quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amazônia Jazz Band faz concerto de Natal

A Amazônia Jazz Band realizará no dia 20 de dezembro, segunda-feira, às 20 h, no Theatro da Paz, o Concerto Natalino do ano de 2010, que tradicionalmente recolhe alimentos não perecíveis para a Fundação Pestalozzi.

Composta por 25 integrantes, o grupo conta com o apoio do Governo do Estado do Pará, através da Secretaria Executiva de Cultura (Secult) e da Associação dos Amigos do Theatro da Paz.

No concerto haverá a participação de músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz, músicos da Fundação Vale Música, dos pianistas Tynnoko Costa e Humberto Azulay, das cantoras Cacau Novaes, Larissa Wright e Dayse Addario, juntamente com Ziza Padilha na guitarra, que também assina o arranjo do clássico natalino "Sleigh Ride", feito especialmente para a Amazônia Jazz Band.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Doença afasta diretor do Hospital Bettina Ferro

Murilo Morhy pediu demissão do cargo, na última semana, alegando motivos de saúde. O médico ficou à frente da Unidade por um ano e meio.

Após um ano e meio de gestão, por motivos de saúde, o diretor do Hospital Universitário Bettina Ferro, da UFPA, o professor e doutor Murilo Morhy, se despediu de 40 anos de vida pública. Ele comunicou, oficialmente, através de carta, ao reitor da UFPA, o professor Carlos Maneschy, seu pedido de exoneração em caráter irrevogável, na última quinta, dia 02. No dia seguinte, 03, ele solicitou a presença dos trabalhadores e alunos do Bettina, no auditório da instituição, para agradecer a colaboração e informar sobre sua decisão. O hospital está sob a direção do diretor adjunto, o bioquímico Renato Ferreira, até que o nome do novo gestor seja anunciado pelo reitor da UFPA.

Durante a despedida, emocionado, Morhy, que é médico cardiologista e – talvez por ironia do destino - sofre problemas cardiovasculares, disse que o tempo em que esteve à frente da gestão do hospital foi importante na sua vida. “Esse tempo acrescentou muito para mim, pois reforcei laços com pessoas que já conhecia e criei novas amizades. Fazendo autocrítica, vejo que o hospital andou bem e a administração cresceu. Lamento e peço desculpa se incomodei alguém, mas agi somente pelo interesse da instituição. Desejo que continuem a missão do Bettina Ferro e mantenham seus comprometimentos com o SUS e com a população carente, porque o hospital são vocês”, disse.

Em seguida, alunos e funcionários, muitos deles também emocionados, falaram suas experiências vividas junto ao diretor, agradeceram e desejaram sucesso e melhoria na sua saúde junto à família. “Depois que se inventou a saudade a distância deixou de existir. Contem sempre comigo”, finalizou o médico Morhy.

Gestão - Preocupado em aprimorar a qualidade do atendimento à população do Sistema Único de Saúde (SUS), suas primeiras ações foram a humanização, refrigeração do hospital e agilização no atendimento. Além disso, realizou melhorias nos serviços de otorrinolaringologia, oftalmologia e o crescimento e desenvolvimento infantil, que servem de referência na região. A otimização nos meios diagnósticos e pronto atendimento, e a criação da clínica de toxina botulínica a pessoas que apresentam contraturas musculares crônicas foram serviços tratados com prioridade. Colocou ainda em prática várias iniciativas previstas no regimento do hospital, como patrimônio, infraestrutura, comissão de licitação, convênios e contratos. Todos estarão disponíveis em breve no novo site do Bettina (www.ufpa.br/bettina), para reforçar a transparência da sua gestão.

Texto e foto: Assessoria de Comunicação do HUBFS.

