segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Brasileiros vão de consórcio

Por: Cleide Magalhães

Possibilidade de poupança futura e taxas baixas fazem da modalidade a nova queridinha em contratações

Hoje o sistema de consórcios representa os interesses de cerca de 4,4 milhões de consorciados, é responsável por um volume de negócios de aproximadamente R$ 62 bilhões e entregou cerca de 10 milhões de bens nos últimos dez anos no País. Nos nove primeiros meses deste ano, a preferência dos brasileiros era 30,5% por motocicletas, 22,5% caminhões e máquinas agrícolas e 10,9% por consórcios de veículos leves (automóveis, utilitários e camionetas) de fabricação nacional. Tomando por base os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as informações são da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) - entidade de classe sem fins lucrativos, fundada no final dos anos 60, e hoje representa 160 empresas associadas do setor em todo o território nacional.

Na opinião de especialistas, para quem é poupador, consegue segurar a ansiedade e não tem pressa para obter a casa própria, automóvel, motocicleta ou eletroeletrônico, entre outros que levam a construir seu patrimônio, entrar em consórcio é a melhor e mais inteligente opção. "A pessoa adquire um bem móvel ou imóvel sem muito sacrifício e não paga taxa de juros, somente taxa de administração. Isto depende da administradora, há várias no mercado e com valores bem em conta. A flexibilidade no consórcio é enorme, o valor você ainda pode reverter em outros bens, ou acumular o dinheiro e fazer uma poupança, ao final. A maioria das pessoas não gosta porque se deixa levar pelo impulso, pela publicidade e não quer esperar para adquirir um bem de forma mais inteligente", observa Antônio Ximenes, membro do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon/PA).

Segundo o presidente da ABAC, Paulo Roberto Rossi, as razões que levam as pessoas a entrarem em consórcio são várias,

mas destaca que o consórcio é considerado um bem de futuro (ao lado de imóveis e da caderneta de poupança), mostrando que o sistema é um formador de patrimônio pessoal, familiar ou empresarial. “No sistema de consórcios não há cobrança de juros, não se trata de empréstimo, mas de um autofinanciamento, onde os participantes se concedem crédito recíproca e mutuamente. Por isso, há taxa de administração que remunera as atividades da administradora”, explica.

Sem juros, planos se tornam atrativos

Atualmente, no mercado paraense em geral os prazos no consórcio variam entre 25 meses e 180 meses envolvendo valores de R$ 5 mil a R$ 450 mil e as taxas das administradoras, de 14% a 25%, aplicadas de acordo com o prazo total do plano. As taxas foram principais atrativos para que a bancária Janine Barros, 32 anos, entrasse no consórcio de seu carro, marca Corsa Classic Life, de abril de 2008 até julho de 2012, tornando seu sonho real. “Optei pelo consórcio porque os valores das parcelas eram menores e sem taxa de juros como ocorre nas modalidades de financiamento Leasing e Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Com isso, realizei um sonho que não conseguiria através do financiamento”, conta.

Porém, a bancária enfrentou problema com o consórcio, pois, em um primeiro momento, fez em nome de sua mãe, pelo fato desta ser mais velha e ter carteira nacional de habilitação há mais tempo, mas não foi informada que, na ocasião de retirar o bem, o cadastro da mãe passaria por análise de crédito e caso a parcela ultrapassasse 30% da renda não conseguiria comprar o veículo. Resultado: Janine teve que pagar R$ 600,00 para transferir o consórcio para seu nome e a parcela reajustada. “O ponto negativo foi somente a empresa não ter realizado a análise de crédito à retirada do carro no momento em que estava realizando a venda. Contudo, o valor final é bem menor e a correção das parcelas baixas e regressivas”.

Cuidados são necessários antes de aderir

Depois da experiência, Janine afirma que passou a tomar cuidados para não ser enganada e nem ter problemas ao fazer consórcio. “Antes de fechar o negócio, procuro saber da idoneidade da empresa que está comercializando o consórcio, através da internet, conversa com amigos e para saber se o vendedor realmente trabalha na instituição, enfim”.

O presidente da ABAC - instituição que desempenha papel essencial no aperfeiçoamento das normas e mecanismos do sistema, atuando como interlocutora do sistema de consórcios perante autoridades competentes e consorciados - orienta que uma a das atitudes do consumidor, antes de se tornar um consorciado, deve ser a leitura do contrato, sem deixar de consultar o site do banco central (www.bcb.gov.br) ou da ABAC (www.abac.org.br) para verificar se a administradora está ou não autorizada a comercializar cotas.

