segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A alma da natureza, já tão esquecida

Meio Ambiente

Anuncia-se que foi concluído pelo Governo Federal projeto que libera, mediante licitação, projetos de mineração em áreas indígenas (que constituem quase 13% do território nacional), bem como proíbem vetos dos índios a projetos de usinas hidrelétricas em suas áreas. É tema que exige muito cuidado - basta lembrar que grupos indígenas do Pará estão indignados por não haverem conseguido manifestar-se nas audiências públicas sobre a Hidrelétrica de Belo Monte, que também estão sendo impugnadas na Justiça pelo Ministério Público Federal -, embora o presidente do IBAMA considere "maluquice" os argumentos de todos esses interlocutores e os de cientistas (como os que fizeram estudo na Unicamp) sobre a possibilidade de conservação de energia no País.

A primeira razão para cuidado está em que todos os estudos sobre conservação da biodiversidade apontam as áreas indígenas como o melhor formato para isso. E quando se introduzem valores de outras culturas (como a permissão para receber royalties na mineração), o quadro muda e com ele todo o modo de viver, inclusive os formatos que permitem conservar a biodiversidade. Para que se tenha ideia do que pode ser a biodiversidade conservada, um relatório citado pela ONU - Sistemas Alimentares dos Povos Indígenas, Universidade McGill - lista as espécies de que se alimenta um único grupo, o Karen, na Birmânia: 317 de alimentos, 208 de hortaliças, 62 de frutas. Compare-se com um morador das cidades. Mas, dos 370 milhões de índios no mundo, um décimo vive em "extrema miséria", exatamente por haver-se aculturado.

Um exemplo valioso pode ser encontrado no Parque Indígena do Xingu. Na década de 70, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo, liderados pelo professor Roberto Baruzzi, acompanharam durante anos a alimentação, os hábitos e o estado de saúde de vários grupos da reserva. E não encontraram um só caso de doença cardiovascular, pois não havia ali nenhum dos fatores genéticos nem os gerados pela alimentação (obesidade), sal, fumo, álcool, vida sedentária e outros. Passados 30 anos e intensificado o contato com as cidades, a obesidade já atinge 76,4% das índias xinguanas e 50% dos homens apresentam sintomas de hipertensão.

O Xingu, é hoje uma ilha de biodiversidade entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, cercada por pastos e plantios de soja. E naqueles dois biomas estão dois terços, pelo menos, da rica biodiversidade brasileira, que pode chegar a uns 15% do total mundial e se vai perdendo em alta velocidade. "A riqueza que temos guardada na biodiversidade do Cerrado é mil vezes superior à da agricultura", afirmou a Herton Escobar o competente agrônomo Eduardo Assad, da Embrapa. Porque "é no DNA das plantas nativas que estão genes capazes de proteger as plantas "estrangeiras" (soja, milho, algodão, arroz) dos danos do aquecimento global". Já o Ministério do Meio Ambiente (7/10/09), citando estudos da Comissão Europeia e da Alemanha, estima em US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões o prejuízo anual com o desmatamento e a perda da biodiversidade. O cientista Thomas Lovejoy, calcula em mais de US$ 200 bilhões anuais o valor dos medicamentos derivados de plantas comercializados no mundo.

É uma questão tão aguda que a recente Conferência Mundial sobre Desertificação, realizada em Buenos Aires, decidiu criar não só indicadores para essa e outras perdas, como até um órgão semelhante ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas para cuidar desse e de outros temas relacionados com a desertificação dos solos (que avança 60 mil km2 por ano e agrava o problema do consumo de recursos naturais além da capacidade de reposição do Planeta).
Tanto pessoas já convencidas da importância da conservação da biodiversidade como as que ainda encaram o tema com ceticismo deveriam ler o recém-lançado livro “Yuxin – Alma”, da escritora Ana Miranda (Companhia das Letras/SESC-SP). A partir da narrativa dos pensamentos da índia Yuxin sobre o sumiço de seu marido, Xumani, a autora faz um extraordinário arrolamento romanceado da diversidade vegetal, animal e cultural da região em que se passa o livro - principalmente dos kaxinawas, ticunas, ashaninkas e katukinas.

O livro chega no momento em que ainda ressoam palavras do escritor Marcio Souza (Mad Maria, Galvez, o Imperador do Acre) num recente seminário em Manaus sobre biodiversidade: "Onde estão as culturas amazônicas que levaram a floresta a manter-se de pé durante séculos? As culturas amazônicas só costumam aparecer como folclore, depois que a polícia passa".


Pois no extraordinário livro de Ana Miranda estão lá, em sua força, os muitos formatos dessas culturas, num quase inacreditável desfilar de árvores, plantas alimentícias, frutas, espécies portadoras de óleos e outras, infindáveis animais e os costumes e modos de cada um, as complexas relações entre humanos e todos esses seres, os formatos da conservação, os modos de interpretar o tempo, os modos de apropriar-se de elementos da natureza, os sons da floresta e o silêncio e muito mais. Além da fascinante descrição dos relacionamentos com o mundo dos espíritos. Um trabalho de pesquisa que deve ter exigido anos - e outros tantos para conjugá-la com a arte narrativa.

Deveria ser leitura obrigatória em todo o País, que cada dia vê diminuir seu acervo cultural nessas áreas. E na hora em que a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados aprova projeto de lei que permite patentear substâncias e materiais biológicos (moléculas, genes, proteínas) "obtidos, extraídos ou isolados da natureza", para deles tirar vantagens econômicas. Como se tudo já não estivesse criado, inventado, como mostra o livro de Ana Miranda. Felizmente, o projeto ainda passará por outras comissões, que poderão impedir o desatino.

Por: Washington Novaes, jornalista.

Artigo publicado originalmente na Revista Eco 21: http://www.eco21.com.br

(Envolverde/ECO 21)

domingo, 29 de novembro de 2009

Geóloga quer justiça para primo morto após se atropelado

Justiça e Solidariedade

Prezados,

A matéria abaixo é sobre meu primo Gabriel, o qual recordo todos dias de seu belo e lindo sorriso.