Tomada dos morros desperta sonho de paz

Texto: Cleide Magalhães

Edição: Ana Danin



Realidade carioca é diferente, mas medo é semelhante no Pará


A retomada do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em ação conjunta das polícias e das Forças Armadas, iniciada no último dia 28, ainda é tema frequente das conversas entre muitos brasileiros, que anseiam em viver bem e querem maior efetividade do Estado no combate às drogas e ao crime organizado. O domínio do tráfico que havia nos morros cariocas - e ainda se mantém em algumas favelas - impõe um medo que não está tão distante do sentido por muitos beleneneses, em especial os que moram na periferia da cidade, porque a capital paraense também está inserida nas redes criminosas e, nos últimos anos, o tráfico de drogas tem aumentado, o que justifica boa parte dos casos de homicídios que acontecem por meio de acertos de contas em bairros como a Cabanagem, Terra Firme, Guamá, entre outros. 'Essa inserção não é um fenômeno fechado e os homicídios podem ser justificados na medida em que há uma estratégia de controle desses bairros pelo tráfico de drogas, não é um controle efetivo dos bairros, mas existe o controle do comércio da droga em si, o que justificam os homicídios', afirma o mestre em planejamento do desenvolvimento Aiala Colares, que elaborou tese de dissertação intitulada 'Narcotráfico na Metrópole: das redes ilegais à ‘territorialização perversa’ na periferia de Belém', apresentada este ano no Programa de Pósgraduação em Planejamento do Desenvolvimento, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

No estudo, Aiala apresenta a expansão do crime organizado em escala global, sobretudo, atrelado ao narcotráfico, que vem contribuindo nos últimos anos para que a Amazônia seja inserida na lógica de organização das redes ilegais. Assim, a sua localização geográfica juntos aos principais produtores de cocaína (Colômbia, Peru e Bolívia, maiores produtores do planeta) e, ao mesmo tempo, a sua proximidade em relação aos mercados da Europa e EUA despertam o interesse da economia do tráfico de drogas. Por outro lado, a droga que atravessa a Amazônia, segundo ele, também abastece os mercados locais de suas metrópoles, a exemplo de Belém, onde o narcotráfico vem se especializando e se territorializando em áreas periféricas da cidade, envolvendo a metrópole na dinâmica econômica da geográfica do crime organizado.

Tucunduba - O pesquisador avaliou ainda que os bairros periféricos do Guamá e da Terra Firme, abarcados pela bacia do Tucunduba, estão envolvidos por uma espécie de 'territórios-rede' em que o tráfico local está associado às redes do tráfico global, e ao mesmo tempo, em escala local. 'A criminalidade vem se expandindo na forma de uma territorialização perversa, pois o tráfico de drogas impõe os seus limites pelo uso força e pela lógica do medo como estratégias de dominação', explica.

Ligados - O pesquisador explica que a Amazônia representa uma área de trânsito da droga em direção aos principais mercados do mundo e do País. 'Então, o tráfico de drogas do Rio de Janeiro tem relação com o tráfico de Belém e de outras capitais, porque os traficantes atuam em redes criminosas, um crime organizado em rede, que precisa de uma base territorial, que será nas favelas e morros do Rio de Janeiro e na periferia de Belém. Aí sim terá uma questão que envolve o território fechado do tráfico e o extra tráfico, que seria essa articulação mais ampla do tráfico. A ideia é mostrar que o tráfico não nasce na periferia, mas tem relação com os produtores e o papel que a Amazônia desempenha no comercio nacional de drogas e seus rios, que têm grande importância porque envolve as cidades do Marajó, Baixo Amazonas, Abaetetuba, Belém, envolvendo ainda o contrabando e a biopirataria', afirma.

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, dia 05/12/10. Para ler na íntegra, clique aqui.

lançamento livro "celina..." de Marcílio Costa- Prêmio da Academia Paraense de Letras

No dia 11 de dezembro, às 18h, no Instituto de Artes do Pará (IAP), a poesia será o centro de um acontecimento voltado à sua celebração. O lançamento do livro “celina...”, do poeta e artista plástico Marcílio Costa.

“celina...” recebeu o prêmio da Academia Paraense de Letras (categoria: poesia). O livro chamou a atenção de grandes nomes da literatura brasileira, dentre eles: Paulo Henriques Britto(poeta e tradutor de Elisabeth Bishop e vencedor do Prêmio Portugal Telecom), Antônio Moura (poeta e tradutor de Joseph Beravielo), João de Jesus Paes Loureiro (poeta que recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA) e Vicente Franz Cecim ( escritor e vencedor do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA) e Amarlís Tupiassu (crítica literária, professora da UFPA e UNAMA).

