Por: Cleide Magalhães
Reportagem especial – jornal Amazônia – 11/03/2012
Compras pela rede crescem no país e impulsionam a criação de negócios específicos para o comércio na web
Hoje é quase impossível imaginar o mundo sem a internet. Apesar de relativamente recente, a rede mundial está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, alterando a forma como elas se relacionam, fazem negócios, compras e até conseguem um novo namorado. Há aproximadamente duas décadas a internet conquistou espaço no mundo corporativo e há pelo menos 15 passou a fazer parte dos negócios também em empresas brasileiras.
De acordo com dados da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), ent
re 15 de novembro e 24 de dezembro de 2011 foram movimentados R$ 2,2 bilhões em vendas de bens de consumo no país. O valor representa acréscimo de 40% em relação ao mesmo período de 2009. Já o faturamento chegou a R$ 1,6 bilhões. Na Europa, mais de 80% da população adulta têm acesso a internet banda larga em casa e um terço já faz compras online regularmente.
Há quase quatro anos, a internet é considerada uma importante ferramenta de informação e ajuda a desenvolver e divulgar pequenos negócios, como o de Vivian Viana Huhn, 32 anos. "Criamos um blog, facebook, twitter e outras ferramentas. Além disso, fazemos parte de um site de compras coletivas. Tudo isso serve de vitrine para acelerar a venda dos nossos produtos de confecção - roupas e sapatos -, que entregamos a empresas e pessoas físicas em todo o mundo".
Todos os meses a internet é responsável por 80% do faturamento obtido por Vivian. Em dezembro do ano passado, foram vendidas três mil peças."Contamos ainda com todos
os equipamentos de informática, instalamos programas avançados para ajudar na atividade e a cada ano trocamos o computador para acompanhar o avanço tecnológico e garantir melhor serviço aos clientes. O comércio na internet é o futuro, logo as lojas terão seus espaços físicos somente para manter a marca e a internet fará toda a diferença na empresa", afirma a empresária.
Além do auxílio nas vendas, a internet pode ajudar na redução de despesas e a garantir mais agilidade para os negócios. Segundo Helder Aranha, mestre em Administração pela Universidade Federal do Pará, o principal atrativo da net em todo o mundo é o fato de a web ser um território aberto. "Na internet, não há barreiras para o contato, limites para a comunicação. É possível falar com um grande número de pessoas, em qualquer lugar ou horário. Além disso, existe a colaboração e personalização, que permite oferecer produtos especiais, de acordo com o gosto ou necessidade de cada um. Sites como o facebook e twitter, por exemplo, ajudam a conhecer os consumidores e a despertar novos produtos para agradá-los. Uma marca conhecida, de prestígio, pode perfeitamente ir para a internet porque terá seguidores, além disso outras terão a oportunidade de conhecê-la", explica Helder.
Estratégias para alavancar os negócios pela web
- Disponibilizar informações sobre a empresa;
- Fazer um pequeno anúncio, como numa revista ou jornal;
- Automaticamente, distribuir dados, palestras, discursos, cartas da empresa e muito mais, via e-mail - instantâneo;
- Promover produtos e serviços para o mundo;
- Mostrar novidades e lançamentos;
- Atrair novos clientes;
- Prover comunicação com prováveis e já existentes clientes, via e-mail, formulário eletrônico, blogs e redes de relacionamento;
- Responder às perguntas mais frequentes;
- Permitir que aos clientes preencher os formulários eletrônicos contendo ordens de compras dos produtos;
- Receber relatórios contendo informações e estatísticas sobre a origem das visitas e em que os visitantes estão mais interessados;
- Abrir novos mercados, impossíveis de serem atingidos sem grandes despesas com propaganda.
Fonte: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae).
Troca de conteúdo incomoda indústria, mas satisfaz usuários
Outra característica que explica o fenômeno da web é a possibilidade de trocar conteúdos - tais como músicas, filmes, softwares e livros -, antes restritos ou até inacessíveis. Nos últimos 10 anos, esta nova maneira de consumir produtos modificou também a maneira como a cultura passa a ser acessada. Locadoras de vídeo, e em seguida de DVD, praticamente deixaram de existir, as indústrias fonográfica e cinematográfica também perderam espaço diante da mudança. Sobrevive quem se adéqua as novas regras. Empresas de software hoje disponibilizam os programas pela rede e oscilam entre versões gratuitas e outras até 1/5 abaixo do valor.
Preços mais baixos, qualidade, segurança e comodidade são alguns dos atrativos para aqueles que optam pelos cliques no computador na hora de fazer uma compra. Entretanto, é importante atentar para o excesso de facilidades e redobrar o cuidado na hora de buscar serviços pela web. "Muitas pessoas caem em fraudes porque vem determinada marca conhecida na mídia em determinado site. Para quem não tem experiência, usar a web pode trazer problemas porque muitos detalhes induzem ao erro. É melhor não comprar por impulso e pesquisar antes de confiar em um site só porque tem uma determinada marca. A internet é uma grande vitrine de produtos, mundial até, por isso exige cuidado", orienta Helder.
Entretanto, para os empresários que apostam no comércio eletrônico não há somente motivos para comemorar. Uma das maiores dificuldades enfrentadas no Brasil ainda é as poucas opções na hora de contratar um serviço de banda larga. "Além da criação das estampas, meu papel na empresa é vender pela internet e faço isso em casa onde tenho duas conexões, mas quando chove cai muito, fica fora do ar. Mesmo que, teoricamente, eu tenha 5 megabytes de velocidade, na verdade, funciona 1 megabyte, no máximo. Isso atrapalha o negócio quando, por exemplo, tenho que enviar fotografias em alta resolução do produto para o cliente", reclama a pequena empresária.
Dados recentes da pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral - que é um centro de desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos - sobre Carências de Infraestrutura no Brasil mostra que a largura de banda larga no Brasil é citada por 54% dos entrevistados como assunto a ser resolvido com urgência e com 3,46 pontos é o fator mais citado em um ranking elaborado pelo estudo.
Governo quer tornar acessível o serviço de banda larga até 2014
No Brasil, ainda não existe uma regulamentação que indique qual é a velocidade mínima para uma conexão ser considerada de banda larga, mas essa questão será tratada no Plano Nacional de Banda Larga, sob a responsabilidade da Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), que dará o acesso à internet a pequenos provedores locais. O plano é uma iniciativa do governo brasileiro que objetiva massificar a oferta da internet mais rápida até 2014. A União Internacional de Telecomunicações define como banda larga a capacidade de transmissão superior a 1.5 ou 2 megabytes por segundo.
Segundo Téo Pires, presidente da Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará (Prodepa), que promove ações de tecnologia da informação e comunicação com foco principal para o governo do Estado, o Pará está inserido no Plano Nacional de Banda Larga e o serviço deverá chegar, já em 2012, ao Estado com valores mais acessíveis. A Prodepa conta com R$ 7 milhões para investir em tecnologia este ano e tem hoje um ponto fundamental para nortear seus trabalhos: o acesso público à internet, feito por meio do programa Navega Pará. O programa já conta com 184 infocentros e 127 pontos de acesso livre e pontual em espaços públicos. Atende 55 municípios e a meta é ampliar para 104 até 2015. Hoje, o Estado tem contrato com um provedor que permite até 770 megabytes de acesso à internet. Cada espaço público tem 300 kilobytes dedicados ao acesso.
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