segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Câncer de pele assusta

Por: Cleide Magalhães

Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 12/01/2012

O câncer de pele responde por 25% do total de tumores malignos detectados no país. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a incidência é maior em pessoas de pele e olhos claros, que se expõem frequentemente e por tempo prolongado ao sol. Entretanto, especialistas alertam que todos os brasileiros devem estar atentos diante dos dados que mostram ainda que a doença vai atingir 134.170 brasileiros este ano. Desses, 62.680 casos são com homens e 71.490 mulheres. No Pará, os índices revelam que vão ser 1.330 pessoas do sexo masculino e 1.710 feminino. Em 2008, no Estado foram 370 casos que acometeram os homens e 589 mulheres.

Os dados do Inca referem-se ao câncer de pele do tipo não-melanoma. A dermatologista Maria Eloísa Soares, que atua Centro de Atendimento de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) o Hospital Ofir Loiola (HOL), instituição pública que serve de referência no Pará em casos de câncer invasor, explica que existem basicamente dois tipos de câncer de pele: o não-melanoma, que é o mais comum e raramente pode causar a morte do paciente, e o melanoma, que é o mais raro, mas é responsável por três em cada quatro mortes por câncer de pele.

“Os não-melanomas são o carcinoma basocelular, que é o mais comum e mais conhecido como câncer de pele, não dá metástase (formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas), mas lesa o tecido local (pele). O não-melanoma é também o carcinoma espinocelular, que é mais perigoso porque dá metástase. Esses são os que mais ocorrem na população em geral e são desencadeados pela irradiação solar a qualquer hora do dia”, explica a médica.

Pessoas de pele clara, que ficam vermelhas com a exposição ao sol, estão mais sujeitas às neoplasias. A maior incidência deste tipo de câncer de pele se dá na região da cabeça e do pescoço, que são justamente os locais de exposição direta aos raios solares. “As pessoas mais claras estão mais predispostas a terem menos melanina na pele, e devem se preocupar. Mas isso não quer dizer que os morenos não devam tomar cuidados porque a doença pode atingir qualquer pessoa”, disse a médica.

Para a maioria dos cânceres, quanto mais cedo (quanto mais precoce) se diagnostica o câncer, mais chance essa doença tem de ser combatida. “Em ambos os casos, a cirurgia é o tratamento mais indicado. Porém, dependendo da extensão, o carcinoma basocelular pode também ser tratado através de medicamento tópico ou radioterapia. Vai depender da extensão e do tipo de tumor. Pessoas que apresentam feridas na pele que demorem mais de quatro semanas para cicatrizar, variação na cor de sinais, manchas que coçam, ardem, descamam ou sagram, devem recorrer o mais rápido possível ao dermatologista”, orienta.

Proteção

Outro dado preocupante é que cerca de 70% da população mundial não utiliza protetor solar diariamente. De 2 a 3 milhões de novos casos de câncer não-melanoma são diagnosticados anualmente no mundo, sendo que no Brasil esse número chega a 110 mil novos casos não-melonoma e 5 mil melanomas por ano. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) a morte por câncer é a de maior incidência no mundo.

Para se proteger adequadamente, é necessário escolher protetores solares que bloqueiem os raios ultravioletas UVB e UVA observando o FPS (Fator de Proteção Solar): quanto maior o valor do FPS, maior será a proteção oferecida pelo produto. A médica ressalta que é preciso se lembrar de outros procedimentos fundamentais para a eficácia dos protetores: aplicá-los cerca de 30 minutos antes da exposição direta ao sol ou à luz artificial, reaplicá-los a cada duas horas e não descuidar da alimentação equilibrada, pois alimentos ricos em vitaminas A e D melhoram o aspecto da pele e intensificam naturalmente o bronzeado.

O atendimento no caso de câncer de pele no Pará acontece no Cacon do Ofir Loila, que atende a todas as especialidades no Estado. Segundo a coordenadora estadual de Atenção Oncológica da Secretaria de Estado e Saúde Pública (Sespa), Marta Solange Costa, o governo do Estado busca tratar os casos de câncer de forma descentralizada para ampliar o atendimento à população. Hoje há uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade de Oncologia (Unacon) em Santarém, oeste do Pará. Outra Unacon está sendo programada para Tucuruí, sudoeste do Estado, com previsão de ser inaugurada nos próximos dois anos. E o Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará (UFPA), com previsão de ser inaugurar ainda este mês.

Na época de chuva cuidados precisam redobrar

Por: Cleide Magalhães

Reportagem publicada em O Liberal e Amazônia, 16/01/2012

A prevenção contra a dengue é tarefa que deve ser realizada sem descanso, o ano todo, mas nessa época de chuva os cuidados precisam redobrar. Dados da Secretaria Executiva de Saúde do Estado (Sespa) mostram que em 2011 ocorreram 29.229 casos suspeitos da doença no Pará, dos quais 13.656 foram confirmados por exames laboratoriais, desses 19 pessoas morreram. Este ano, há somente um caso confirmado da doença e envolve uma criança, nascida em Santa Luzia do Pará, nordeste do Estado, a qual está internada no Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará, em Belém. Segundo o secretário de Saúde do Estado, o médico Helio Franco, o caso complicou e a criança teve que ser internada, mas seu estado de saúde é estável e recebe acompanhamento médico permanente.