Durante muitos anos, nós da família, vivemos a dor da saudade e a revolta com a lentidão da justiça.

Até cheguei a procurar por ajuda na universidade e com qualquer advogado que conhecia..Mas, quando eles viam o processo, desistiam.

Alegando que a D. Manoel tem um dos melhores grupos de advogados do Pará. Para não dizer corruptos.

Bom, o fato é que 15 anos se passaram e nenhuma providência foi tomada. Nenhuma justiça foi feita.

A sociedade está cada vez mais longe de ser vivida com dignidade. Pagamos muito caro por muito pouco, ou melhor, quase nada!

Até quando teremos pessoas corruptas representando nossos "direitos"????

O caso do Gabriel não é o único e pelo visto não será o último. Muitas pessoas tem seus sonhos destruídos em diversas áreas da sociedade.

Espero que nenhum de vocês ou conhecidos de vocês passem pelo que estamos passando durante todos esses anos.

Sds,

Luciana
Pereira
Geóloga.

Mulher exige justiça para o filho morto após ser atropelado por ônibus

Morando em Belo Horizonte (MG), a dona-de-casa paraense, Telma Pinto, acompanha à distância o processo que cobra pouco mais de R$ 100 mil de indenização da empresa de transporte Dom Manoel pela morte do filho, Gabriel Barbosa Pinto, à época com 7 anos, em maio de 1994, em Belém. Um ônibus da empresa atropelou e matou o menino na Avenida Roberto Camelier, no bairro do Jurunas. 'Tem 15 anos que nós esperamos um desfecho desse caso na justiça e até agora nada', afirmou a mãe, por telefone.

O processo, segundo Telma, está 'emperrado' na 11ª Vara Cível de Belém, nas mãos da juíza Maria do Céu Maciel Coutinho. 'Não entendendo porque esse processo não anda. Durante todo esse tempo gastei muito dinheiro com advogados, estive várias vezes em Belém, mas a situação não se resolve', disse ela, que ganhou na justiça o direito de ser indenizada pela empresa. 'Infelizmente é um processo muito demorado e não tenho tempo ou dinheiro para ir o tempo todo a Belém. Só não quero que a morte do meu filho fique impune.'

Através de sua assessoria, a juíza Maria do Céu informou à reportagem que o processo já foi julgado e está sendo executado. Não foi possível, no entanto, obter detalhes sobre a tramitação do caso. Segundo a assessoria da magistrada, apenas as partes envolvidas no processo podem obter maiores informações sobre o assunto. A magistrada, no entanto, coloca-se à disposição para apresentar os documentos referentes ao caso aos interressados.

Segundo Telma, o motorista que dirigia o ônibus da linha Ceasa/Ver-o-Peso, Joelson Rabelo, nunca foi preso, deixou de comparecer às audiências do processo e também permanece impune. O caso foi julgado pela primeira vez em 1997, quando a empresa foi condenada a pagar uma pensão no valor de dois salários mínimos aos pais da vítima durante o período de 59 anos. A Dom Manoel recorreu da decisão e conseguiu reduzir esse valor para pouco mais de R$ 100 mil, mas Telma garante que a indenização não foi paga até agora.

Gabriel Barbosa Pinto tinha 7 anos e morava com a avó materna, no bairro do Jurunas, quando foi atropelado por um ônibus da linha Ceasa/Ver-o-Peso, na Avenida Roberto Camelier. 'Foi um momento de descuido, ele tinha saído de casa sem avisar, para comprar bombom', contou a mãe. Segundo ela, as testemunhas do acidente relataram que o ônibus trafegava em alta velocidade e atingiu o garoto na calçada. O motorista fugiu do local sem prestar socorro à vítima, que morreu na hora.

Fonte: Jornal O Liberal, caderno Atualidades, 26/11/09.

Rede Faor discute ordenamento territorial

Política e Meio Ambiente

Nos próximos dias 02 e 03 acontecerá o Seminário Estadual sobre o Ordenamento Territorial no Pará. O evento será realizado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e dividido em dois painéis que discutirão CPI da Grilagem x Programa Terra Legal e ordenamento fundiário e seus rebatimentos nas populações tradicionais e no clima.

Participarão do evento entidades ligadas aos movimentos sociais dos estados do Pará, Amapá, Tocantins e Maranhão.

A promoção é da Rede Fórum da Amazônia Oriental (Faor), Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), Comissão Pastoral da Terra- PA, Conselho Indigenista Missionário – PA, Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba), Instituto Universidade Popular (Unipop) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).

Segundo Luciene Moraes, secretária executiva da Rede Faor, o seminário tem por objetivos aprofundar o debate sobre como o governo estadual está executando a regularização fundiária, levando em consideração o processo da CPI da Grilagem e o Programa Terra Legal; dialogar sobre a representação da sociedade civil no Grupo de Acompanhamento e Controle Social do Programa Terra Legal; estudar a Lei 11.952 e quais os seus benefícios e os entraves para a regularização fundiária na Amazônia; subsidiar os questionamentos a serem feitos durante a sessão especial na Assembleia Legislativa do Estado (na tarde do dia 03), além de construir/Identificar elementos para a ação política do Faor através do GT Terra, Água, e Meio Ambiente.

Serviço: Seminário Estadual sobre o Ordenamento Territorial no Pará, 02 e 03 de dezembro, na sede da CNBB, que fica na travessa Barão do Triunfo, 3151, entre avenidas Almirante Barroso e 25 de Setembro, Marco. Mais informações: 3261 4334 / 8880 6568. Falar com Luciene Moraes.

Edição de texto: Cleide Magalhães, com informações de Marquinho Mota, assessor de comunicação do Faor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

“Jogo Aberto” debate sobre Belo Monte

Meio Ambiente, Mídia e Cidadania


Neste sábado (28), haverá debate sobre Belo Monte, ao vivo, das 14h às 16h, no programa "Jogo Aberto", da Rádio Tabajara FM 106, 1 MHz. O assunto será a pauta principal do programa, apresentado dos jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou, que discutirão com os entrevistados Luiz Cláudio, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Norte II (Pará/Amapá), Dion Monteiro, do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, Anderson Castro, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Nicias Ribeiro, engenheiro.


