Direito de Construir, também conhecida como "solo criado", e os Impactos de Vizinhança da cidade. A primeira conversa do grupo acontece na segunda, 19 de março, na CMB, no Marco, às 15h. Depois de a equipe fundamentar os projetos, vão ocorrer audiências públicas territoriais e somente depois serão votados na CMB, n

os próximos 90 dias.

Ambos os projetos estão na Casa há quase um ano. O primeiro refere-se à concessão emitida pelo Município para que o proprietário de um imóvel edifique acima do limite estabelecido pelo coeficiente de aproveitamento básico, mediante contrapartida financeira a ser prestada pelo beneficiário. O outro está relacionado à pertinência e delimitação de sua abrangência em face de outros estudos ambientais. Todos são instrumentos qu

e precisam ser regulamentados para fazerem parte do PDU, aprovado há quase quatro anos.

A definição em criar o grupo técnico aconteceu depois da realização de dois debates ocorridos na CMB nesta semana em que estiveram presentes dezenas de pessoas entre parlamentares, representantes da sociedade civil organizada e instituições públicas e privadas em Belém.

Durante as discussões, o promotor de justiça Raimundo Moraes, do Ministério Público do

Pará, sugeriu que o projeto seja aprimorado por meio de revisão técnica, feita por um grupo técnico de outras organizações e membros da Câmara. "Com um pouco mais de esforço os estudos ficam melhor no que diz respeito a diversos pontos como a revisão dos procedimentos, como ele será analisado, quais órgãos que vão atuar e analisar, as sanções aplicadas, fiscalização dos processos, compensações, indenizações, entre outros. Todos esses pontos podem ser melhorados em algumas rodadas técnicas e depois serem realizados debates com a sociedade para garantir qualidade política à decisão. Entendemos que o tempo em que está parado não pode ser computado como tempo de tramitação. Eles têm que ser aprovados quando estiverem bons, para não criar mais problemas e despesas. Com isso, os projetos podem ser aprovados com qualidade", orienta o promotor.

Segundo o pastor Raul Batista (PRB), presidente da Comissão de Obras e Urbanismo da CMB, que chamou a discussão na Câmara, explica que as reuniões do grupo técnico formado e a realização das audiências públicas para discutir as questões devem levar pelo menos três meses. Em seguida, a Comissão de Obras e Urbanismo da CMB dará parecer final para a votação na CMB dos projetos de Outorga Onerosa do Direito de Construir e Impacto de Vizinhança na Casa. "Temos que tratar o assunto de forma técnica para que ele saia do papel, porque se ficarmos somente no debate político vai atrasar ainda mais e isso prejudica o desenvolvimento da nossa cidade. O Ministério Público do Estado e a Procuradoria Federal também vão acompanhar as atividades e a Comissão de Obras e Urbanismo da CMB atua como facilitadora das discussões", afirma pastor Raul Batista.

Arborização - Mais um instrumento previsto no PDU foi aprovado ontem na CMB. Trata-se do Plano Municipal de Arborização, que faz parte do Sistema de Áreas Verdes da Cidade. O plano apresenta diretrizes não somente para a manutenção da arborização existente, mas critérios de expansão e manejo a respeito na área urbana de Belém, atendendo ainda Icoaraci, Outeiro e Mosqueiro. O documento foi elaborado ao longo de dois anos por 11 membros de instituições não governamentais, públicas e privadas.

PDU - O PDU serve de instrumento básico da política de desenvolvimento do município. Sua principal finalidade é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbano e rural na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Academias ao ar livre são alvos de vândalos em Belém

Por: Cleide Magalhães

Reportagem Especial – Jornal Amazônia – 26/02/2012

Grupos não deixam para trás nem as mesas de jogos feitas de concreto

Há mais de dois anos, Belém conta com cinco academias ao ar livre. Cada uma possui em média 24 equipamentos, que servem para alongar, fortalecer e desenvolver a musculatura, além de trabalhar a capacidade aeróbica dos praticantes. A iniciativa, que exigiu investimento de R$ 125 mil para a compra de aparelhos, foi bem recebida pela população e atrai pelo menos mil pessoas todos os dias. O projeto sem dúvida é uma alternativa para aquelas pessoas que querem se exercitar, mas não tem dinheiro ou não gostam de frequentar as academias convencionais e pode beneficiar diretamente a saúde da população; no entanto, a falta de consciência de alguns faz com que muitos aparelhos sejam destruídos.