Marcílio Costa é um dos mais expressivos nomes da atual poesia feita em nossa região. Seus poemas já foram publicados em várias antologias e revistas de poesia por todo o Brasil. Em 2009 o poeta foi comtemplado com a Bolsa FUNARTE de Criação literária, o mais importante e concorrido prêmio para a criação no território nacional, pelo projeto da obra poética “Todas as Ruas”. Recentemente ganhou o Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura – 2010(categoria: poesia) pelo livro “depois da sede” e Menção Honrosa na última edição do Prêmio Escriba de Poesia (Piracicaba - SP).

Como artista visual, Marcílio deixa sua marca como poeta nos trabalhos que realiza ou participa. É o caso do curta de animação “Muragens: crônicas de um muro” de 2008, em que Marcílio co-dirigiu e escreveu o roteiro final. Dirigido por Andrei Miralha, o filme foi o primeiro curta de animação paraense selecionado para a mostra competitiva do ANIMA MUNDI e já correu o mundo sendo, também, selecionado para festivais como o ANIMAZIVO no México e o MONSTRA em Portugal.

Atualmente vem desenvolvendo projetos de intervenções públicas com o artista plástico Ednaldo Britto e estão preparando para o próximo ano a exposição de gravura-instalação entitulada “TRAMPO”.

Andreev Veiga.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Carros velhos são problema

Frota ultrapassada representa riscos para o ambiente da cidade pela poluição e congestionamento das ruas

Texto: Cleide Magalhães

Edição: Márcia

Diversas cidades brasileiras têm perdas econômicas e socioambientais devido à sua frota de carros velhos, segundo especialistas. No Rio de Janeiro, a idade média da frota é de 12,5 anos, e em São Paulo, 8,5 anos. Até 19 de outubro deste ano, dados do Departamento de Trânsito do Pará (Detran/PA) mostram que a frota de veículos no Estado corresponde a 932.775 veículos sendo 282.390 na capital. Do total de veículos, 495.628 têm o tempo de registro de até 5 anos. Já com a idade entre 6 e 10 anos há 205.026 veículos; de 11 a 15 anos, o total é de 107.430; e de 16 a 20 anos existem 43.095 veículos. "Isto significa que 75% da frota dos veículos do Pará estão acima da média nacional, que é de 10 anos. Então, o Estado tem uma frota renovada. Existem veículos de coleção que têm entre 40 e 50 anos e provavelmente não estão rodando", afirma Carlos Valente, coordenador de Planejamento do Detran/PA.

Diante disso, o Pará está entre os Estados do Brasil em que a frota de veículos têm condições de trafegabilidade, entretanto observa-se que os problemas no trânsito, principalmente na Região Metropolitana de Belém (RMB), justificam-se pela falta de infraestrutura viária e os dados do Detran/PA servem de alerta. Eles projetam que o crescimento da frota, entre os anos de 2003 e 2021, será em torno de 6 milhões de veículos registrados circulando no Pará, dos quais 1,6 milhão somente na RMB. "Hoje, ao mês, na RMB, a circulação oscila entre 2,8 e 3 mil novos veículos. São muitos carros que entram em circulação e poucos saem. Em termos de infraestrutura viária na RMB, o que temos são os elevados das avenidas Júlio César com a Pedro Álvares Cabral, em Val-de-Cães, e a nova avenida Dalcídio Jurandir. Nenhum outro espaço foi criado para melhorar a questão da trafegabilidade de veículos", afirma Valente.

Apesar das facilidades para se comprar um veículo novo e a maior parte da frota do Estado ser recente, ainda há no Detran/PA planilhas que contam com mais de 20 anos e quem opte por manter em circulação carros velhos, que tendem a apresentar mais problemas. Alguns deles estão pelo acostamento das ruas ou avenidas, e muitos não são tão percebidos na cidade, porque são repassados à população que tem menor poder aquisitivo e, geralmente, estão na periferia ou no interior do Estado. Outros estão há décadas no parque de retenção do Detran, em Icoaraci.

Segundo o economista João Tertuliano, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará, mesmo que a frota de carros velhos, que têm de 16 a 20 anos, seja pequena, ainda causa impacto sobre a economia do Estado. "Os carros velhos, pelo seu alto grau de depreciação, provocam desperdício de combustíveis, exigem um alto custo de manutenção, impactando os orçamentos familiares e empresariais, além de tornarem pouco eficiente os serviços de transportes, tanto para cargas, como para passageiros. De um ponto de vista macroeconômico, representam baixo padrão tecnológico, afetando negativamente o crescimento econômico."

