domingo, 26 de setembro de 2010

Perdas e dores que duram vários anos

Por: Cleide Magalhães
Editora: Márcia Azevedo

Vítimas de incêndio têm vidas mudadas e sofrem abandono

Dados do Corpo de Bombeiros do Estado constataram que somente em 2010 já foram registrados 3,78 mil incêndios no Pará. Desses, 275 tiveram como causa o curto-circuito e 303 aconteceram em Belém. Os destaques ficaram para o bairro do Guamá (52 casos), Jurunas (32) e Terra Firme (16). Em nenhum deles houve vítima fatal. Mas independentemente do tempo em que os incêndios ocorreram, diversas e incertas são as vidas das pessoas. Para moradores do cruzamento das passagens São Cristóvão com a Santa Helena, e do assentamento Riacho Doce, ambos no bairro do Guamá, em Belém, que tiveram suas casas incendiadas, não existe somente o lamento pela perda material, mas também o abalo emocional.

Nesses incêndios, cerca de 500 pessoas ficaram desabrigadas e a maior parte delas ainda não conseguiu se reerguer da tragédia que marcou para sempre suas vidas. Esse número pode ser ainda maior se for levado em conta que na periferia da cidade é comum entre três a quatro famílias dividirem o mesmo espaço de moradia por várias razões, principalmente pela falta de condições financeiras.

Segundo o capitão Marcos Saquis, do Corpo de Bombeiros do Estado do Pará, as ligações clandestinas nas áreas de ocupação, sobrecarga de energia em locais não apropriados, alta temperatura, madeira ressecada pelo sol forte, falta de orientação às pessoas, entre outras, são situações que propiciam o surgimento do incêndio. "Quando a casa é de maderia a queima é muito mais rápida, dá tempo somente de tentar resguardar o maior número de residências possíveis", afirma o capitão.

Mara Lúcia Fonseca, 32 anos, ex-professora, é uma das pessoas que conhecem bem esse relato. Não houve tempo de o Corpo de Bombeiros evitar que o fogo se se alastrasse para a casa em que ela morava com a família, na passagem São Cristóvão, onde mais 17 famílias ficaram desabrigadas após o incêndio ocorrido em 5 de julho passado, por volta das 11h45. "Salvamos o sofá e a estante. Outras coisas ainda nos roubaram. Ficamos muito tristes e abalados. Recebemos algumas doações de alimentos e roupas, ficamos durante dois dias no Tapanã com parentes e, em seguida, passamos a morar de aluguel no valor de R$ 450,00, pagos pelo meu irmão e marido que somam uma renda mensal de R$ 1,3 mil. Com o restante desse valor a gente se vira como pode para comer, ajudar na educação dos meus dois filhos ainda crianças, medicamentos para a mamãe e ainda cuidar da minha irmã que tem síndrome de down", desabafa.

Serviço: Quem quiser fazer doações para as vítimas do incêndio das passagens São Cristóvão com a Santa Helena basta contatar a Defesa Civil do Município, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Fica na travessa Campos Sales, 33, no Comércio. Telefone: (91) 3242-5332.

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, no dia 15/08/2010. Para ler a notícia na íntegra clique aqui.

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