É importante observar ainda se a propaganda da empresa e os comentários do vendedor sobre as vantagens e as características do consórcio também estão inseridas no contrato. Além disso, não se deve acreditar em promessas verbais, pois as regras de participação no consórcio são bem claras. “Daí para frente, esclarecidas as dúvidas sobre seu funcionamento, o consorciado deverá participar ativamente das assembleias e acompanhar os relatórios encaminhados pelas administradoras”, aconselha Paulo Rossi.

Se o consumidor seguir essas orientações dificilmente será enganado, visto que terá à sua disposição todas as informações para decidir aderir ou não a um consórcio. Porém, caso alguma situação persista e o desagrade, poderá consultar o Banco Central, pelo telefone 0800 979 2345 ou site, pela ABAC ou ainda pelo serviço de atendimento ao consumidor: 11 - 3231-5022.

Região Norte é a principal compradora

Nos estudos que apontaram 10,9% nas vendas internas de consórcios no país no setor de veículos leves (automóveis, utilitários e camionetas), a maior parcela ocorreu na região Norte (14,28%), enquanto a Sul, com 12,11%, ocupou o segundo lugar. A região Nordeste ficou na terceira colocação, somando 11,05%. Abaixo da média nacional (10,9%), ficaram as regiões Central, com 10,62%, e Sudeste, que atingiu 10,17%.

No maior setor do Sistema de Consórcios em número de participantes, a presença dos contemplados nas vendas internas de motocicletas e motonetas foi de 30,47%, de acordo com os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). As regiões Norte (42,06%), Nordeste (33,04%) e Central (36,30%) superaram a média nacional, enquanto a Sul (25,23%) e a Sudeste (24,21%) ficaram inferiores.

Entre os veículos pesados (caminhões e máquinas agrícolas), cuja participação nacional chegou a 22,56%, de janeiro a setembro deste ano e referenciados nos dados da Anfavea, a maior presença dos consorciados contemplados foi registrada na região Central com 28,76%. A seguir, estiveram as regiões Norte (26,07%), Sudeste (25,65%) e Nordeste (23,55%), enquanto a Sul (17,33%) ficou abaixo da marca nacional.

Atualmente, ao lado das diversas alternativas, que viabilizam a compra de carros, motocicletas, caminhões, máquinas agrícolas, os consórcios dividem a preferência do consumidor. “Para os que têm como hábito planejar, fazer contas, comparar e ter um custo menor, o mecanismo de autofinanciamento é o ideal”, diz o presidente da ABAC. “Para o setor industrial, esse mecanismo genuinamente nacional, que completará 50 anos em 2012, permite a programação da produção a médio e longo prazos, além de garantir o nível de atividade econômica. Como a contemplação de participantes acontece ao longo da duração dos grupos, o Sistema de Consórcios assegura a continuidade das vendas e, desta forma, participa de forma decisiva da cadeia produtiva”, completa.

Willian Costa, gerente da regional Norte do Consórcio Nacional Embracon, afiliada à ABAC, conta que a empresa tem faturamento mensal de R$ 300 milhões no País e na região Norte são cerca de R$ 15 milhões. “A maior parte dos consórcios no Norte são imóveis, automóveis e motocicletas. É muito difícil o cliente desistir, e, caso isso ocorra, de acordo com a nova lei, ele continua participando dos sorteios na cota cancelada, tem os valores reduzidos, de acordo com o percentual que pagou, e recebe as penalidades (taxas) por desistência”, explica. A Embracon está há quatro anos no mercado local com filiais em Belém, Marabá, Manaus e São Luis.

O Consórcio Nacional Embracon está há 24 anos no mercado, é a administradora oficial de consórcio das marcas "Mitsubishi Motors", "Suzuki Motors" e "Consórcio de Produtos DPaschoal". O Embracon, que é autorizado e fiscalizado pelo Banco Central do Brasil, está entre as 100 melhores empresas para se trabalhar, segundo pesquisa divulgada pela revista Época.

Saiba mais sobre o consórcio no Brasil

No início da década de 1960, com a instalação da indústria automobilística no território nacional e em decorrência da falta de oferta de crédito direto ao consumidor, funcionários do Banco do Brasil tiveram a ideia de formar um grupo de pessoas, com o objetivo de constituir um fundo suficiente para aquisição de automóveis para todos aqueles que dele participassem. Surgia, assim, no Brasil, o consórcio – mecanismo de concessão de crédito com custos mais baixos, que tem por objetivo a formação de patrimônio e aquisição de bens de consumo e serviços. O consórcio constituiu-se como importante ferramenta para essa indústria recém instalada no País.