Sistema de transporte público precário leva à compra de veículo

O que também chama a atenção no trânsito da RMB é a precariedade do sistema de transporte público de passageiros. Patrícia Bittencourt, especialista em trânsito e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirma que isso leva as pessoas a deixar de usufruir do transporte coletivo para utilizar veículos particulares. "Quanto maior o número de unidades veiculares, muito maior é a área de congestionamento e mais nocivo à população é a frota velha de transporte público, porque ela apresenta vários aspectos negativos, como acidente, falta de segurança e desconforto, que fazem com que as pessoas migrem para outros tipos de transportes, provocando a falta de trafegabilidade em especial nos centros urbanos. Ainda não há uma política de destino para os veículos velhos", reforça.

Se nada for feito em termos de melhoria no sistema de transporte público de passageiros, em breve Belém poderá parar. "Hoje a perspectiva da velocidade média em determinados corredores de tráfego de Belém é de 50 km/h. Mas se não houver investimento no sistema de transporte, a projeção para 2015 é que haja queda para 30 km/h por conta da grande quantidade de veículos que vai circular. Então, a projeção do crescimento da frota na cidade indica que em 2021, se nada for feito, teremos uma cidade que se arrastará", alerta Carlos Valente, que também é especialista em psicologia do trânsito.

A partir do ano que vem Detran vai ser mais rígido na fiscalização

A poluição da atmosfera, em especial pela emissão de CO2 (dióxido de carbono), maior responsável pelo aumento do efeito estufa, também preocupa os especialistas e o órgão de trânsito. Por isso, o Detran viabiliza, a partir de 2011, que seja feita a inspeção de emissão de gases e ruídos para todos os veículos, a fim de que haja a certificação de acordo com as leis do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Essas exigências hoje são especificadas pelo Código de Trânsito Brasileiro ou por resoluções do Conselho Nacional de Trânsito e o Detran/PA tem autoridade para implementar o que não estiver previsto em nível nacional.

Atualmente, a questão ambiental deve ter mais atenção dos governantes e consumidores. Estes podem ainda colaborar com o meio ambiente na hora da compra do carro ao verificar o volume da emissão de gases do veículo. "Há fabricantes que colocam no mercado veículos flex, que podem ter tanto consumo de álcool quanto de gasolina, tem ainda a fabricação do biodiesel. Quanto menos elementos nocivos forem levados ao meio ambiente, melhor será a qualidade de vida das pessoas. Os veículos novos trazem muito mais dispositivos de retenção de gases poluentes - diferentemente dos fabricados há 30 anos. Então, essa atenção tem que ser especial e, por isso, temos a necessidade de implantar a inspeção de emissão de gases e poluentes, para que tenhamos os veículos em condições de circular e poluir muito menos o meio ambiente", orienta Carlos Valente.

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, dia 07/11/10.

http://www.portalorm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=222&codigo=498881

Infância perdida para o tráfico e a violência

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, dia 28/11/2010

Texto: Cleide Magalhães

Edição: Ana Danin

"Desde que a criança está crescendo ela já é aliciada pelos traficantes, que as atraem para ajudarem no comércio da droga. Muitas delas não vivem a infância, já falam gírias, querem mostrar-se adultas e serem temidas pelos outros. Os traficantes não mexem diretamente com os moradores da área, mas, dessa forma que atuam, destroem muitas famílias. Tenho medo que façam algo comigo e minha família, porque a gente vê o que eles são capazes de fazer com pessoas que não são da área e que passam por lá. Não podemos mais nem sentar na porta de casa, porque sempre tem confronto e tiros entre traficantes e políciais. Na passagem há algumas pessoas boas, mas a maior parte delas são más". O relato que você acabou de ler é de uma moradora passagem Lauro Sodré, no bairro da Terra Firme, um dos mais populosos da capital e onde a violência, agravada pela míséria, falta de saneamento e políticas públicas, é parte da rotina de muitos moradores.

Pelas avenidas, ruas, passagens e becos do bairro, muitas famílias se sentem reféns dos bandidos e muitas pessoas andam sobressaltadas pela área, onde impera a tão conhecida "lei do silêncio". Denúnciar crime na Terra Firme pode ser sinônimo de ameaça e morte de cidadãos. Alguns pontos do bairro são mais perigosos e conhecidos pela polícia como a própria Lauro Sodré e as passagens Ligação e Nossa Senhora das Graças.

