domingo, 13 de novembro de 2011

Mulheres escolhem crédito

Por: Cleide Magalhães

Fotos: Igor Mota e Marcelo Seabra

Pesquisa revela que o chamado dinheiro de plástico faz mais sucesso entre o público feminino no Brasil

As mulheres usam mais o cartão de crédito que os homens, os quais preferem o cartão de débito. A afirmação recente é mostrada em uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) conduzida pelo Instituto Datafolha com objetivo de conhecer o mercado de meios eletrônicos de pagamento e avaliar os níveis de satisfação dos consumidores em 11 cidades das cinco regiões brasileiras, entre elas Belém.

Segundo o estudo quantitativo feito com total de 2.032 pessoas, entre junho a agosto deste ano, 70% das mulheres que possuem algum meio eletrônico de pagamento costumam pagar por produtos, alimentos e serviços com o cartão de crédito. Entre os homens, a fatia é de 65%. A margem de erro máxima, para mais ou para menos, é de 2 pontos percentuais considerando nível de confiança de 95%.

Em relação à preferência, as opiniões também são distintas: 31% das brasileiras preferem fazer compras com o cartão de crédito, contra 22% dos homens. A situação praticamente se inverte quando o assunto é cartão de débito: 23% entre as mulheres e 30% entre os homens. Curiosamente, em relação à posse de cartão, são eles que levam vantagem, com 74%. No caso das mulheres, 71% possuem algum tipo de cartão.

Enquanto está com dinheiro na em sua conta corrente, o médico Irair Santos Santana, 64 anos, que mora na Marambaia, fala que prefere comprar com cartão de débito, mas se acabar não vê problema em utilizar o crédito. “Se tiver dinheiro na conta prefiro usar o débito para comprar tudo, desde brinquedo até televisão. Caso a grana seja pouca, uso meu cartão de crédito para comprar e, geralmente, utilizo para adquirir passagens aéreas e hospedagens fora do estado e do país. Porém, vale a pena usar o cartão quando se sabe administrá-lo para não passar dos limites, porque os juros de 12% ao mês e outras taxas são elevados no Brasil”, pondera.

Brasília lidera taxas de operações diversas

O estudo apontou que a cidade com maior índice de posse de cartão de cartões é Brasília (DF). Por outro lado, as menores taxas são encontradas nas capitais do Norte e em Recife (PE). Os cartões emergentes têm muita penetração nas capitais do Nordeste e cartão de lojas tem destaque em Belém. Dos 135 belenenses entrevistados que possuem cartão, 83 habitualmente preferem o uso do cartão de loja, 73 de crédito, 34 de débito e 4 preferem cheque. A utilização do cartão de crédito em Belém fica atrás de Brasília (78), Recife (76) e Salvador (71).

Segundo Nonato Reis, gerente de vendas há 24 anos da loja Paraibana, no centro comercial de Belém, cerca de 60% dos clientes compram no crediário da própria loja, 20% no cartão de crédito externo, 10% em débito e 10% em dinheiro. “A maioria que compra no cartão de crédito é mulher, que adquire eletrodomésticos, móveis e eletroeletrônicos. Quando o cartão não é dela, utiliza o do marido, que a acompanha para poder fazer o procedimento na loja. No cartão externo, dependendo do produto, parcelamos até 12 vezes com juros da operadora do cartão. Mas, geralmente, as pessoas parcelam em menos vezes para evitar os juros. A compra no cartão em geral é feita pelo público das classes C, D e E, com renda que variam de um a cinco salários mínimos”, informa o gerente. A loja conta hoje com cerca de três mil produtos à disposição do público e, na época em que a movimentação é intensa, como no mês de dezembro, chegam a circular por lá cerca de duas mil pessoas.