Nas quatro academias da cidade - a quinta fica no distrito de Mosqueiro - faltam pelo menos sete peças e seis equipamentos precisaram ser retirados. Neles é possível enxergar sinais da ação de vândalos, que depredam e roubam pedaços dos equipamentos. Também é possível observar destruição nas mesas de jogos, feitas em concreto, mas incapazes de resistir à ação dos criminosos.

Os espaços são utilizados por pessoas de todas as idades e a procura é tamanha que os usuários são obrigados, às vezes, a aguardar um bom tempo próximo dos aparelhos, esperando sua vez, para praticar os exercícios nas academias que ficam nos bairros do Marco, Telégrafo e Pedreira. Ao conversar com pessoas que as frequentam os lugares, é comum ouvir relatos indignados de que a ação de vândalos resultou na retirada parcial e até completa do equipamento, além da falta de peças pequenas como um simples pedal, o que impossibilita a utilização do aparelho na avenida João Paulo II, entre as travessas Lomas Valentinas e Barão do Triunfo, no Marco.

A academia que está localizada na avenida Marquês de Herval - que fica dentro de uma área com 2.900 metros de extensão na Pedreira e contou com investimento do Tesouro Municipal estimado em R$ 6,8 milhões - é um dos poucos lugares de Belém que faz parte do cotidiano do aposentado Antônio Gonçalo, 72 anos. Desde inaugurada, em abril de 2011, Antônio diz que costuma caminhar todos os dias por ali, e faz um percurso de mais de dois quarteirões para chegar ao lugar. Insatisfeito com as condições físicas do local, ele denuncia irregularidades que o incomodam e entristecem.

"Venho aqui todos os dias, pela manhã e à tarde também, e vejo que há alguns meses falta uma roda para exercício em um equipamento e o apoio para braço em outro. O que mais me angustia é que nesse espaço tão bonito a academia soma-se as outras iniciativas que também sofreram ação de vândalos como as mesas de jogo de dama; eram quatro e agora tem só uma. Não consigo entender como é que uma pessoa tem tempo para retirar daqui as mesas que são feitas de concreto. A falta dos equipamentos me deixa muito triste, mas o pior é a ausência das mesas de jogos, porque eu vinha de casa sabendo que podia fazer meus exercícios e depois ainda me reunir com colegas para jogar dama, dominó e baralho. A falta de coletividade destrói o pouco que criam na cidade", lamenta o aposentado.

Para usuários, responsáveis por vandalismo não temem punição

O ato de vandalismo consta no Código Penal Brasileiro, artigo 163, e determina pena de um a seis meses de reclusão em casos mais graves e aplicação de multa em crimes mais brandos. No entanto, quem comete este tipo de depredação tem certeza da ineficácia da lei e não teme qualquer punição.

Não é somente a ação de gangues e a destruição dos equipamentos que prejudica o funcionamento das academias ao ar livre. A falta de manutenção e a dificuldade em obter as peças danificadas ou arrancadas também põem em risco a continuidade do trabalho. Nesta época, quando a cidade enfrenta chuvas todos os dias, o cuidado com os aparelhos é intensificado, mas ainda ficam aquém da necessidade, já que os aparelhos expostos enferrujam com maior velocidade.

O primeiro "Espaço Saúde" a ser entregue fica na avenida Romulo Maiorana, entre as travessa Perebebuí e Lomas Valentinas, no Marco, há mais de dois anos. A partir daí, o lugar passou a integrar a rotina do estudante Fábio Costa, de 22 anos, morador do bairro do Souza. "Venho pra cá quase todos os dias, considero o equipamento paralelo, que serve para ganhar massa muscular, como meu ‘xodó’, pois preciso sempre utilizá-lo. Desde a semana passada, vejo que as porcas (dispositivo de fixação) estão sumindo; das seis há apenas três segurando o equipamento. Isso é ruim porque ele fica penso e em vez de ajudar na saúde piora porque prejudica a coluna. Além disso, falta a barra para exercício físico - o que serve de complemento à atividade da paralela. O "sky" (equipamento usado para exercitar a perna e braço) precisa ser alinhado, outros não têm borracha para segurar e evitar machucar as mãos. Acredito que tudo é levado à noite, porque é geralmente nesse horário que os vândalos agem", afirma o atleta.

