Memória, Arte e Cultura
Encerrou, no último dia 01, o Centenário de nascimento de Dalcídio Jurandir. Ao longo de 2009, amigos, parentes e artistas do escritor somaram apreço e esforços para resgatar a memória dos 100 anos do "índio sutil". Contudo, certamente, é lamentável a perda de oportunidade do Centenário e não ter acontecido a tão esperada obra de reconstrução do Chalé do extremo-norte, em Cachoeira do Arari, onde o romancista da Amazônia viveu. Uma falha enorme de sensibilidade política que ficou gravada na memória da resistência marajoara.
Dalcídio Jurandir
Dalcídio Jurandir é um dos maiores escritores paraenses. Ele nasceu na Vila de Ponta de Pedras, Ilha do Marajó (PA), no dia 10 de janeiro de 1909, filho de Alfredo Pereira e Margarida Ramos. Em 1910 mudou-se para Vila de Cachoeira, na mesma ilha, onde passou sua infância, aprendendo com sua mãe as primeiras palavras.
Em 1929 escreveu a primeira versão de "Chove nos campos de Cachoeira". Alguns de seus contos e romances são: Marajó (1947), Três Casas e um Rio (1958), Belém do Grão Pará (1960), Passagem dos Inocentes (1963), Primeira Manhã (1968), Ponte do Galo (1971), Os Habitantes (1976), Chão dos Lobos (1976), Ribanceira (1978) e Linha do Parque (1959).
Suas obras são um rico manancial sobre a região Amazônica, com suas crendices, lendas, igarapés, pomares, rios gigantescos, ilhas e uma das mais ricas floras e faunas do mundo. “Dalcídio é um autor genuíno, fabuloso e grande internacionalista, pois suas obras têm dimensão transnacional. Sua formação como comunista lhe deu a chance de conhecer qualquer ser humano como irmão”, destaca o escritor e pesquisador Paulo Nunes.
Comunista assumido, o escritor paraense participou ativamente do movimento da Aliança Nacional Libertadora. Foi preso em 1935 e ficou dois meses no cárcere. Em 1937, foi preso de novo e ficou três meses detido. Somente em 1938 retornou ao Marajó.
Dalcídio Jurandir exerceu ainda atividade jornalística no Rio de Janeiro nos jornais “O Radical” e “Diretrizes” e colaborou também com “O Imparcial”, “Crítica” e “Estado do Pará”, “Diário de Notícias”, “Correio da Manhã”, “A classe operária” entre outros e com as revistas “Guajaramirim”, “A Semana”, “Terra Imatura”, “Pará Ilustrado”, “Leitura”, “O Cruzeiro”, etc.
Dentre diversas premiações, a Academia Brasileira de Letras concedeu a Dalcídio o Prêmio Machado de Assis de Literatura, em 1972, pelo conjunto de sua obra, que lhe foi entregue por Jorge Amado. Em 1974 o Governo do Estado do Pará o agracia com o título honorífico de “Honra ao Mérito”.
No dia 16 de junho de 1979, o escritor falece na cidade do Rio de Janeiro. A prefeitura de Belém homenageia Dalcídio dando seu nome a uma praça pública no bairro da Cremação e a prefeitura do Rio de Janeiro dá o nome do escritor a uma rua na Barra da Tijuca. Em Ponta de Pedras, sua cidade natal, há uma escola com seu nome.
Contudo, há quase 30 anos suas obras não eram editadas, mas algumas instituições de ensino superior do Pará tratam da publicação de algumas delas.
O Centenário de nascimento de Dalcídio Jurandir foi, ainda, tratado no programa Regatão Cultural, da TV Cultura do Pará, em março de 2009. Se você quiser conhecer mais sobre o Centenário de nascimento de Dalcídio Jurandir acesse o Portal Cultura (www.portalcultura.com.br) e assista o programa. Vale a pena!
Texto: Cleide Magalhães.
Acredito ser sumamente importante separar tietagem dos amigos do autor e camaradagem dos velhos comunas (como eu mesmo), da importância da obra para dar testemunho da "Criaturada grande" neste momento de mudanças aceleradas para o bem e o mal.
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