Empresário destaca diferença no modo de comprar

O vice-presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belém (Sindilojas), Joy Colares, explica que existe diferença no hábito de compra das pessoas que vão ao centro comercial de Belém e as que frequentam o comércio de bairros como Cremação, Jurunas, Pedreira, Telégrafo, Souza e outros. “Como no comércio de bairros já tem bastante lojas, as pessoas não saem de lá para comprar no centro. Os moradores desses bairros vão ao centro comercial somente se forem atrás de algo bem específico, sua faixa de renda é de média para baixo e o principal meio de pagamento é o dinheiro. Alguns usam carnês de pagamento da própria loja, e não usam cheque nem cartão de crédito. Já no centro comercial, onde há um mix maior de lojas, a compra em dinheiro continua sendo o meio de pagamento mais utilizado, mas como a faixa de renda é maior, já é crescente a fatia de pessoas que utilizam o cartão e débito. Nos shoppings centers já muda o perfil do público, bem como no comércio em Nazaré e na avenida Brás de Aguiar, onde o recurso mais utilizado é o cartão de crédito, pois a renda é mais elevada”, explica.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre os possuidores de cartão, a maior preferência para pagamento em dinheiro é Manaus. A cidade de Belém fica em 7º lugar empatando com Goiânia e Rio de Janeiro, as quais contaram com 44 entrevistados que tiveram a mesma opção.

Entre os que não possuem cartão de crédito e que fazem pagamento por meios eletrônicos de pagamento, 100 dos 135 belenenses afirmaram preferir pagar em dinheiro, 12 deles com boletos ou faturas bancárias, 7 parcelamento com carnê e 4 com vale benefício.

Na opinião dos belenenses, revelou o estudo, os principais pontos fortes para se ter cartão de crédito é por ser mais seguro e não precisa lavar, agilidade durante pagamento no caixa, não precisar ter dinheiro no momento da compra, por ser aceito em vários lugares, ter maior controle dos gastos e poder parcelar as compras sem juros.

Já os pontos fracos são juros e taxas altos, anuidade, não ter controle, falta de segurança por roubo ou clonagem, medo de ser roubado, atendimento na central não é bom e problemas com equipamento.

A pesquisa da Abecs mostrou que os itens que os portadores de cartão, tanto homens quanto mulheres, mais adquirem com meios eletrônicos de pagamento encontram-se nos grupos: roupas, calçados e joias, bens duráveis para a casa e estadias de hotéis e pousadas, com 68% cada. Em seguida vem a compra de passagens (64%), material para construção (61%), combustível (57%) e produtos alimentícios (54%).

"É melhor ter controle para não cair em dívidas", orienta usuária

facilidade na hora da compra fez com que há 11 anos a turismóloga Ledielma Serrão, 32 anos, tenha cartão de crédito e débito. Hoje ela contabiliza dois de crédito do Itaucard, nas bandeiras Visa e Mastercard, e dois de débito da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Ela, que utiliza todos ao mesmo tempo levando em consideração o melhor dia de compra, conta o que faz com os cartões. “Compro de tudo em até três vezes: eletrodomésticos, roupas, sapatos, perfumaria, alimento, remédio, enfim. A vantagem é ser aceito em quase todos os estabelecimentos de venda e ainda acumulo pontos que são convertidos em milhas à compra passagens aéreas e outras coisas”.

Nesse tempo, Ledielma conta que não enfrentou problemas na hora de pagar os cartões e dá dicas. “Os cuidados que se deve tomar para não entrar numa fria com as dívidas é ter controle das suas contas, nunca comprar além do que se pode pagar, ter sempre uma planilha dos gastos e, se comprar para alguém, ter consciência que se a pessoa não pagar você pode cobrir o débito.

Diferente dela, seu esposo, Murilo Nery, tem o hábito de comprar bem menos no cartão de crédito. Ele utiliza mais o débito e afirma não gostar de acumular dívidas. “Quando ele compra algo de valor, utiliza meus cartões”, brinca a esposa.

Na opinião de Joy Colares, o uso do cartão de crédito ainda é o melhor meio de pagamento para quem vende e compra. "Para quem vende por conta da segurança, são raras as exceções de se ter problema, é importante verificar se o cartão não é roubado e verificar a assinatura. Uma vez passado na máquina e a operadora liberou, sanou o problema do lojista porque ele tem uma aprovação e concessão de crédito. Se estiver clonado é outro departamento e o problema é da operadora e do portador. Para o portador, o cartão facilita sua vida, mas se o uso não for feito com cuidado e extrapolar seus limites, ele vai pagar altos juros, que hoje é de 12% ao mês, diferente de alguns países que é de 1% ao ano", alerta.

Reportagem Especial publicada no jornal Amazônia, dia 06/11/2011

Um comentário:

  1. Só uma correção: O gerente citado na matéria é do Armazém Paraíba, e não Paraibana(loja de calçados) como foi veiculado.

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