terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Comunidade do Marajó terá energia elétrica gerada através de biomassa

Democracia e Meio Ambiente

O Pará é um dos estados brasileiros que se destaca por sua enorme extensão territorial, algo inigualável. E quando o assunto é levar serviço de primeira necessidade, como energia elétrica, às populações ribeirinhas que ficam em locais bastante remotos, não se imagina o esforço que se faz para criar estratégias de logística na realização do serviço. É o que a Celpa vem fazendo na comunidade de Santo Antônio, localizada no município de Breves.


A remota comunidade de Santo Antonio Rio Itaquara fica às margens do Rio Itaquara e é onde a concessionária está com o projeto piloto de uma usina a vapor que produzirá a energia elétrica por meio do aproveitamento dos resíduos de biomassa vegetal, gerados numa pequena fábrica de vassoura, instalada na própria comunidade. O projeto conta com a parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do GEDAE - Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas da UFPA, e a participação do Laboratório de Energia, Biomassa e Meio Ambiente EBMA, da Faculdade de Engenharia Mecânica. A usina deverá entrar em operação a partir de junho deste ano.

Para atender a comunidade, técnicos e engenheiros do Departamento de Planejamento e Engenharia (DPE) da Celpa e os pesquisadores da UFPA levam mais de 13 horas de barco para chegar até a comunidade, que fica distante de Belém 318 quilômetros.

O gerente do DPE da Celpa, Carlos Albuquerque, diz que o trabalho representa um desafio para a empresa. "Considerando-se as peculiaridades de nosso estado, onde estão presentes inúmeras comunidades localizadas em regiões remotas, enfrentando dificuldades de toda ordem, agravadas por condições precárias de acesso, é oportuno ressaltar a importância desse projeto piloto, que levará o benefício da energia elétrica a essa parcela de brasileiros", disse.


A comunidade Santo Antonio Rio Itaquara possui mais de 30 famílias residentes e as principais atividades econômicas da vila são laminação de madeira, produção de cabos de vassoura, pesca e coleta de açaí. Atualmente a fábrica que produz os cabos de vassouras utiliza energia elétrica gerada por motor movido a óleo diesel.


Os moradores aguardam com ansiedade a implantação do projeto para desfrutarem dos benefícios da energia elétrica. É o caso do senhor Benedito Tenório Cardoso, que trabalha na fábrica e já vive na comunidade há mais de 20 anos com seus seis filhos e esposa. “Às vezes tenho vontade de assistir à programação da televisão quando chego do trabalho, ver as notícias do jornal ou escutar uma música, mas não posso. Então espero que as coisas melhorem por aqui. Ainda temos que acender vela ou lamparina para passar a noite”, contou.


A dona de casa Maria Dinete Almeida Lopes, nativa de Santo Antonio, apesar das dificuldades, tem boas perspectivas para melhorar a renda familiar e não vê a hora de começar a por em prática suas ideias. “Acho muito ruim viver sem energia elétrica. Precisamos fazer muita coisa, mas não temos como. Às vezes quero passar uma roupa, tomar água gelada, usar ventilador, bater um açaí na máquina (a gente tem uma aqui em casa), mas não é possível. Acho que quando a energia chegar as coisas vão melhorar. Espero até colocar uma venda de chopp de frutas e lanches”, falou Maria, muito animada.

Texto: Emanuel Jadir, jornalista e assessor de imprensa da Celpa.

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