Na ocasião, os entrevistados apresentarão visões diversas à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, sudoeste do Pará. Além disso, falarão da organização de um ato em protesto à usina, que acontecerá em Belém no próximo dia 11.


A Rádio Tabajara fica em Belém e transmite a programação também pela internet: www.radiotabajara.com.br

E-mail: radiotabajarafm@hotmail.com


Participe!


Texto: Cleide Magalhães

Foto: Flor na pedra, no rio Xingu. Por: Marquinho Mota, assessor de comunicação do Fórum da Amazônia Oriental (Faor).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Che 2 - A Guerrilha até domingo, no Centur

Arte e Cultura

Che 2 - A Guerrilha, a segunda parte da cinebiografia de um dos maiores ícones da política internacional chega agora ao Cine Líbero Luxardo, com exibições de 26 a 29 de novembro.

Após o sucesso da Revolução Cubana, quando Ernesto “Che” Guevara junto a Fidel e Raul Castro derruba a ditadura de Fulgencio Batista em Cuba, uma nova empreitada se apresenta à vida do guerrilheiro. Nela, o ex-médico argentino diante da necessidade de promover mudanças sociopolíticas em toda a América Latina segue para Bolívia.

O ator porto-riquenho Benício Del Toro interpreta novamente Guevara que tinha como compromisso principal de vida o de lutar contra o imperialismo norte-americano. Para seguir a luta, Che parte de Cuba deixando para trás cargos administrativos, luxos e regalias por uma excursão difícil que levaria a sua morte.

À Bolívia, ele chega com passaporte falso e o nome de Ramon. A partir daí, apoiado por um grupo de revolucionários argentinos e bolivianos, Che recruta outros guerrilheiros e passa a articular um plano para a derrubada do governo local ditatorial e corrupto. Passam-se 341 dias de fome, traições internas, doenças e riscos de uma campanha fracassada.

No dia 8 de outubro de 1967 Che é capturado. Sua execução vem no dia seguinte. Novamente, a atuação de Del Toro ganha destaque pela força que imprime a personagem. No elenco, há participações de Matt Damon, Lou Diamond Phillips (o Ritchie Valenz de La Bamba), Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça) e Rodrigo Santoro (rápida aparição como Raul Castro).

Esta continuação do primeiro longa também tem a direção de Steven Soderbergh, elogiado por ter contado a história de forma clara e imparcial apesar de ter utilizado um roteiro baseado nos diários do próprio Che. “Che 2 - A Guerrilha” foi lançado em 2008, tem duração de duas horas e 15 minutos. Teve como título original, “Che: Part Two”. A fotografia também é assinada por Steven Soderbergh. Mais informações sobre a película no site oficial: http://www.cheofilme.com.br/

Serviço - Che 2 – A Guerrilha, de 26 a 29 de novembro, às 19h30, no Cine Líbero Luxardo, Centur - Av. Gentil Bitencourt, 650. Ingressos: R$5,00 (com meia). Informações: (91) 3202-4321.

Fonte:
www.guiart.com.br

Museu do Marajó pede: socorro!

Arte e Cultura

Na última semana, o Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, no Pará, teve suspenso o fornecimento de energia elétrica por falta de pagamento. A crise financeira reduziu o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) “obrigando” a prefeitura cortar drasticamente recursos que concedia para funcionamento da entidade. Depois a luz voltou, mas ainda não apareceram recursos para pagar as contas atrasadas.

Dessa forma, o museu viu-se mais dependente de ajuda estadual através dos Museus e Memoriais da Secretaria de Cultura do Pará (SIM/Secult) que, por sua vez, estaria em grande atraso com os repasses acordados.

O presidente da instituição, Antônio Smith, velho companheiro do padre Giovanni Gallo, na fase mais difícil de manutenção do museu demonstra-se desolado e prestes a convocar a imprensa, fechar o museu e depositar as chaves com a direção do Sistema Integrado de Museus.

A situação agrava-se quando se aguarda visita técnica do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), prevista para janeiro de 2010.

Entretanto, diversos amigos se mobilizam para achar novos rumos ao museu do homem marajoara. O Instituto Peabiru está engajado para dar assessoria em gestão durante 36 meses.

Museu do Marajó - O museu foi fundado em 1972 pelo padre italiano naturalizado brasileiro Giovanni Gallo no galpão onde funcionava uma fábrica de óleo. O acervo do Museu do Marajó estão em exposição permanente e é formado de objetos que ajudam entender a formação do caboclo daquela região desde sua origem, inclusive com peças arqueológicas que datam da pré-história até peças do seu cotidiano recente e utensílios, que ajudam a entrar um pouco em seu modo de vida. O museu também mantém interação com os habitantes locais por meio de oficinas e atividades culturais.

Por: Cleide Magalhães.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Boinas verdes, 40 anos depois

Arte, Cultura, Memória e Ciência

Gostaria que alguém tivesse me contado sobre o passar do tempo: Que depois dos vinte e cinco anos, cada ano passa duas vezes mais rápido, e que depois dos sessenta, cada ano passa dez vezes mais.” (Richard Edler)

Fundamental é a experiência de um profissional em suas atividades. Não bastam os cursos de especializações, mestrados ou doutorados, se o conhecimento prático, as experiência vividas, os conceitos adquiridos ao longo do tempo estiverem em menor intensidade, sobretudo se o profissional for médico e trabalhe com a arte de ensinar e praticar a medicina; para muitos seria um semideus, por ter conhecimento e capacidade de lidar com a vida e a morte, por haver quase sempre uma empatia do médico com seu paciente, e o ato médico ser mais humano e menos instrumental que a prática de hoje. Podemos dizer com isso, que havia um “glamour” no exercício da profissão médica, em épocas passadas. No entanto, pela mercantilizarão, pelo julgamento intempestivo de suas ações, e crescimento de outras profissões que concorriam paralelamente, isso se foi, e o respeito aos esculápios não é mais o mesmo, desapareceu a aura, e caiu em desencanto.