Um dos casos recentes que aterrorizaram os moradores da passagem Lauro Sodré aconteceu na manhã do último dia 16, quando Carlos Alves Chagas Sousa, 23 anos, foi linchado no local. O rapaz recebeu diversas pauladas e facadas pelo corpo. "Ele foi visitar algum familiar na Lauro Sodré e foi confundido com outro homem, então um grupo de bandidos o espancou. Um morador da área ainda chegou a carregar o Carlos com vida em um carrinho de mão, mas, quando os bandidos souberam que ele ainda estava vivo foram lá e o espancaram até praticamente matá-lo. Muitas pessoas comentam que Carlos era trabalhador. Dá muito medo de ver esse tipo de coisa, os bandidos não têm dó de ninguém. Imagina se um dia se voltarem contra quem mora lá", assusta-se a moradora, que teve a identidade preservada.

Para o fato há ainda a versão de que a vítima poderia ser assaltante ou ter sido alvo de assalto, como consta no boletim de ocorrência registrado pela família de Carlos na Delegacia da Terra Firme. Mas um policial civil, que pediu para não ser identificado, disse que o jovem "estava de bicicleta - com outros dois rapazes - e ia visitar um familiar e, de repente, alguém bateu com uma camisa no rosto dele, então Carlos foi tomar satisfação, sem perceber que a área era perigosa, depois tentou fugir na bicicleta, mas os homens que mexeram com ele começaram a gritar ‘pega ladão, pega ladrão’ e um grupo foi para cima do jovem e o espancou. Os outros dois rapazes conseguiram escapar", disse o policial. A vítima ainda foi socorrida no Pronto-Socorro do Guamá, onde morreu.

O comandante Enoque, da 24ª Zona de Policiamento, que atua no bairro, disse que um dos acusados de ter participado do linchamento é Bruno Patrick, conhecido como "Alemão", 18 anos, que foi parar no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, atingido por três tiros quando tentava fugir de policiais da Ronda Tática Ostensiva Metropolitan (Rotam), na baixada da travessa Vileta, no Marco, três dias depois do linchamento de Carlos. Além de "Alemão", um homem identificado como Jackson, que é seu irmão, é acusado de participação na morte de Carlos Sousa. O inquérito sobre o caso deve ser concluído nos próximos 15 dias.

Leia na íntegra:

http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=831&codigo=502500

Imprudência continua a matar nas estradas

Motoristas desequilibrados pisam no acelerador e esquecem da vida

Reportagem especial publicada no Jornal Amazônia, 21/11/2010

Texto: Cleide Magalhães Edição: Hamilton Braga


A condutor de veículo é a peça principal no trânsito, pois é ele quem está entre o volante e o banco e, ao pegar o carro, assume ainda o risco de determinar se vai matar ou morrer, ou seguir em frente, em paz e retornar para sua casa. Embora ele esteja sujeito a ter essa responsabilidade, muito brasileiros ainda mantém comportamento violento ao assumir o volante, o qual pode tornar-se uma arma e provocar acidentes gravíssimos e com vítimas fatais.

A violência no trânsito é hoje uma ameaça para 2/3 da população brasileira que anda a pé pelo País, onde há 1.200 novos carros por dia. No Pará, dados do Departamento de Trânsito do Pará (Detran/PA) mostram que a frota de veículos, até 19 de outubro deste ano, correspondia a 932.775 veículos, sendo 282.390 na capital. O órgão projeta que o crescimento da frota, entre os anos de 2003 e 2021, será em torno de 6 milhões de veículos registrados circulando no Pará, dos quais 1,6 milhão somente na RMB. "Hoje, ao mês, na RMB, a circulação oscila entre 2,8 e 3 mil novos veículos. São muitos carros que entram em circulação e poucos saem", afirma Carlos Valente, coordenador de Planejamento do Detran/PA.

O estudo "Morte no Trânsito: Tragédia Rodoviária", realizado pelo Programa de Seguranças nas Estradas (SOS Estradas), traz também revelações surpreendentes: todos os dias ocorrem pelo menos 723 acidentes nas rodovias pavimentadas brasileiras, provocando a morte de 35 pessoas por dia, e deixando 417 feridos, dos quais 30 morrem em decorrência do acidente.