As ações de combate aos focos para o desenvolvimento de criadouro do mosquito da dengue, o Aedes aegypti, o secretário afirma que a Sespa trabalha em parceria com as prefeituras e que as equipes de saúde no Estado estão preparadas para receber quem apresentar sintomas da doença nos quatro tipos de vírus existentes. No Pará os mais comuns são os tipos 1 e 2. Mas seus sintomas são os mesmos: dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, dor atrás dos olhos e diarreia.

O diagnóstico é clínico e o acompanhamento da doença por meio de hemograma. Caso apresente esses sinais, o paciente precisa manter-se hidratado e em repouso, ou internado nos casos mais graves. "Se a pessoa tiver os sintomas mais simples da doença, precisa fazer a hidratação por meio de soro oral, água natural, água de coco, chá, pois quanto mais líquido melhor ingerido de forma gradativa. Porém, há situações em que não pode perder tempo e correr para o serviço de saúde: se sentir dificuldade para respirar, dor abdominal contínua e sangramento, ou as três coisas juntas. Nesse caso, tem que fazer a hidratação na veia, diminuindo as complicações e garantir menos chance de chegar a óbito", orienta o secretário.

Prevenção

O combate ao mosquito transmissor é a principal arma contra a doença, já que ainda não existe vacina. "A vacina é feita em vários locais do mundo, mas será utilizada nos próximos quatro anos. O combate à dengue depende da ação conjunta entre a sociedade e o poder público. Setenta por cento das pessoas infectadas estavam próximas a lixo sólido e água parada, espaços que facilitam o desenvolvimento do criadouro da doença. A característica maior da dengue é seu mosquito gostar de água quente e limpa, por isso a água parada o atrai. Temos que não deixar água parada nos banheiros, vasos, piscinas, jogar lixo na rua, restos de construção, enfim".

É fundamental ainda evitar a picada do mosquito e ficar alerta, principalmente, das 4h da madrugada até 10h, entretanto, o mosquito muda de comportamento e pode picar à noite. "A orientação é usar repelente, mosqueteiro, principalmente para crianças e idosos por conta da fragilidade no sistema imunológico destes".

Serviço

Informações sobre dengue entre em contato com outras Secretarias Municipais de Saúde: Ananindeua (91) 3073-2220, Marabá (94) 3324-4904, Marituba (91) 3256-8395, Santarém (94) 3524-3555 e Tucuruí (94) 3778-8378. Em Belém, além do (91) 3277-2485, a população pode entrar em contato com os telefones dos Distritos Administrativos: Daben (3297-3275), Daent (3276-6371), D´Água (3274-1691), Daico (3297-7059), Damos (3771-3344), Daout (3267-2859), Dasac (3244-0271) e Dabel (3277-2485).

domingo, 15 de janeiro de 2012

Fast foods dominam os shoppings

E também o gosto do público. É preciso, porém, atentar à saúde.

Por: Cleide Magalhães

Reportagem Especial jornal Amazônia, 15/01/2012

Devido principalmente à comodidade e a falta de tempo que impera nas grandes cidades, o fast food ("comida rápida" em inglês) conquista paladares e ganha espaço especialmente nos shopping centers do país e de Belém. Porém, pesquisas apontam que, ao mesmo tempo em que buscam alimentação rápida, os frequentadores das praças de alimentação estão preocupados com o conteúdo nutricional de suas refeições e com o efeito que elas têm na saúde. De olho nesse mercado, novas redes estão surgindo, outras ampliaram suas lojas e algumas reformularam o cardápio. Hoje, elas são praticamente 90% das lojas que há nas praças de alimentação de shopping centers em Belém e atraem centenas de pessoas todos os dias.

Uma das empresas líderes no mundo, presente em mais de 80 países - que conta com franquia em Belém há 13 anos, opera em dois shoppings centers da capital, em um drive-thru (entrada em que o cliente compra dentro do carro, por uma janelinha) e cinco quiosques de sorvete em uma rede de supermercados de Belém e Castanhal -, acompanha essa tendência e registra atendimento hoje, em média, de mil clientes somente nos balcões de cada shopping.

Para manter a liderança no mercado, é importante estar antenado às mudanças e exigências do cliente. "Por isso, incluímos no nosso cardápio a salada como acompanhamento dos sanduíches em substituição à batata frita; sucos naturais, concentrados e semi-prontos por marcas conceituadas. Além disso, oferecemos maçã para acompanhar a refeição - o que agrega valor nutricional maior; reduzimos a quantidade de sódio no queijo para atender demanda da Sociedade Brasileira de Pediatria, que pede para reduzir o sal nos alimentos; a gordura de fritura 100% sem gordura trans. Fazemos tudo isso e muito mais para zelar pela saúde e o bem-estar dos nossos clientes", contou Quemel Kalif, responsável pela franquia. Os valores ficam entre R$ 4,50 e R$ 22,00, do x-burger ao prato completo. As calorias por grama, de 80 a 600, depende do gosto do cliente.