Há 40 anos, os alunos de medicina estudavam, na década de 60 do século passado, numa fase social crítica, em um regime de governo militar de exceção, pois sabemos que, em 31 de março de 1964, uma insurreição com a participação de civis às casernas passou a conduzir os destinos dos pais, por uma ação militar que derrubou o governo do então presidente João Goulart. Em 1969, quando essa turma de medicina, a qual me inclui, terminava seu curso médico, vivenciávamos o ato Institucional nº. 5 (1968), o principal instrumento do Estado de exceção, desde o início da revolução militar. “Brasil ame-o ou deixe-o” era o lema da época.

Contraposto a esses fatos, acontecia a explosão musical dos Beatles, da Jovem guarda liderada por Roberto Carlos, da Bossa Nova, de Simonal, dos Festivais de Música Popular Brasileira, que evidenciaram Chico Buarque, Nara, Gil, Caetano, Vandré, do amigo da onça na criação imortal de Péricles, e do cinema de arte nas manhãs de sábado no cinema Olímpia, onde lá se exibiam La Belle de Jour, Fellini, La Luna, Viridiana, Cidadão Kane e outras pérolas do cinema. As noites de Belém corriam soltas por conta do Palácio dos Bares, Mon ami, Pagode chinês, Papa Jimmy e outras casas noturnas da cidade à época, que eram o entretenimento de parte dos futuros médicos, após noites de estudos.

Na área acadêmica havia a generosidade do hospital mãe dos estudantes de medicina da época, a Santa Casa de Misericórdia do Pará, pois lá estavam as grandes Cátedras de professores do ensino do Pará, como da Neurologia, Psiquiatria, Ginecologia e Obstetrícia, Anatomia patológica, Dermatologia, Pediatria, Histologia e outros. Era uma fase áurea do curso de medicina da Universidade Federal do Pará, já que havia o compromisso de todos com a formação do profissional. O curso era longo, seis anos, mas sempre vivenciados no período pelos mesmos alunos, sem fragmentação, como no posterior regime de créditos da Universidade, a partir das leis de Diretrizes e Bases de 1970. Os médicos lá formados, não necessitavam, em sua maior parte, de cursos fora de Belém como complementação, pois já saiam preparados para a função que vida lhe preparava, ou seja, sentar-se a beira do leito de um paciente e minorar seus sofrimentos.

Os calouros da turma de medicina da UFPA de 1969 portavam com vaidade uma boina de cor verde em cima de uma cabeça raspada e que os identificavam como futuros médicos, já que a boina dos advogados era vermelha, do engenheiro era azul, e da odontologia, cor de vinho. Esses mesmos colegas aprovados conviveram por seis anos lado a lado, tornando-se uma irmandade eterna.

O destino se encarregou de direcioná-los. Grande parte continua médicos, outros políticos, militares, professores, gestores públicos, outros se aposentaram e, finalmente, aqueles que foram para a vida eterna, ao longo desta feliz e inesquecível caminhada.

Concluo com a frase final do orador oficial da turma de medicina de 1969, no Teatro da Paz, Dr. Martinho Borges da Fonseca Araújo e que, hoje, habita no céu: “Médico, a última esperança que chega sempre primeiro”.

Por: Murilo Morhy, médico e professor.

Sementes homenageia o paraense Benedito Nunes

Arte, Cultura e Filosofia

O programa Sementes, da TV Cultura do Pará, faz homenagem hoje ao filósofo e escritor paraense Benedito Nunes e mostra um pouco da história deste crítico literário que enxerga a filosofia na literatura. Além disso, uma reportagem fala sobre o que é a bioinformática e porque ela é tão importante para a medicina. Outro fato curioso é: você sabia que os cães sofrem mutação genética? O Sementes mostra algumas raças que têm dificuldades de andar ou enxergar por causa disso. Para fechar, tem entrevista com a veterinária Regina Peresino sobre os cuidados com animais que sofreram mutação genética.

Serviço
– O Sementes vai ao ar toda quarta, às 19h30, no sábado às 13h e domingo às 7h30. Todos os programas estão disponíveis ainda no Portal Cultura (www.portalcultura.com.br
)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Usina colonial: é Belo Monte

Meio Ambiente

Talvez a projetada hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, se torne única na história da energia em todo mundo: o custo da transmissão irá superar o da geração. Jorge Palmeira, presidente da Eletronorte, diz que a obra da usina sairá por valor “superior” (não diz em quanto) a seis bilhões de reais. Já a linha de transmissão custará R$ 7 bilhões. Em geral, a hidrelétrica é muito mais cara do que a sua linha. Por que a diferença?

Belo Monte foi concebida para gerar energia para consumidores que estão a grande distância e não para atender demanda local. Suas linhas de transmissão poderão chegar a três mil quilômetros de extensão para que ela atinja os mercados mais eletrointensivos do país. Como o pacote completo do projeto, superando R$ 13 bilhões, dificilmente atrairia interessado e ainda exporia o seu custo a críticas, a obra foi dividida em duas partes e assim será licitada (ainda neste semestre, na expectativa da estatal).

Como se trata de um projeto colonial, de transferência de energia bruta para transformação em outro local, o que acontecerá é que essa linha de transmissão será quase só de mão única. No período úmido, quando chover bastante no vale do rio Xingu, ela remeterá para o sul uma enorme quantidade de energia, que a Eletronorte continua a dizer que chegará a 11 mil megawatts (um terço a mais do que a potência máxima de Tucuruí).

No período seco, quando não haverá água suficiente, em algum momento sequer para movimentar uma só das 20 máquinas da casa de força da usina, não virá por esse linhão a energia do sul, que estará em período hidrológico favorável, através do sistema integrado nacional. Por quê? Porque não haverá demanda significativa em torno de Belo Monte, típico projeto de enclave e não de desenvolvimento, para absorver a carga justificável para transferência em alta tensão por essa distância.

Se o que a Eletronorte diz for verdadeiro, mesmo em certos momentos do verão no Xingu, quando poderá estar gerando de 800 a até mil MW, Belo Monte continuará a ser um sangradouro de energia do Pará se não surgir empreendimentos produtivos associados à oferta abundante de energia. Por enquanto, essa relação não foi estabelecida. O que existe são conjecturas e especulações. Ou, quando muito, intenções não consolidadas.

