Parte dessa reportagem foi publicada nos jornais O Liberal e Amazônia, em 12/11/2011
Os cerca de 40 mil trabalhadores da educação pública do Pará, dos quais 27 mil são professores, decidiram na sexta, 11, continuar a greve. O movimento conta hoje 48 dias e a decisão foi, praticamente, por unanimidade dos técnicos e professores presentes à reunião, realizada no Centro Social de Nazaré, das 9h30 às 13h, quando chegaram ao consenso de continuarem a luta.
Agora, a população, sobretudo alunos, deverá aguardar a disputa de "queda de braço" entre governo e grevistas, estes dispostos a levar até o limite para que, segundo eles, significa cumprimento do pagamento do piso nacional dos professores. A prova de fogo será na quarta, 16, quando vão realizar um grande ato contra o governo do Estado, no Centro Arquitetônico de Nazaré, às 9h, rumo ao Centro Integrado de Governo, em Nazaré, onde pretendem ter audiência com o governo, às 11h, e tentar negociar sobre a greve.
Como o governo se recusa em dialogar com os trabalhadores, por entender ser possível que eles voltem ao trabalho, a categoria, por sua vez, decidiu intensificar a mobilização junto aos professores e alunos que retornaram às salas de aula. A expectativa é fazerem amanhã ação na Praça da República para esclarecer à população em geral, informando sobre a realização da greve, para deixar claro que o problema que afeta hoje o professor atinge não apenas a esta categoria, mas a todos.
"A categoria hoje deu uma resposta ao governo do Estado e nós não temos medo da ameaça de corte de ponto e estamos na luta em defesa de um direito que é nosso e legítimo, portanto, não é não vamos nos deixar intimidar", enfatizou o membro da coordenação da Secretaria Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintepp), Mateus Ferreira.
Na sexta, 4, a coordenação da entidade sindical contabilizou 92 municípios que aderiram ao movimento, mas ontem este número estava em torno de 88. O membro da coordenação de Comunicação, Sebastião Antônio dos Santos Netto, comentou que esta baixa tem como fatores principais a pressão do governo e "a aproximação à comunidade, que induzida pelo governo pressiona as escolas a voltarem às suas atividades".
A coordenadora geral do sindicato dos professores, Conceição Holanda, afirmou que o governo estaria tentando pressionar os professores a voltar ao trabalho, com a proposição de medidas no Conselho de Educação. "Ontem eles tentaram propor a redução dos dias letivos, de 200 horas para 180, como forma de pressionar a categoria, mas a presidente do conselho não aceitou colocar a proposta em votação. Dos 40 mil servidores, cerca de 5 mil são temporários, destes alguns retornaram às escolas, mas a greve continua forte e só vamos retornar se o governo negociar", declarou à platéia.
Durante as discussões para o encaminhamento do movimento, inclusive com discussões feitas por regiões distritais, os professores sinalizaram inúmeras ações, como se estivessem certo da continuação da greve. Dentre elas, realização de carreata; caso haja corte no ponto, a proposta é responsabilizar a administração pública a refazer o calendário escolar; programar atos públicos nas regiões distritais; e até organizar uma caravana, para que o Ministério da Educação force o governo do Pará a respeitar a legislação.
Dentre os poucos que se posicionaram contra a continuidade da greve, destacou-se o professor Élson Alves, por entender que "estamos perdendo força e a partir da semana que vem algumas escolas voltarão a ter aula e o governo não demonstra interesse em negociar". A resposta à fala do professor foi uma "enxurrada de vaia" da plenária.
Seduc afirma que professores voltam ao trabalho
A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirma que segue com as medidas administrativas anunciadas nesta semana pelo governo do Estado e, dessa forma, cumpre a sentença expedida pelo juiz Elder Lisboa, o qual determinou o retorno imediato dos professores às salas de aula.
A Secretaria iniciou o levantamento da situação dos docentes que têm se ausentado das atividades escolares e, em seguida, traz a nota, aplicará as sanções determinadas pela Justiça em conformidade à solicitação do Ministério Público do Estado (MPE).
A Seduc informa ainda que pelo último balanço feito em todas as escolas da rede estadual, cerca de 60% já funcionam normal. Um total de 17, 7% estão parcialmente paralisadas e 23,2% totalmente sem atividades. Diz que a principal dificuldade que diretores de escolas enfrentam é convocar os estudantes a comparecerem à sala de aula, após tantos dias parados.
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