O cirurgião dentista José Paulo Isola, 58 anos, que é de Ribeirão Preto (SP) e mora atualmente em Parauapebas, sul do Pará, veio a Belém e aproveitou para ir à praça de alimentação de um shopping center, no centro da cidade, especialmente para comer esfirras. "Prefiro refeições que trazem arroz, feijão, carne grelhada e salada, mas como fast food uma vez por semana e adoro. Como a vida moderna exige agilidade comer, fast food ajuda muito".

Isola relata que é diabético, por isso evita comer refeições rápidas e massas. Quando escolhe fast food preocupa-se tanto com o valor nutritivo como com a forma pela qual os alimentos são manipulados. "A alimentação mais nutritiva do fast food é uma exigência da Organização Mundial de Saúde, porque o grau de obesidade das pessoas hoje é alto, mas, infelizmente, você passa a se preocupar quando tem a saúde atingida. A gente come mais pelos olhos que pela boca, mas o cabelo vai ficando branco, você começa se preocupar mais e critica o fato de não ter se alertado antes", disse.

Clientela - Em um shopping center localizado na área limítrofe entre Belém e Ananindeua, o gerente geral Arnaldo Mota afirma que das 22 lojas que existem na praça de alimentação, 21 oferecem fast food e que o espaço serve de âncora ao shopping, pois atrai todos os dias por cerca de 20 mil pessoas e 40 mil aos finais de semana.

"A primeira necessidade das pessoas que procuram pela praça de alimentação é em busca do fast food aliado ao entretenimento. No espaço há quase todas as grandes redes nacionais e internacionais, que oferecem todos os tipos de alimentação, que vão de sanduíche a prato pronto. A idéia é oferecer a pluralidade de alimentação e todas as operações feitas têm opção light e alimentos mais nutritivos buscando oferecer serviços de cunho mais ecológico e saudável ao público, além da agilidade: o tempo de espera para entrega na mesa de um fast food varia de 60 segundos a 10 minutos, neste caso são os pratos completos", falou o gerente.

Consumo desmedido de frituras pode levar a problemas cardíacos

A preocupação com a alimentação saudável vem a reboque do aumento das doenças cardiovasculares e da obesidade. "Uma alimentação saudável foi verificada em diversos estudos como uma relação com menor obesidade e menor incidência de complicações cardíacas. De forma geral, a obesidade é um desbalanço entre a ingestão de alimentos, geralmente ricos em lipídios e carboidratos levando uma oferta grande de calorias ao indivíduo, e o pouco gasto destas calorias pelo hábito de vida sedentário. Como existe uma relação grande entre a ingestão de calorias, existe hoje a preocupação de se ingerir uma dieta mais saudável", considera a cardiologista Dilma Souza, da Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Segundo a nutricionista Vanessa Vieira Lourenço Costa, pós-graduada em Gestão da Qualidade em Unidades Produtoras de Refeições pela UFPA, alimentação saudável é aquela que possui todos os nutrientes que o organismo precisa e estes são substâncias presentes nos alimentos e são utilizadas pelo organismo, sendo indispensável para seu funcionamento.

Os principais de nutrientes são os macronutrientes que são os carboidratos, as proteínas e as gorduras, e os micronutrientes, os quais são as vitaminas e minerais. "A alimentação ideal deve conter de forma variada, proteínas (carne, ovo, leite, iogurte, feijão, soja), carboidratos (arroz, batata, pão, macarrão, macaxeira), gorduras (azeite), além de vitaminas e minerais (frutas, hortaliças). Precisamos lembrar também de duas substâncias importantes para o funcionamento no organismo: a água e as fibras. A alimentação saudável deve possuir alguns atributos básicos como acessibilidade física e financeira, sabor, variedade, cor, harmonia e segurança sanitária", listou a nutricionista.

Ela afirmou ainda que o fast food pode prejudicar a saúde de uma pessoa de diversas formas. "Geralmente, esse tipo de alimento é rico em sódio, o que favorece o aparecimento da hipertensão arterial sistêmica; são ricos em gorduras, principalmente as saturadas, que promovem o aumento do colesterol e do peso corporal, aumentando o risco de obesidade e de doenças cardiovasculares; ricos em açúcar, podendo favorecer o aparecimento de diabetes mellitus (doença provocada pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina, que leva a sintomas agudos e a complicações crônicas características). Além disso, seu excesso pode ser transformado em gordura", alertou.

A obesidade por si só já é um fator de risco cardiovascular, "porque o indivíduo obeso possuindo mais células gordurosas que têm ação hormonal liberando substâncias que são adversas ao metabolismo, provocando uma aceleração da deposição de gordura nos vasos arteriais provocando assim a aterosclerose", explicou a cardiologista. Desta forma, os indivíduos obesos têm mais eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e até insuficiência cardíaca.