Se Belo Monte sair, o Pará se tornará o maior exportador de energia bruta do Brasil (é o 3º no momento). Talvez do mundo. Não é um título que nos honre, muito pelo contrário. Estará mandando para outros lugares um dos principais insumos do desenvolvimento para se subdesenvolver cada vez mais.

Fonte: Jornal Pessoal, do jornalista Lúcio Flávio Pinto.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Calmaria e Luz e Paz

Arte e Poesia

Calmaria

Ponta de pedra,

pedra gravada

ponta de um,

cabeça pintada

pelo sol,

pelo céu

pêlo seu.

Água verde,

Morada de Deus

Casa vazia

desejos meus, teus.

Boca na boca

alma na alma

em vidas passadas

vem você que é minha calma

na beira de um rio.


Luz e Paz

O sangue que pulsa pelo corpo

determinou o rítmimo da minha vida

quando estava a caminho de casa

procurando colo,

procurando um porto para partir e

uma porta para entrar.

A luz que reflete em minhas retinas

gravou tua imagem em minha alma tão forte

A luz que reflete em minhas retinas

gravou tua imagem em minha alma tão forte

que chego a imaginar que sempre esteve lá;

tão de perto que chego a sentir

teus traços ancestrais em mim.

O cheiro que invade meu ser

com certeza veio de você.

Por: Marquinho Mota.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ato protesta construção de Belo Monte

Meio Ambiente e Cidadania

O Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal do Pará (UFPA),
organiza, no próximo dia 11, manifestação em protesto à construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, no rio Xingu, sudoeste do Pará. Um ato, que terá concentração às 9h, no terceiro portão da UFPA, percorrerá deste até a sede da Eletronorte, na avenida Perimetral.

Ainda na segunda-feira (07/12), às 18h, na sede do Instituto Universidade Popular (Unipop), na avenida Senador Lemos, 557, no Umarizal, haverá mais uma reunião do Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre para articular a construção do ato em Belém. "Na defesa de soluções sustentáveis, por meio de energias renováveis, que não polui o meio ambiente e nem causa impactos ambientais, e em defesa da vida da população originária da região do Xingu e dos povos tradicionais, chamamos os movimentos sociais e a população em geral a se somar na luta pela vida e contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte", convida Anderson Castro, coordenador geral do DCE.

O indicativo do ato aconteceu depois do debate aberto que discutiu a problemática no último dia 17, à tarde, no Centro de Convenções da UFPA. Compuseram a mesa de discussão Dion Monteiro, do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, e Nirvea Ravena, do Comitê de Especialista do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia da UFPA (Naea).

Anderson avalia o debate de forma positiva. “Quem esteve presente pode ter acesso a estudos ao histórico de tentativa de construção da Usina, aos impactos ambientais que Belo Monte que trará aos povos indígenas, ribeirinhos e populações tradicionais que vivem ao entorno do rio Xingu. Os dados técnicos contrapõem os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) apresentados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). São informações fundamentais que reforçam a importância de estarmos nos contrapondo à construção dessa e de qualquer outra barragem. Agora é correr contra o tempo para barrar a construção de Belo Monte a favor da vida do Rio Xingu e dos povos que ali habitam”, alerta.

Embora a grande mídia não tenha aberto espaço como deveria para tratar sobre o assunto (o que garantiria ainda mais a possibilidade de a sociedade debater a questão que é complicada e séria), participaram do evento 80 pessoas das áreas de Oceanografia, Turismo, Direito, Biotecnologia, Ciências Sociais, Jornalismo, Pedagogia, História, Física, Artes Visuais, Farmácia, Meteorologia, Biologia, Química, Engenharia Civil, Geografia, Arquivologia, Engenharia Florestal da UFRA e um grupo de jovens do bairro da Terra Firme.

Texto: Cleide Magalhães, com informações de Anderson Castro, coordenador geral do DCE da UFPA.
Foto: Marquinho Mota, assessor de comunicação do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR).

Seminário discute desafios e potencialidades da Amazônia

Política e Meio Ambiente

O ”III Seminário Internacional Amazônias: desafios e potencialidades para a Amazônia do século XXI - Discutindo as oportunidades econômicas para o desenvolvimento da Amazônia" será realizado no Hotel Beira Rio, em Belém, no próximo dia 30 e 01 de dezembro. O evento é uma promoção do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade de Brasília (UnB). Inscrições gratuitas. Mais informações no site www.ufpa.br/ppgeconomia ou pelo telefone (91) 3201.8045.

Fonte: Prof. Dr. Marcelo Bentes Diniz, coordenador do Seminário e vice-coordenador do PPGEconomia/UFPA.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Debate aberto na UFPA discute Belo Monte

Meio Ambiente e Cidadania

O Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal do Pará (UFPA), promoverá debate aberto a toda a sociedade sobre a Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, que fica no rio Xingu. O evento acontecerá na próxima terça-feira (17), às 16h, no Centro de Convenções da Universidade. Os debatedores serão: Marco Apolo, presidente da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), a professora doutora Nírvia Ravena, do Painel de Especialistas da UFPA, e Dion Monteiro, do Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre.

Belo Monte será, ainda, pauta da sessão especial no Senado Federal, em Brasília, na próxima quinta-feira (19), a pedido do senador José Nery (Psol-PA). Os convidados foram: Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu, Sônia Magalhães, do Painel de Especialistas da UFPA, Antônio Melo, Comitê Xingu Vivo para Sempre de Altamira, Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPE).

Segundo Anderson Castro, coordenador-geral do DCE, a partir do debate, o DCE pretende somar esforços com diversas entidades dos movimentos sociais, para convocar um ato público pelas ruas de Belém contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte. A expectativa é realizar o protesto antes da primeira semana de dezembro, quando os manifestantes deverão caminhar da UFPA em direção à Eletronorte, na Avenida Perimetral.