Na avaliação do estudo, a melhoria das condições das rodovias não significa que há uma redução dos acidentes, pois 90% são provocados por falha humana. No Pará, dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que nas operações de Finados, entre 29 de outubro e 2 de novembro, e Proclamação da República, de 12 a 15 de novembro deste ano, nas oito estradas federais - que contam com seis mil quilômetros pavimentados ou não que cortam o Estado - ocorreram 113 acidentes, 54 feridos, 7 mortos, 2.096 autuações por infração de trânsito, 27 carteiras nacionais de habilitação foram apreendidas, 60 veículos retidos, 2.820 testes de alcoolemia realizados, 49 autuações por embriaguês no volante e 28 prisões por embriaguês no volante.

Dos 113 acidentes ocorridos nas rodovias federais, 66 ocorreram durante a Operação de Finados e 47 na Proclamação da República, a qual contou ainda com 7 mortes. Mesmo que haja decréscimo nos casos, o superintendente da PRF no Pará, Isnard Ferreira, mostra-se preocupado e comenta sobre a falta de responsabilidade dos condutores e a impunidade. "O número de policiais que colocamos na pista funcionou; o motorista consciente que também foi para a pista deu certo, mas quem não ajudou foi o mau condutor. O que mais nos preocupa não são os números, porque eles reduziram, mas a gravidade e violência desses acidentes. Quem diminui acidentes não é a polícia nem o órgão de trânsito, mas o condutor. Isso poderá melhorar quando for aplicada multa por radar acima do mínimo necessário e o encaminhamento da multa quando o veículo ultrapassar 200 km/h nas estradas - velocidade absurda, é como se o carro voasse, quase nem dá para imaginarmos", explica.

Embora o Código de Trânsito do Brasil, instituído na Lei 9.503, em 23 de setembro de 1997, seja um dos mais rigorosos e completos do mundo e preveja penalidade até para quem jogar lixo na rua, sua aplicabilidade ainda é frágil. Os acidentes causados nas estradas paraenses ocorreram por falta de atenção e, na maioria, por embriaguês ao volante. "As pessoas sabem que não podem dirigir alcoolizadas, mas se valem da não obrigatoriedade de se fazer o teste do bafômetro, o qual não podemos realizar nem mesmo quando elas estão visivelmente alcoolizadas. Então, essas pessoas continuam a beber, ferir e matar porque não acontece nada com elas, e logo, logo são liberadas. A impunidade faz com que esses problemas se arrastem e a mecânica do trânsito hoje volta para ela (impunidade). Quando pegávamos pesado na alcoolemia durante nossas operações, as pessoas tinham medo de ir às rodovias. Mas quantas pessoas temos conhecimento que provocaram acidente e foram presas, ou que apresentou alcoolemia e tiveram suas carteiras cassadas? A própria lei é flexível e não as alcança. A falta de aplicabilidade da lei a torna obsoleta", critica o superintendente da PRF.

A pessoa alcoolizada perde a noção de distância, espaço e da realidade, além do reflexo. Diante de uma situação de emergência, ela não consegue raciocinar a tempo de desviar e evitar acidentes. A PRF verifica que hoje os acidentes mais graves estão saindo da região metropolitana e indo para as estradas. O acidente de trânsito no acostamento é uma das situações mais graves, porque é por onde o pedestre e ciclista caminham e local em que o veículo está parado com problema mecânico.

Antropólogo afirma que impera o "sabe com que está falando?"

A Editora Rocco lançou recentemente o livro "Fé em Deus e pé na tábua - ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil", do antropólogo Roberto da Matta, com João Gualberto Moreira Vasconcelos e Ricardo Pandolfi. Na obra, o autor ressalta que o comportamento do brasileiro é terrível no trânsito, resultado da incapacidade de ser uma sociedade igualitária; de instituir a igualdade como um guia para a conduta.

Para ele, o trânsito reproduz valores de uma sociedade que quer ser republicana e moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, em que alguns podiam mais do que muitos. Em casa, afirma o autor, as pessoas são ensinadas que são únicas, especiais. "Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas. É o espaço do acolhimento, do tudo é possível por meio da mamãe. Daí a pessoa chega à rua e não consegue entender aquele espaço onde todos são juridicamente iguais". Ir para a rua, no Brasil, continua, "ainda é um ato dramático, porque significa abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde ninguém é de ninguém". Ele destaca que o trânsito é o lado mais negativo desse mundo da rua, pois é doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco.