Por esses motivos, Vanessa Costa orienta que as pessoas evitem comer fast food. Caso o façam, que seja de forma esporádica. "É preciso evitar ingerir com frequência, no máximo uma vez por semana, mas se for inevitável o ideal é escolher os mais saudáveis como saladas, sanduíches com pães integrais acompanhados de sucos de frutas e frutas. Atualmente, as empresas que fornecem esse serviço estão incluindo em seus cardápios preparações mais saudáveis", disse a nutricionista.

Para conhecer o valor nutricional dos alimentos ingeridos é possível verificar através da leitura dos rótulos. "As empresas são obrigadas a colocar o valor nutricional nos alimentos produzidos e devemos acreditar neles, pois os órgãos competentes realizam fiscalização periodicamente", informou Vanessa.

Além de usufruir de dietas saudáveis, a cardiologista afirma que as melhores formas de prevenção das doenças cardiovasculares e da obesidade envolvem os exercícios físicos e o tratamento de doença que possa existir como a hipertensão ou o diabetes.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Paixão que pesa no orçamento

Por: Cleide Magalhães

Reportagem Especial publicada no jornal Amazônia, 08/01/2012

Manter o carro “turbinado” pode custar até R$ 1,3 mil a motoristas

Não é segredo para ninguém que todo motorista apaixonado pelo seu automóvel faz dele a extensão da sua casa e gosta de vê-lo bem limpo, esbanjando beleza e potência por aí. Além disso, Garcia gasta semanalmente, em média, R$ 290,00 com combustível, lavagem, aspiração, polimento e material de limpeza. Mas quem pensa que os gastos do motorista param por aí está enganado. Para deixar o Corsa com "aquele jeitão" personalizado comprou a R$ 500,00 um som potente; R$ 310,00 com trava elétrica e alarme e R$ 150,00 para colocar película. Há duas semanas, conseguiu um dos seus maiores desejos: um DVD automotivo com tela retrátil de sete polegadas. Seu próximo passo será a aquisição de rodas de liga leve novas. "Já verifiquei os preços e vou comprar no valor de R$ 1,3 mil. Faço os serviços e compro sempre em oficinas e lojas simples, porque é m

ais barato e tem qualidade. Este ano já gastei o suficiente com o carro. Meu plano é comprar as rodas a partir do segundo semestre de 2012. Gosto de deixar o carro bonito, me sinto bem ao olhar para ele e ajuda ainda na hora da venda, porque valoriza o veículo", afirma.Para mantê-lo desse jeito é importante zelar pelo veículo e os cuidados estão sempre acompanhados de gastos com itens essenciais de segurança, acessórios e produtos de limpeza. Nos últimos 15 anos, o motorista profissional Alberto Garcia, 45 anos, já teve quatro carros. Para manter seu novo automóvel - Corsa Classic, modelo 2011 e na cor vermelha metaliza - ele gasta por mês cerca R$ 1,2 mil somente com pagamento da mensalidade, seguro e revisão.

O carro é também uma paixão na vida da psicóloga Tânia Barradas, 45 anos. Ela já teve 10 automóveis desde os 18 anos e diz que o carro é tido como indispensável. Isso porque ela depende do transporte para resolver situações do dia a dia relacionadas, principal

mente, ao seu trabalho. Para adquirir o mais recente personalizou o carro pela internet, antes da compra, tudo para ficar do seu jeito, coerente com seu gosto e temático como todos os outros que já teve. "Montei no site da concessionária para ter ideia se as cores (vermelha e preta) combinariam com os acessórios e escolhi o kit celebration (com trava, direção hidráulica e ar condicionado). Depois que recebi, fui a uma loja, coloquei alarme e película. Há um local no comércio de Belém que vende diversos acessórios e lá comprei capas para bancos e volante, protetor de sol e de cinto, tudo nas cores vermelho e preto para combinar. Ao final, o apelidei de 'Malagueta' por conta da cor vermelha, é um carro temático, bem equipado e me garante o conforto e a praticidade que preciso, é como se estivesse em casa. Considero importante porque passo muito tempo nele", conta a psicóloga.

Com todos os acessórios, incluindo os serviços prestados, a psicóloga já investiu, em média, desde outubro quando recebeu seu Fiat Uno Way, modelo 2011, R$ 700,00. Além disso, paga ao mês o mesmo valor distribuído na parcela, combustível e seguro. Sem falar nas taxas, como licenciamento e IPVA, que beiram ao ano uns R$ 800,00. Quanto à lavagem, Tânia afirma não ter tempo de passar em um lava-jato, e ela própria dá aquele banho no carro utilizando de preferência produtos ambientalmente corretos.

Para ajudar no banho do automóvel, nas prateleiras de supermercados da cidade estão disponíveis centenas de produtos de limpeza como silicone, limpa vidros, ceras em pasta e líquida, limpa pneus, flanelas, esponjas, enfim. Tem também diversos produtos que ajudam a aromatizar o ambiente automotivo. Os preços vão de R$ 1,50 (flanela) até R$ 56,60 (cera líquida).