A ideia da entidade é intensificar o processo de mobilização, pois de acordo com o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve conceder, na próxima segunda-feira (16), a licença prévia para a construção da Usina. A pressa do governo é para impedir que os movimentos sociais tentem barrar o projeto por meio de protesto ou ações na Justiça.

No último dia 10, o juiz federal Edson Grillo, de Altamira, chegou a conceder uma liminar a pedido do Ministério Público Federal (MPF), suspendendo o processo de licenciamento da Hidrelétrica de Belo Monte, mas um dia depois o Ibama conseguiu cassar a liminar no Tribunal Regional Federal, da 1ª região, em Brasília. Com a concessão da licença prévia pelo Ibama, o governo pretende realizar o leilão de concessão do projeto até o dia 21 de dezembro deste ano.

As entidades, porém, apontam diversas irregularidades no projeto, pois o Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento sequer aponta a quantidade de famílias que serão atingidas pela Hidrelétrica. “Este projeto é maléfico para a região, pois não temos necessidade de energia. A construção da Hidrelétrica vem beneficiar apenas as multinacionais e as gigantes do ramo da construção civil, como a Odebrecht e a Camargo Correa. Enquanto isso, a navegação de parte do Xingu será interrompida e a vida dos trabalhadores da região e a biodiversidade da floresta serão destruídas”, explica Anderson Castro.

Embora alguns poucos grupos defendam a construção da UHE Belo Monte e tentem comprovar com estudos (feitos por eles mesmos) que os impactos serão menores, é visível que esse tipo de projeto (como todos os outros implementados na Amazônia) trará conseqüências desastrosas para a região. Em linhas gerais, no caso das hidrelétricas, algumas delas são: interrupção da navegação, elevação de custo de transporte, ausência de eclusas (ou a construção não imediata) para viabilizar a navegação, interrupção da piracema, diminuição na oferta de peixes nos rios da região, pequena ou nenhuma oferta de energia na região, desterritorialização da população nativa, surgimento de movimentos sociais – Movimento dos Atingidos por Barragens (MABE) – perda da biodiversidade, assoreamento do lago da barragem, proliferação de uma fauna indesejada e de doenças tropicais, etc.

É imprescindível que a sociedade amazônida acompanhe as discussões e esteja presente para debater o projeto a respeito de Belo Monte, que se arrasta há vinte anos e é cercada de obscurantismo.

A participação proporcionará melhores esclarecimentos sobre o assunto e os cidadãos poderão defender o fato se a Amazônia está ou não ameaçada, se seu povo e sua biodiversidade serão ou não mais uma vez sacrificados, se valerá a pena prejudicar a fauna e flora da floresta e a vida dos que vivem na região, em especial os povos da floresta, em nome de um modelo de desenvolvimento irresponsável, voltado exclusivamente aos interesses do capital. Reflitam!!!

Texto: Cleide Magalhães e Max Costa, jornalista e mestrando em Ciência Política pela UFPA.

Rádio CBN deverá cancelar contrato com ORM

Mídia

Segundo informações dadas ao nosso blog, a Rádio Central Brasileira de Notícias (CBN) "vai cancelar o contrato com a Organização Rômulo Maiorana (ORM)". Então, ainda segundo a fonte, a rádio funcionará até o final do mês de dezembro. O que eles vão fazer com os funcionários que lá estão, isso ainda é uma incógnita...

A Central Brasileira de Notícias (CBN) é uma rede de rádio brasileira, pertencente ao Sistema Globo de Rádio. Foi criada em 1º de outubro de 1991, como projeto de rádio all-news, ou seja, com programação jornalística 24 horas por dia.

Atualmente, a CBN possui cinco emissoras próprias, sendo em São Paulo, nas freqüências 90,5 FM e 780 AM, no Rio de Janeiro, nas freqüências 860 AM e 92,5 FM, em Brasília, na freqüência 95,3 FM, em Belo Horizonte, na freqüencia 106,1 FM e a recém adquirida em Curitiba, na freqüência 90,1 FM. Possui também cerca de 24 afiliadas no Brasil.

Carta dos Movimentos Sociais em defesa da soberania do Estado do Pará

Cidadania

O Conselho de Entidades dos Movimentos Sociais (CMS) se solidariza com o poder Executivo e repudia firmemente a postura desigual com que a Justiça do Pará vem tratando a questão agrária no Estado, uma postura que acaba por legitimar e manter um modelo de exploração ilegal das terras e dos trabalhadores rurais.

Não é coerente que a mesma Justiça que se esmera em exigir reintegrações de posse feche os olhos para a grilagem de terras, que avilta há séculos o povo do Pará. E é de conhecimento público que a grilagem de terras está associada também ao desmatamento ilegal, ao trabalho escravo e à violência no campo. Esta mesma Justiça vira as costas para o assassinato de lideranças rurais, trabalhadores, religiosos e parlamentares, defensores dos direitos humanos, cujos mandantes e executores continuam impunes. Lembremos sempre de Paulo Fonteles, Irmã Dorothy, Fusquinha, Expedito, João Canuto, João Batista e tantos outros lutadores.

Os dados da Comissão Permanente de Monitoramento, Estudo e Assessoramento das Questões Ligadas à Grilagem escancaram uma vergonha nacional: existem mais de 6 mil títulos de terra registrados nos cartórios estaduais com irregularidades. Somadas, essas terras representam quase um Pará inteiro em títulos falsos.

A comissão pediu anulação administrativa desses títulos e a Justiça do Pará ainda não assumiu sua responsabilidade. O próprio Governo do Estado pediu à Justiça anulação de 80 títulos. Nenhuma providência foi tomada pela Justiça até agora no sentido de moralizar e democratizar o acesso a terra. A comissão encaminhou o processo ao Conselho Nacional de Justiça, para tentar obter os avanços pelos quais os movimentos sociais lutam historicamente.

Lamentavelmente, é esta a Justiça do Pará que pede ao Supremo avaliar a possibilidade de intervenção federal no Estado, alegando que o Executivo descumpre ordens de reintegração de posse. O Governo do Estado, ainda que precise avançar nas políticas sociais, tem demonstrado seu esforço por regularizar as terras de forma pacífica, em diálogo com os movimentos.