Roberto da Matta considera ainda que o brasileiro com um carro se sente superior ao pedestre. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro. Para o antropólogo, o motorista não consegue entender que ele não é diferente do outro motorista ou do pedestre, que ele não tem um salvo-conduto para transgredir as leis. "No Brasil, obedecer à lei é visto como uma babaquice, um sintoma de inferioridade. Isso é herança de uma sociedade aristocrática e patrimonialista, em que não houve investimento sério no transporte coletivo e ainda impera o ‘Você sabe com quem está falando?’".

Para ler reportagem completa:

http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=831&codigo=501240

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um ano de muito cinema no Pedro Veriano

Ponto de Exibição celebra data com exibição de filme dos Irmãos Lumiére

Um espaço onde foram exibidos clássicos da cinematografia mundial, como “Crepúsculo dos Deuses”, “Terra em Transe”, filmes cultuados pelos cinéfilos tal e qual “São Paulo S.A.”, “O Homem que Virou Suco” e “Cão sem Dono”, além de ‘janela’ para as obras paraenses “De Assalto” e “Severa Romana” e realização das Mostras da ABDeC Pará, que resultou num DVD com seis filmes de realizadores locais, de obras do cineasta Sérgio Péo e mais recentemente a do Cine Foro Venezuelano. Este é o Ponto de Exibição Cineclube Pedro Veriano, que na terça dia 30, celebra um ano de existência trazendo um filme que fala dos pioneiros da sétima arte e com comentários de ninguém menos do que aquele que dá nome ao espaço, o próprio Pedro Veriano.

“Desde o início, o objetivo dos Irmãos Lumière com produção cinematográfica era o de reproduzir a realidade, e não contar uma história ou ficção. O cerne do trabalho dos irmãos era apresentar momentos capturados no cotidiano, totalmente diferente dos outros pioneiros do cinema como Thomas Edison e George Méliès, que imediatamente viram no cinema a capacidade de mudar a realidade, e partiram para ficção. Talvez, este seja o motivo pela qual Louis Lumière não vislumbrou nenhum futuro na sua invenção, e ele esperou que a novidade de assistir imagens em movimento numa tela, tal qual os olhos podiam ver pelas ruas, pudessem seduzir as pessoas. Além disso, foram criticados pelos intelectuais da época, como agressores da arte fotográfica, estes afirmaram que ninguém iria querer ver as fotografias se moverem. Documento de valor histórico fantástico”, escreveu Pedro sobre Os Irmãos Lumiére, filme que estará em cartaz na próxima terça-feira na data que celebra o aniversário do ponto de exibição Cineclube Pedro Veriano.

“O documentários Os Irmãos Lumiére é sobre os primeiros filmes realizados com o Cinematographo, uma aula de historia do cinema”, comentou Pedro Veriano. O filme encerra a fase "Cinema sobre Cinema", ciclo promovido pela APCC (Associação Paraense dos Críticos de Cinema) em colaboração mensal com a programação do Ponto de Exibição Cineclube Pedro Veriano, onde foram apresentadas obras que falam sobre o cinema dentro do seu enredo.

História

Desde outubro do ano passado, a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará (ABDeC-Pa) em parceria com a Fundação Curro Velho e por meio do projeto do Governo Federal Cine Mais Cultura, vem realizando sessões no Ponto de Exibição Cineclube Pedro Veriano. Entre as prerrogativas do cineclube, por ser gerenciado por realizadores paraenses, está a predileção por filmes em curta-metragem (antes dos longas), documentários e produções brasileiras. O Pedro Veriano foi assim batizado como forma de homenagear um dos mais importantes críticos de cinema da história do Pará, autor de inúmeros textos e do livro “Cinema no Tucupi”.

SERVIÇO
Sessão de aniversário: “01 ano do Cineclube Pedro Veriano”, nesta terça-feira,30/11, 18h30, no Ponto de Exibição Cineclube Pedro Veriano, que fica na Avenida Nazaré, prédio da Casa da Linguagem, s/n, esquina com Avenida Assis de Vasconcelos. Entrada Franca.

Informações: 8889 3639 e 8167 5745