Em 1967, a Willys Overland do Brasil (montadora de veículos) já possuía, em sua carteira de clientes, 55 mil consorciados. Portanto, o consórcio teve sua origem ligada à indústria automobilística, e durante muito tempo o automóvel foi seu único produto. No final de 1979, o setor de consórcios inicia seus estudos para o lançamento de grupos referenciados em motocicletas, caminhões e eletroeletrônicos.

Hoje, inteiramente consolidado, o sistema de consórcios viabiliza a aquisição de diversos produtos que vão desde bens de produção, a caminhões, implementos agrícolas e rodoviários, ônibus, tratores, colheitadeiras, embarcações, aeronaves, computadores, motocicletas, passando pelos eletroeletrônicos, kits de casa pré-fabricada, imóveis, construção, reformas e até serviços como consultorias, pacotes turísticos, festas, cursos de pós-graduação, entre outros.

Fotos: Divulgação

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, dia 27/11/2011.

sábado, 19 de novembro de 2011

Professores do Estado suspendem a greve

Por: Cleide Magalhães

Publicada em O Liberal e Amazônia, dia 19/11/2011.

Professores da rede estadual de ensino decidiram, por maioria, suspender ontem a greve, que durava 53 dias. A categoria apresentou calendário de reposição das aulas e acredita que, nesse momento, é a melhor atitude a ser tomada, para não prejudicar os alunos e facilitar a retomada das negociações com o Governo do Estado. O movimento enfatiza que não desistirá de suas reivindicações e anuncia que, caso o governo não negocie, já tem greve prevista para o início de 2012. As aulas devem recomeçar normal em todo o Estado na segunda, 21.

Conceição Holanda, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), explicou que a proposta elaborada pela categoria encaminhada ontem, prazo máximo dado pelo juiz Elder Lisboa, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Belém, traz que o calendário letivo deste ano, o qual se estende até 26 de abril de 2012. As aulas serão de segunda a sexta e o início do próximo ano letivo para 10 de maio de 2012, caso haja negociação com o governo. Se a situação transcorrer de forma diferente, os professores afirmam que vão entrar em greve no começo de 2012. "Apenas suspendemos a paralisação e ressaltamos que voltar às aulas não é o fim do movimento. Esperamos que o governo volte a sentar para negociar", esclareceu a Holanda.

A assessoria jurídica do sindicato informou que o movimento acompanha a instauração de processo civil impetrado pelo promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Firmino Matos, para saber quais são os motivos que o estado alega ter para não pagar o piso dos professores. "Se o promotor observar que o pagamento não acontece por falta de vontade de cumprimento da lei pelo secretário ou pelo próprio governador, ele deverá entrar com ação de improbidade administrativa contra a secretaria ou encaminhar solicitação à Procuradoria Geral do Estado, caso envolva o governador", disse o advogado do Sintepp, Walmir Brelaz.

Além disso, Brelaz informou que mantém o recurso de apelação à decisão do juiz no Tribunal de Justiça do Estado, em seu último parecer, dia 8 de novembro, no qual determinou o fim da greve e negou provimento ao recurso de embargos de declaração interposto pelo Sintepp. Na apelação, constam vários argumentos. "Que a greve é um direito constitucional, que havia motivo de fazê-la já que o governo do Estado não cumpre a lei. Além disso, contestamos o juiz por ter dado prazo para o estado pagar o piso, o que ele julgou como extra pedido, e o Supremo Tribunal de Justiça já mandou pagar o piso de uma só vez", explica o advogado do Sintepp, Walmir Brelaz.

Paralelo à apelação, a assessoria jurídica entrou ainda com recurso no Ministério Público do Estado pedindo anulação do processo encaminhado ao delegado geral de Polícia Civil, Nilton Atayde, pela 1ª Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais, Fundamentais e Defesa do Patrimônio Público, Maria das Graças Corrêa Cunha. Ela solicitou, por meio de ofício, a abertura de inquérito policial para apurar crime de desobediência à determinação judicial contra a coordenação geral do Sintepp.