O povo do Pará e todos os movimentos sociais têm que mostrar sua bravura neste momento, pois somos contra quaisquer tentativas de intervenção que venham por em risco a soberania e a capacidade de organização social do povo paraense. Que estejamos unidos para defender este Estado e exigir o compromisso das instituições e dos poderes com a reforma agrária e as causas populares.

Central Única dos Trabalhadores-CUT-PA/FETAGRI/FETRAF/Movimento Nacional de Luta pela Moradia - MNLM/ Movimento dos Atingidos Por Barragens-MABE/Comitê Irmã Dorothy/ Pastorais Sociais da CNBB/ Irmãs de Notre Dame de Namur - Província Brasil/ Comunidades Eclesiais de Base – Ceb’s Norte II/ Pastoral da Juventude Regional Norte II/ Comissão Justiça e Paz – Norte II/ Caritas Brasileira Regional Norte II/ União Nacional por Moradia Populares-UNMP/União Brasileira de Mulheres /Marcha Mundial de Mulheres/Ação Comunitária de Belém-AcbelL/ FENAPSI-CNS/Movimento GLBT-PA/Ação Cidadania-PA/Conselho Nacional das Cidades/Ass. Dos Comerciantes de Material de Construção do Estado do Pará-ACOMAC/União Paraense de Estudantes-UPES/União Nacional dos Estudantes-UNE/União Metropolitana de Estudantes-UMES/Confederação de Ass. De Moradores-CONAM/União Brasileira de Mulheres-UBM/Fórum Metropolitano de Reforma Urbana-FMRU/UNEGRO/UAP/ Rede de Educação Cidadã-RECID/AMOB/Central de Movimentos Populares-CMP/Movimento Popular pela Saúde-MOPS/Movimento dos Sem Terra Urbano-MSTU/Fórum de Mulheres da Amazônia-FMAP/Conselho de Entidades do Sideral/Conselhos de Obras do Pac/Circulo Bolivariano/Colônia de Pescadores de Breves/Fórum de Regularização Fundiária/Rede Feminista de Saúde/Ass. Para o Desenvolvimento Sustentável e Solidário do Tapanã/C.C.Parque Amazônia/MORHAN-PA/ANES-PA/ Sindicato dos Bancários/Gempac/MPUB/MEP /CTB.

Plenária Metropolitana de Comunicação acontece sábado (14)

Mídia e Comunicação

Será neste sábado (14), no Parque dos Igarapés, em Belém, a 4ª Plenária Regional da Conferência Estadual de Comunicação, que reunirá representantes de 77 municípios.

O tema da 1ª Conferência Estadual de Comunicação, que acontecerá nos dias 20 e 21 de novembro, é "Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital". Os debates vão girar em torno do papel da comunicação democrática na garantia da liberdade de expressão, da inclusão social, da diversidade cultural e religiosa, da participação social, regionalização da produção e da convergência tecnológica.

Nas conferências regionais são reunidas propostas e escolhidos os participantes para a 1ª Conferência Estadual de Comunicação. Na plenária da Região Metropolitana serão eleitos 195 participantes para o evento estadual. A conferência é destinada a profissionais, empresários e estudantes das áreas de comunicação, letras, educação, tecnologia e ciências humanas, segmentos sociais e Poder Público.

Acompanhe a programação da Plenária Metropolitana:

08 - 14h: Credenciamento
09 - 09h30: Mesa de Abertura (Representantes do Governo do Estado, das Prefeituras, dos movimentos sociais, empresários e Comissão Organizadora Estadual)
09h30 - 11h30: Painel "Comunicação: Meios para construção de direitos e de cidadania na era digital", com três palestrantes
11h30 - 12h30: Plenária Regimental (votar o regulamento da etapa)
1. Leitura do Regulamento da Etapa
2. Apresentação de Destaques
3. Votação das Propostas de Modificação, Exclusão e Inclusão
12h30 - 14h: Intervalo
14 - 17h: Três grupos de trabalho (Eixo 01: Produção de Conteúdo / Eixo 02: Meios de Distribuição / Eixo 03: Cidadania: Direitos e Deveres).
17h30 - 19h: Plenária de apresentação dos relatórios dos grupos de trabalho.
19 - 20h: Eleição dos participantes da etapa estadual.

Serviço - 4ª Plenária Regional da Conferência Estadual de Comunicação, neste sábado (14), às 9h, no Parque dos Igarapés, no Conjunto Satélite WE-12, nº 1000. Contatos: Sergio Santos (91) 3202-0906 Luis Miranda (91) 9149-9905 Francisco Conceição (91) 3202-0926.

Texto: Secretaria de Estado de Comunicação do Pará (Secom).

PF lança ferramenta de combate à pedofilia

Mídia e Cidadania

A partir do último dia 12, o cidadão tem uma nova ferramenta para combater a pedofilia na internet. A Polícia Federal (PF), em parceria com a SaferNet Brasil, lançou um formulário online para tornar mais rápido o recebimento de denúncias de pornografia infantil, além de crimes raciais, preconceitos contra minorias e incentivo ao genocídio, praticadas por meio da internet.

Os internautas que verem conteúdos suspeitos poderão denunciar anonimamente as páginas eletrônicas no site do Departamento da Polícia Federal. Esse novo sistema centralizará as denúncias, fará uma filtragem automática e evitará uma duplicidade dos registros dos possíveis crimes.

Antes, todo esse procedimento era realizado manualmente. A ferramenta potencializa no mínimo em dez vezes o recebimento das denúncias, disse o delegado da PF Stenio Santos. "Muitos casos que nos chegam não são pornografia infantil.

Por isso, a página terá uma breve explicação a respeito de cada um dos crimes. Além disso, o site apresenta um campo para que o denunciante coloque o link da página suspeita e uma caixa de comentário, caso o internauta queira dar detalhes da acusação", explica o delegado. "A participação de todos na proteção da criança é um dever constitucional, afirmou ele.

A internet não é a vilã, é um espaço público onde se manifestam diversos tipo de comportamento, assinala o diretor de prevenção da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm. A SaferNet disponibiliza em sua página eletrônica dicas para os pais, educadores e os jovens usarem a internet de maneira saudável.