O mercado de acessórios de veículos é aquecido na cidade. Próximo à igreja de Fátima, em Belém, há cerca de oito lojas automotivas que competem por produtos e serviços prestados aos clientes. São centenas de serviços oferecidos, que variam de R$ 20,00 (a instalação de som) até R$ 300,00 (aplicação de película de segurança) e os produtos ficam entre R$ 10,00 (friso) e R$ 6.000,00 (jogo de rodas de liga leve para caminhonete).

Segundo Carlos Fernandes, gerente de uma loja automotiva que tem seu sobrenome, o espaço oferece cerca de 500 tipos de produtos. Os serviços mais procurados são a aplicação de película e os valores são de acordo com o tamanho do veículo - vão de R$ 50,00 a R$ 100,00. A maior parte dos serviços conta com garantia de três meses. "Mesmo com a concorrência, as vendas são aquecidas e atendemos pelo menos 35 clientes por dia e no sábado dobra. Procuramos ter diferencial no mercado com atendimento em domicílio, já conseguimos ampliar a loja para dois espaços laterais e, geralmente, atingimos lucro de 30%. Acredito que é porque oferecemos qualidade no serviço e bons preços", afirma o gerente.

Nas concessionárias o fluxo de clientes também é intenso. Ana Joana Menezes é consultora de vendas de acessórios em uma revendedora de automóveis localizada no Marco, em Belém, e conta que todos os dias vende, no mínimo, 15 kits que contém película, jogo de frisos, protetor de cárter e rádio CD com MP3, que custam hoje R$ 834,00. "A maioria dos clientes são os que compram carro novo e procuram logo, principalmente, pelo protetor de cárter, porque é uma acessório necessário. Oferecemos cerca de 350 itens de acessórios para veículos e diferenciados para cada tipo de carro. Atualmente, está em alta no mercado a linha cromada. O movimento na loja é frequente por pessoas que querem ainda fazer revisão, trocar óleo, alinhar, balancear, enfim".

Películas, faróis e DVDs devem obedecer à legislação de trânsito

A partir da década de 80 surgiu a prática do uso de película escurecedora em veículos, caracterizado como acessório de luxo e beleza. No fim dos anos 80, houve a expansão para o ramo de construção civil e o aumento indiscriminado em vidros de carros. Motoristas em geral, afirmam que usam película para garantir maior segurança, manter a temperatura e, como conseqüência, minimizar a energia gasta para mantê-la e bloquear raios solares nocivos para a pele e à visão.

Porém, o coordenador de Operações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Rodolfo Ferreira, pondera, na vias urbanas e rodovias, o uso de películas é permitido, desde que siga especificações da Resolução 254, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 26 de outubro de 2007, que regulamenta a aplicação de películas em áreas envidraçadas. "Em seu artigo 3º, ela diz que a transmissão luminosa não poderá ser inferior a 75% nos casos de vidro incolor e de 70% em caso de vidros coloridos. A mesma resolução exclui desse limite as áreas envidraçadas do veículo que não são indispensáveis à dirigibilidade dos veículos. Para essas áreas, a transparência não poderá ser inferior a 28%".

De acordo com o artigo 8º da mesma resolução, está proibida a utilização de películas refletivas (espelhadas). O uso de películas em desacordo com a legislação constitui infração grave, resulta na aplicação de cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,94. "A medida administrativa no caso é a retenção do veículo para regularização. Em caso de película irregular, o motorista terá que retirar na hora o acessório se quiser seguir viagem".

Rodolfo Ferreira explica que outra resolução Contran, a de nº 242, de 22 de junho de 2007, dispõe sobre a instalação de equipamentos geradores de imagens nos veículos automotores. "Em seu artigo 1º, está dito que é permitida a instalação de aparelho de gerador de imagem cartográfica, com interface de geoprocessamento, destinado a orientar o condutor quanto ao funcionamento do veículo, sistema de auxílio de manobra, ou seja, GPS.

Mas o artigo 3º dessa resolução proíbe a instalação em veículos automotores de equipamentos geradores de imagens para fins de entretenimento (como DVD e outros) na parte dianteira, salvo se possuir mecanismo automático que o torne inoperante ou comute para a função de GPS independentemente da vontade do condutor ou passageiro no momento em que o carro começa a se mover. O descumprimento constitui infração ao artigo 230/12 do Código de Trânsito Brasileiro, consiste em infração grave, cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,96. Os faróis de faróis de Xenon, que garantem melhor iluminação e distribuição da luz, estão proibidos, com exceção daqueles que vêm de fábrica.

Uso inapropriado do som automotivo pode custar multas de até R$ 4 mil

A instalação de som está entre os cinco acessórios mais procurados por proprietários de veículos nas concessionárias e lojas. Mas quem costuma escutar músicas em volume exagerado nas vias, praças, praias e demais logradouros públicos de Belém está agora na mira da lei. A Câmara Municipal aprovou, em novembro de 2011, a proibição do funcionamento dos equipamentos de som em veículos em volume exagerado nesses espaços. Seu descumprimento pode gerar multa de até R$ 4 mil.