Na representação feita ao MPE o sindicato considera que a promotora teve conduta ilegal. "Pedimos anulação porque a promotora atuou de forma ilegal, uma vez que a Promotoria do MPE que deveria participar do processo correspondente à 1ª Vara da Fazenda Pública de Belém seria a de Justiça de Ações Constitucionais e Fazenda Pública, composta por cinco promotores de Justiça, e não a qual pertence a promotora Maria das Graças. Além disso, fizemos representação contra ela no Conselho Nacional do Minsitério Público pelo exercício ilegal da profissão", disse Brelaz.

A principal reivindicação dos professores é que o governo faça o pagamento de R$ 64,00, o que falta para completar o piso atual, que é o de R$ 1.187. Além do pagamento integral do Plano de Cargos Carreira e Salários (PCCR). O pagamento do piso nacional é instituído pelo Ministério da Educação e aprovado pelo Senado (Lei 11.738/2008).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Queda de braço entre trabalhadores da educação e estado completa 48 dias

Por: Cleide Magalhães e Edna Nunes

Parte dessa reportagem foi publicada nos jornais O Liberal e Amazônia, em 12/11/2011

Os cerca de 40 mil trabalhadores da educação pública do Pará, dos quais 27 mil são professores, decidiram na sexta, 11, continuar a greve. O movimento conta hoje 48 dias e a decisão foi, praticamente, por unanimidade dos técnicos e professores presentes à reunião, realizada no Centro Social de Nazaré, das 9h30 às 13h, quando chegaram ao consenso de continuarem a luta.

Agora, a população, sobretudo alunos, deverá aguardar a disputa de "queda de braço" entre governo e grevistas, estes dispostos a levar até o limite para que, segundo eles, significa cumprimento do pagamento do piso nacional dos professores. A prova de fogo será na quarta, 16, quando vão realizar um grande ato contra o governo do Estado, no Centro Arquitetônico de Nazaré, às 9h, rumo ao Centro Integrado de Governo, em Nazaré, onde pretendem ter audiência com o governo, às 11h, e tentar negociar sobre a greve.


Como o governo se recusa em dialogar com os trabalhadores, por entender ser possível que eles voltem ao trabalho, a categoria, por sua vez, decidiu intensificar a mobilização junto aos professores e alunos que retornaram às salas de aula. A expectativa é fazerem amanhã ação na Praça da República para esclarecer à população em geral, informando sobre a realização da greve, para deixar claro que o problema que afeta hoje o professor atinge não apenas a esta categoria, mas a todos.

"A categoria hoje deu uma resposta ao governo do Estado e nós não temos medo da ameaça de corte de ponto e estamos na luta em defesa de um direito que é nosso e legíti
mo, portanto, não é não vamos nos deixar intimidar", enfatizou o membro da coordenação da Secretaria Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintepp), Mateus Ferreira.

Na sexta, 4, a coordenação da entidade sindical contabilizou 92 municípios que aderiram ao movimento, mas ontem este número estava em torno de 88. O membro da coordenação de Comunicação, Sebastião Antônio dos Santos Netto, comentou que esta baixa tem como fatores principais a pressão do governo e "a aproximação à comunidade, que induzida pelo governo pressiona as escolas a voltarem às suas atividades".

A coordenadora geral do sindicato dos professores, Conceição Holanda, afirmou que o governo estaria tentando pressionar os professores a voltar ao trabalho, com a proposição de medidas no Conselho de Educação. "Ontem eles tentaram propor a redução dos dias letivos, de 200 horas para 180, como forma de pressionar a categoria, mas a presidente do conselho não aceitou colocar a proposta em votação. Dos 40 mil servidores, cerca de 5 mil são temporários, destes alguns retornaram às escolas, mas a greve continua forte e só vamos retornar se o governo negociar", declarou à platéia.

Durante as discussões para o encaminhamento do movimento, inclusive com discussões feitas por regiões distritais, os professores sinalizaram inúmeras ações, como se estivessem certo da continuação da greve. Dentre elas, realização de carreata; caso haja corte no ponto, a proposta é responsabilizar a administração pública a refazer o calendário escolar; programar atos públicos nas regiões distritais; e até organizar uma caravana, para que o Ministério da Educação force o governo do Pará a respeitar a legislação.

Dentre os poucos que se posicionaram contra a continuidade da greve, destacou-se o professor Élson Alves, por entender que "estamos perdendo força e a partir da semana que vem algumas escolas voltarão a ter aula e o governo não demonstra interesse em negociar". A resposta à fala do professor foi uma "enxurrada de vaia" da plenária.