A SaferNet Brasil é uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos que ajuda no combate de crimes e violação dos direitos humanos via internet. As denúncias são analisadas pela associação, que é responsável pelo recebimento, processamento e encaminhamento para a Polícia Federal. Só no mês passado, a SaferNet recebeu 3017 denúncias de páginas com conteúdo de pornografia infantil.

Na próxima semana, o Disque100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República adotará um sistema similar em sua página na internet.

Fonte: Agência Estado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CCJ aprovou PEC que restabelece a exigência do diploma de jornalista

Mídia e Política

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou há pouco, por unanimidade, e com o voto em separado de Zenaldo Coutinho, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que restabelece a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. A CCJ aprovou a PEC quanto à admissibilidade, segundo o parecer favorável do relator, deputado Maurício Rands (PT-PE).

Fonte: Jefferson Severino - Jornalista - SC - 01571 - JP (48) 9163-7172 Florianópolis -SC.

Decisão judicial garante visitas íntimas a presos homossexuais

Cidadania

Movimentos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) e outros ligados aos direitos humanos foram beneficiados pela Justiça paraense com a garantia aos presidiários de receber visitas íntimas de seus parceiros. A autorização judicial, inédita no Brasil, vale para todo o sistema carcerário do Pará e foi anunciada na segunda-feira (09) por Justiniano Alves, titular da Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe). Como esse tipo de visita requer regularização, Justiano Alves assinou nesta terça-feira (10) uma portaria para regulamentar as visitas homoafetivas nas unidades prisionais do Pará.

Fonte: Agência Pará.

domingo, 8 de novembro de 2009

Em cartaz no cinema de Salvador documentário sobre Mestre Verequete


Arte e Cultura

Está em cartaz no cinema do Museu de Arte Moderna e Salvador (MAN) o documentário sobre o Mestre Verequete. A produção audiovisual desenvolve-se em Belém do Pará e mostra a trajetória obstinada de um afrodescendente uma herança cultural, a dança do carimbó.

É sensacional o modo como Mestre Verequete combateu, lutou e venceu a luta para preservar a dança, a qual foi proibida e excluída das manifestações populares, por meio de decreto municipal.
O documentário tem provocado discussões e reflexões nos movimentos negros locais e até nos meios universitários. Ele mostra como os terreiros de candomblés foram e são importantes, lutando ao lado do Mestre Verequete para preservar a dança do carimbó.

Entretanto, o documentário deixa um enigma, Mestre Verequete era um Ogan (chefe espiritual supremo nos terreiros de candomblés)?

Quem sabe nós belenenses não podemos ajudar a desvendar este enigma?! ...

Verequete - Após seis dias de internação, o músico Augusto Gomes Rodrigues, o Mestre Verequete, morreu na tarde de terça-feira (03/11), no Hospital Barros Barreto, em Belém. Verequete não resistiu ao quadro de pneumonia e infecção respiratória. Ele estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI) desde domingo (01/11) e respirava com a ajuda de aparelhos. O músico estava com 93 anos.

A história do Rei do Carimbó

Uma jovem chamou Augusto Gomes para conhecer um batuque no bairro da Pedreira. Em meio a roda, o pai de santo cantou 'Chama Verequete' e a partir daí Augusto decidiu trocar de nome e então surgiu o Mestre Verequete. Mas se engana quem pensa que foi apenas aí que o carimbó começou a fazer parte da sua vida. Aos três anos de idade, no mesmo ano em que sua mãe morreu, Verequete se mudou com seu pai, Antônio José Rodrigues, para o município de Ourém, desenvolveu os primeiros passos do ritmo que no futuro seria mestre: o carimbó.

Mestre Verequete nasceu no município de Quatipuru, na região bragantina, nordeste do Pará, e com esse apelido acabou ganhando fama e respeito, sendo cosiderado o 'rei dos tambores', um pícone da cultura regional.

Ao longo da carreira, gravou dez discos e quatro CDs. Uma produção que lhe rendeu o Prêmio Mestre Humberto Maracanã, do Ministério da Cultura.O 'Rei do Carimbó' teve sua história contada no filme 'Chama Verequete', nome de uma de suas músicas mais conhecidas. A produção foi a vencedora do Kikito de Ouro na categoria curta metragem no Festival de Gramado, um dos mais reconhecidos festivais de cinema do país. Em Brasília, Verequete recebeu do governo federal o título de Comendador da República.

Mas o reconhecimento, que veio tardio, não lhe trouxe a saúde de volta. Durante sua trajetória, Mestre Verequete jamais viveu somente de seu trabalho como artista. Para sobreviver, muitas vezes, ele teve que vender churrasquinho na porta de sua casa, na periferia de Belém. Agora, já em outro universo, ele receberá mais e mais homenagens. Sua imagem de homem simples, chapéu na cabeça, sempre, além de sua voz firme e um olhar encantador e profundo, vai ficar para sempre na memória do paraense.

O Velório

Uma das últimas homenagens ao Mestre Verequete, foi prestada no Theatro da Paz. O público também pode se despedir de Augusto Gomes Rodrigues, nome de batismo do ícone da cultura paraense, no espaço foyer do Theatro. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o velório aconteceu durante toda a madrugada.

Verequete morreu em decorrência de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Ele sofreu infecção generalizada e respirava com a ajuda de aparelhos. O enterro foi realizado no cemitério Parque das Palmeiras.

“O carimbó não morreu. Está de volta outra vez. O carimbó nunca morre quem canta o carimbó sou eu", como ele já dizia. A cultura popular é isso, ela nunca morre, está guardada em cada um de nós, e o poeta, o compositor muito menos; suas palavras ficam e se difundem para sempre em nosso coração e nossa mente. E Verequete é isso e muito mais...

Polícia desmente Faepa

Polícia desmente Faepa: não há indícios de envolvimento do MST na destruição da fazenda Maria Bonita. Leia também: O MST debaixo de bala. Tudo no blog Perereca da Vizinha: http://pererecadavizinha.blogspot.com/