Na prática, a lei combate o abuso de motoristas que usam seus carros como "verdadeiras aparelhagens sonoras. Está permitido o equipamento nos carros para emissão de som ambiente, ou seja, sem exageros e incômodos para o entorno", disse o autor da lei, o vereador Fernando Dourado (PSD).

O parlamentar ressalta que existem legislações semelhantes, como a Lei do Silêncio, de 1993, e a que regula o funcionamento das propagandas através de carros-som, no entanto, havia ainda um vácuo quanto à regulamentação do uso de aparelhos sonoros em veículos automotivos.

Para não ferir o direito de liberdade de expressão, a lei deixa de fora carros a serviço de eventos do calendário oficial da cidade, manifestações religiosas, sindicais ou políticas; e veículos usados na publicidade sonora, situações regulamentadas por lei específica anterior a votada. A lei que deve ser ainda sancionada pelo prefeito Duciomar Costa para entrar em vigência.

Procon diz que serviços de oficinas precisam ser tabelados

Peças e serviços incompletos são hoje as maiores demandas de reclamações na Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/Seção Pará). Entre 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2012, foram 62 atendimentos relacionados aos carros nacionais, 22 usados e 4 importados. Em geral, as reclamações tratam de serviços que não foram concluídos ou mal feitos, porém muitas pessoas vão ao Procon para reclamar e não levam nota do serviço prestado. "Orientamos que sempre peçam a nota fiscal e caso não tenha traga pelo menos um recibo para oficializar a reclamação. Em seguida, notificamos a empresa para que esta resolva o problema do consumidor. Se não acontecer, chamamos audiência onde há conciliação entre as partes. A maioria dos casos são ocasionados pelas concessionárias, nas quais as pessoas vendem carros com problemas, com falta de peça e com defeito", disse Eliana Uchôa, diretora do Procon/PA.

Na opinião da diretora do Procon/PA, com aprovação da Lei 7.574, de 14 de dezembro de 2011, que dispõe sobre a obrigatoriedade da fixação de quadro com os preços dos serviços prestados pelas oficinas mecânicas, formais ou não, e afins no Estado do Pará, deve aumentar a demanda de reclamação por parte dos proprietários de veículos, porque vão exigir mais seus direitos. "Hoje as oficinas cobram até 100% de diferença, muitas dão o preço pela cara e modelo do carro do consumidor. Todas vão ter que afixar a tabela de preços com todos os serviços e o valor será padronizado. O consumidor vai poder barganhar, não ser mais refém e exigir serviço melhor. As oficinas que não cumprirem serão autuadas pelo Procon/PA e pagar multa", informou Eliana Uchôa.

Para aplicação da lei, a partir de janeiro de 2012, o Procon/PA vai notificar as empresas informando sobre a lei e dar um período de 20 a 30 dias para se adequarem à legislação. Depois disso, quem quiser pode ligar e denunciar as oficinas que descumprirem a lei, para que o Procon/PA possa autuá-la: 151 (gratuito) ou (91) 3073 2824.

Fotos: Elivaldo Pamplona, fotógrafo dos jornais O Liberal e Amazônia e Abrajet-Pará.

Belém faz 396 anos tomada por favelas

Texto: Cleide Magalhães

Reportagem Especial publicada no jornal Amazônia

Data: 08/12/2012

Moradores de áreas sem infraestrutura não comemoram

Belém completa 396 anos de fundação na próxima quinta-feira, 12, e o poder público municipal afirma ter motivos para comemorar a data com ações em diversas áreas. Pelas ruas da cidade, porém, o que se verifica, principalmente na periferia, é que a população não tem tanta razão para festejar. Nesses quase 400 anos da cidade, o belenense enfrenta muitas dificuldades, que vão da baixa renda e escolaridade até a falta de condições dignas de moradia.

No mês passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o levantamento de aglomerados subnormais no País. O mapa das favelas e comunidades com no mínimo 51 domicílios inclui barracos, casas ou outras moradias consideradas carentes. A Região Metropolitana de Belém (RMB) - que abrange os municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Isabel e Santa Bárbara - ganhou destaque com dados assustadores: a pesquisa revela que a RMB concentra 89% das pessoas em aglomerados subnormais do Pará. São 1.131.268 moradores nessas condições, o que corresponde a 52% de toda a população da RMB (2.097.287). É a maior proporção de pessoas em favelas entre todas as regiões metropolitanas do País.

O arquiteto e urbanista Paulo de Castro Ribeiro, graduado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), especialista em Planejamento e Transporte Urbano e mestre em Arquitetura, avalia que parte desse quadro é reflexo de uma conjuntura regional. 'Ao longo de sua história, Belém vivenciou conjunturas regionais nas quais ocorreram grandes fluxos migratórios para diversas atividades, desde o ciclo da borracha, no final do século XIX, até os grandes projetos, com destaque aos do século XX, os quais não tiveram sustentabilidade econômica, não conseguiram absorver o fluxo migratório nem se fixar na região e buscaram, então, a principal metrópole de referência (Belém) para garantir seu sustento', diz.