O aposentado Joaz Costa, 71 anos, considera que a prática da atividade física na terceira idade pode auxiliar na redução das complicações de doenças crônicas, bem como contribuir para a diminuição no consumo de medicamentos. Por isso, ele frequenta a academia que fica na avenida João Paulo II, em São Brás, e anteontem resolveu se exercitar na do Marco. "Há pelo menos três meses, percebi que tinha equipamento danificado e notei a falta de um aparelho na academia da João Paulo II. É importante que haja fiscalização também nesses locais já que tem gente que leva ferro até para vender", diz Joaz.

População precisa ajudar a manter espaços

Segundo Francileno Mendes, que há cerca de oito meses assumiu a Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer de Belém (Sejel), no final de 2011 todos os equipamentos passaram por manutenção, mas o furto de peças atrapalha o ajuste dos aparelhos. Mendes explica que o contrato com a empresa que realizava manutenção nas academias ao ar livre terminou em dezembro passado e a Comissão Permanente de Licitação (CPL), da prefeitura de Belém, finaliza novo processo.

"Até final de março terá uma nova empresa. Enquanto isso, contamos com alguns trabalhadores que fazem a manutenção, porém a empresa fará de forma mais detalhada. Os equipamentos que não estão na academia foram retirados pela Sejel para que possamos recuperá-los e deverão retornar em breve. Contudo, a falta deles não compromete as atividades das academias que podem funcionar bem com pelo menos 18 equipamentos", esclarece o secretário.

O titular da Sejel destaca que trabalha em parceria com os órgãos de segurança pública e que busca ainda apoio dos frequentadores das academias para a formação de associações, como acontece na praça Brasil, no Telégrafo, a fim de ajudar na fiscalização e denúncia de depredação do patrimônio público. "Desde janeiro garantimos professores de educação física qualificados, que atuam de manhã e a tarde, e oferecem orientações para a execução correta das atividades às pessoas que utilizam as academias. Eles também nos ajudam a identificar alguns problemas que ocorrem, para que possamos atuar melhor. Além disso, traçamos mais parcerias para levar ações como realização de exames rápidos, orientação nutricional e outras aos cidadãos que utilizam esses espaços", informa.

Na primeira quinzena de março, mais uma academia ao ar livre será inaugurada, no distrito de Icoaraci. Ainda no mês que vem, serão contemplados o distrito de Outeiro e os bairros do Guamá e Marambaia. "São investimentos importantes que beneficiam diretamente a população. Analisamos a possibilidade de instalar também uma academia na ilha de Cotijuba. Recebemos diversos pedidos das comunidades e analisamos uma série de fatores para atender a demanda como segurança pública e a vulnerabilidade social, principalmente nas praças onde a conservação da academia pode ser melhor", diz o secretário. Quatorze academias foram licitadas, das quais 10 estão pagas com recursos próprios da prefeitura e somam R$ 249 mil.

Exercício deve ter orientação profissional

O professor de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Eviton Sousa, ressalta que a prática regular de atividades físicas, considerando exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular e de flexibilidade, é geralmente indicada no processo de tratamento e na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão, osteoporose, obesidade, diabetes, entre outras. Além disso, afirma que tem efeitos positivos nos aspectos emocionais da pessoa, diminuindo os efeitos nocivos do estresse, alívio de tensões, melhora do humor, da ansiedade e depressão.

Sousa considera que as academias ao ar livre são boas iniciativas, mas pondera que ainda são mal executadas. "Elas funcionam 24 horas por dia, mas não têm profissionais da área em horário integral para acompanhar as pessoas já que nem todas fazem exercícios somente em horários determinados. Quem não recebe orientação correta, em vez de ter benefícios à saúde pode desenvolver uma série de doenças causadas pelo excesso de atividade física como inflamação na articulação, doença respiratória, redução do sistema imunológico devido esforço físico abrindo espaço para a gripe, rinite, etc", alerta.

Serviço:

A participação da população é relevante para denunciar a ação de vândalos nos espaços públicos da cidade, basta acionar o Centro Integrado de Operações (Ciop), o qual funciona 24 horas, pelo telefone 190. A ligação é gratuita.