Foi assim que começou o processo de ocupação que caracteriza os aglomerados subnormais. 'Ele acontece em terrenos públicos e privados e algumas áreas já estão consolidadas, como as periferias da Marambaia, Sacramenta, Telégrafo, Jurunas e outras. Nelas, hoje nem existe mais espaço para moradia. A partir da década de 1970, esse tipo de ocupação se estendeu ao longo dos corredores da BR-316 e da rodovia Augusto Montenegro', afirma.

Os habitantes sofrem, nessas áreas, as consequências da falta de serviços e de infraestrutura urbana necessários à garantia de qualidade de vida. 'Falta destino final adequado para o lixo, abastecimento de água, asfaltamento, pavimentação de ruas, proteção das bacias hidrográficas e mananciais de água, drenagem, rede de esgotamento sanitário nem se fala, pois este não tem nem nos bairros nobres da cidade, como o Umarizal. Todos os empreendimentos que surgem na rodovia Augusto Montenegro, nenhum deles têm sua rede porque ela não existe na cidade. É uma condição extremamente precária', alerta.

A baixada da Estrada Nova Jurunas aparece no estudo do IBGE como a maior favela de Belém e a quinta em todo o Brasil. Com 53.129 moradores, ela só fica atrás da Rocinha (RJ), com 69.161 residentes. Completam a lista dos mais populosos aglomerados subnormais do Pará as baixadas da Condor, com 38.873 moradores; Bacia do Tucunduba - Terra Firme, com 35.111 moradores; Bacia do Una-Telégrafo, com 30.094; Baixada do Guamá, com 29.609; Bacia do Una-Barreiro, com 26 003; e Bacia do Tucunduba-Guamá, com 21 656.

Esgotamento - Quarenta por cento do Estado, segundo o IBGE, ainda não têm acesso à água tratada e apenas 6% dos domicílios de Belém tem acesso à rede geral de esgoto. Além disso, não há uma política de tratamento dos resíduos e praticamente todos os municípios do Pará ainda despejam resíduos sólidos em vazadouros a céu aberto, entre eles está a capital. Há previsão de melhoria ainda tímida: até 2014 rede de esgoto poderá chegar a 10% os domicílios. O pequeno salto será dado com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Prefeito lista realizações, destacando áreas de educação e saúde

A gestão municipal diz realizar grandes obras na sua administração nas áreas de saúde, educação, infraestrutura, juventude, esporte e lazer e cultura, razões para se comemorar o aniversário da cidade. 'Nós realizamos muitas coisas que vão ficar sem dúvida na lembrança, na memória e na história da cidade de Belém. É muita coisa para comemorar. Eu me sinto satisfeito com os resultados que a gente alcançou', afirma o prefeito Duciomar Costa.

Um dos pontos fortes é a educação. Ele destaca que os professores foram qualificados e reconhecidos e mais de 14 escolas foram inauguradas. 'Na educação infantil Belém só tinha 26 escolas, hoje são 41, incluindo as seis ecoescolas. O ensino fundamental tinha 59 escolas, hoje tem 63 e mais seis serão inauguradas ainda este ano. As escolas das ilhas são um bom exemplo, com merenda de qualidade e em muitas são usados insumos dos produtores da comunidade. Hoje essas escolas têm banheiros de qualidade, boa iluminação e gerador próprio. Todas as escolas da rede municipal foram reformadas, tem biblioteca e quadra coberta. Nós também investimos no transporte escolar'.

Na área da saúde ele ressalta que há atividades focadas na prevenção e afirma que, no ano passado, reduziu o número de casos de dengue em mais de 30%, e a média dos últimos seis anos ficou em 55%. Os casos de malária cairam 98%. Além disso, inaugurou o Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas (Cemo), com tratamento de urgência e emergência 24 horas. Além da inauguração da ala pediátrica do Pronto-Socorro da travessa 14 de Março e o anexo deste Pronto-Socorro com 65 novos leitos e em Mosqueiro, a reforma do hospital com 22 novos leitos. Mas foi também na sua gestão que a saúde sofreu um 'apagão médico', em novembro de 2011, quando 180 dos 350 médicos da Cooperativa dos Profissionais da Saúde da Amazônia (Amazomcoop), que atuavam na rede pública de urgência e emergência da região metropolitana de Belém, foram dispensados pela Secretaria de Saúde e a ausência deles provocou uma crise.

'Concentramos esforços na saúde e sabemos que ainda é preciso investir muito mais nessa área e fortalecer ainda a atenção básica. Quanto à questão dos médicos, temos avançado e procurado ocupar essas vagas para garantir que as pessoas tenham um atendimento de qualidade quando procurem os nossos atendimentos públicos', disse o prefeito.

Na área de saneamento afirma que, em menos de sete anos, foram asfaltadas 2,5 mil ruas e poderá chegar a 3 mil no final da gestão. Sobre a questão do lixo, Duciomar afirma a cidade conta com vários pontos de entulhos, porém destaca que hoje cerca de 90% do lixo doméstico é coletado. 'Esse lixo não é o que dá a sensação de sujeira na cidade. O que dá a sensação de uma cidade suja é o entulho, que se por um lado mostra que hoje as pessoas já estão tendo condições de fazer reforma em casa, por outro lado aquele resto de material ou até mesmo de limpeza de quintal é jogado na rua sem a menor preocupação, enquanto a legislação é muito clara e diz que a responsabilidade é de quem produz o entulho. E a cidade de fato tem vários pontos como estes. Fazemos um trabalho forte com a Secretaria de Saneamento de conscientização, com os donos dos carrinhos que muitas vezes recebem para recolher esses entulhos e depositam nas margens dos canais. Estamos tentando dar a eles capacitação para mudar de ramo. Alguns já estão empregados, mas precisamos dar as mãos para a população. A prefeitura sozinha não consegue solucionar o problema. É preciso cuidar de Belém', disse Duciomar.

Terra firme tem problemas de sobra à comunidade

Na Terra Firme a população reclama de problemas sérios, como a miséria, a falta saneamento básico e a violência. Pelas avenidas, ruas, passagens e becos do bairro muitas famílias se sentem reféns dos bandidos e muitas pessoas andam sobressaltadas pela área, onde a falta políticas públicas abre espaço para que impere a 'lei do silêncio'.

'Os principais problemas são a violência e constantes assaltos, além da falta de atendimento médico, mas isso não é só neste bairro, e sim em toda a cidade. A gente não consegue trabalhar direito, tendo a sensação de correr risco de morte. Nas unidades de saúde e hospitais de urgência e emergência o atendimento ainda é ruim, pois falta médico, falta leito, atenção enfim. Por essas razões, vejo que falta muito para Belém ser uma cidade em que sejamos felizes e tenhamos o que comemorar no seu aniversário', desabafou um peixeiro.

Portal da Amazônia seria bom presente, mas obra está muito atrasada

Entre as obras feitas em Belém, Paulo Ribeiro afirma que a drenagem da bacia do Una foi uma das mais importantes. Entre as 14 bacias existentes em Belém, ele destaca ainda que a macrodrenagem da Estrada Nova poderá ser um bom presente para a cidade. Nessa área está o projeto Portal da Amazônia, que se arrasta desde 2008.

Na opinião do estanceiro e carpinteiro Lucivaldo Carvalho, 33 anos, que partiu há dois anos do município de Portel, na ilha do Marajó, para Belém em busca oportunidades, um dos melhores presentes que Belém precisa ter é a sua orla aberta e de frente para o rio. "Se essa obra do Portal terminasse seria bom, porque tá demorando muito, desde que cheguei aqui ouço falar nesse projeto. Passo quase todos os dias pela Estada Nova e vejo que o trabalho de construção está lento", verifica.

O projeto consiste na construção de uma avenida na beira do rio com quatro pistas e área de lazer e circulação, composta por passeio público, ciclovias, estacionamento, quadras poliesportivas e parques infantis, com um perímetro de construção de 6,6 mil metros - com início às proximidades do Mangal das Garças, na Cidade Velha, e término na Universidade Federal do Pará (UFPA), no Guamá.

Esse talvez seja o maior projeto da atual administração, pelo menos é o que considera o prefeito Duciomar Costa (PDT). "Vamos estar com quase 30% do andamento concluído, dar tratamento nos canais, uma operação que muda a vida de 300 mil pessoas diretamente. São dez bairros atendidos pelo Portal, uma obra completa que tem também as estações de tratamento de esgotos. O projeto prevê ainda o remanejamento de pessoas que moram hoje sobre os canais, as quais serão realocadas para até 1 km de onde moram hoje, para garantir que não sejam quebrados os laços construídos durante anos", disseo gestor.

A obra consumirá cerca de R$ 1 bilhão em recursos da União liberados pelo Ministério das Cidades, pelo Ministério do Turismo, pelo PAC e também com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A previsão de entrega, prorrogada várias vezes, é de mais 18 meses.

Para o arquiteto e urbanista Paulo de Castro Ribeiro existe hoje cenário econômico nacional favorável para Belém e melhorá-la consiste atuar em dois principais níveis. "Belém não pode ser pensada de forma isolada, é fundamental que haja integração e entrosamento entre pelo menos as prefeituras mais próximas da RMB, para tratar de determinados assuntos que são graves como os assentamentos subnormais e contar com a participação do Estado, porque hoje a RMB detém 1/3 do Produto Interno Bruto do Estado".

No âmbito interno, ele destaca que é fundamental dar importância ao papel de regulação que cabe à administração municipal no processo de crescimento da cidade. "A ação deve ser feita por meio de instrumentos eficazes, que podem potencializar e melhorar determinadas áreas a partir da vitalidade do setor imobiliário, por exemplo. Mas para isso precisa ter planejamento e o papel de regulador do processo, e não deixar as coisas acontecerem de forma discriminada", orienta.