Seduc afirma que professores voltam ao trabalho

A assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirma que segue com as medidas administrativas anunciadas nesta semana pelo governo do Estado e, dessa forma, cumpre a sentença expedida pelo juiz Elder Lisboa, o qual determinou o retorno imediato dos professores às salas de aula.

A Secretaria iniciou o levantamento da situação dos docentes que têm se ausentado das atividades escolares e, em seguida, traz a nota, aplicará as sanções determinadas pela Justiça em conformidade à solicitação do Ministério Público do Estado (MPE).

A Seduc informa ainda que pelo último balanço feito em todas as escolas da rede estadual, cerca de 60% já funcionam normal. Um total de 17, 7% estão parcialmente paralisadas e 23,2% totalmente sem atividades. Diz que a principal dificuldade que diretores de escolas enfrentam é convocar os estudantes a comparecerem à sala de aula, após tantos dias parados.

domingo, 13 de novembro de 2011

Mulheres escolhem crédito

Por: Cleide Magalhães

Fotos: Igor Mota e Marcelo Seabra

Pesquisa revela que o chamado dinheiro de plástico faz mais sucesso entre o público feminino no Brasil

As mulheres usam mais o cartão de crédito que os homens, os quais preferem o cartão de débito. A afirmação recente é mostrada em uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) conduzida pelo Instituto Datafolha com objetivo de conhecer o mercado de meios eletrônicos de pagamento e avaliar os níveis de satisfação dos consumidores em 11 cidades das cinco regiões brasileiras, entre elas Belém.

Segundo o estudo quantitativo feito com total de 2.032 pessoas, entre junho a agosto deste ano, 70% das mulheres que possuem algum meio eletrônico de pagamento costumam pagar por produtos, alimentos e serviços com o cartão de crédito. Entre os homens, a fatia é de 65%. A margem de erro máxima, para mais ou para menos, é de 2 pontos percentuais considerando nível de confiança de 95%.

Em relação à preferência, as opiniões também são distintas: 31% das brasileiras preferem fazer compras com o cartão de crédito, contra 22% dos homens. A situação praticamente se inverte quando o assunto é cartão de débito: 23% entre as mulheres e 30% entre os homens. Curiosamente, em relação à posse de cartão, são eles que levam vantagem, com 74%. No caso das mulheres, 71% possuem algum tipo de cartão.

Enquanto está com dinheiro na em sua conta corrente, o médico Irair Santos Santana, 64 anos, que mora na Marambaia, fala que prefere comprar com cartão de débito, mas se acabar não vê problema em utilizar o crédito. “Se tiver dinheiro na conta prefiro usar o débito para comprar tudo, desde brinquedo até televisão. Caso a grana seja pouca, uso meu cartão de crédito para comprar e, geralmente, utilizo para adquirir passagens aéreas e hospedagens fora do estado e do país. Porém, vale a pena usar o cartão quando se sabe administrá-lo para não passar dos limites, porque os juros de 12% ao mês e outras taxas são elevados no Brasil”, pondera.

Brasília lidera taxas de operações diversas

O estudo apontou que a cidade com maior índice de posse de cartão de cartões é Brasília (DF). Por outro lado, as menores taxas são encontradas nas capitais do Norte e em Recife (PE). Os cartões emergentes têm muita penetração nas capitais do Nordeste e cartão de lojas tem destaque em Belém. Dos 135 belenenses entrevistados que possuem cartão, 83 habitualmente preferem o uso do cartão de loja, 73 de crédito, 34 de débito e 4 preferem cheque. A utilização do cartão de crédito em Belém fica atrás de Brasília (78), Recife (76) e Salvador (71).

Segundo Nonato Reis, gerente de vendas há 24 anos da loja Paraibana, no centro comercial de Belém, cerca de 60% dos clientes compram no crediário da própria loja, 20% no cartão de crédito externo, 10% em débito e 10% em dinheiro. “A maioria que compra no cartão de crédito é mulher, que adquire eletrodomésticos, móveis e eletroeletrônicos. Quando o cartão não é dela, utiliza o do marido, que a acompanha para poder fazer o procedimento na loja. No cartão externo, dependendo do produto, parcelamos até 12 vezes com juros da operadora do cartão. Mas, geralmente, as pessoas parcelam em menos vezes para evitar os juros. A compra no cartão em geral é feita pelo público das classes C, D e E, com renda que variam de um a cinco salários mínimos”, informa o gerente. A loja conta hoje com cerca de três mil produtos à disposição do público e, na época em que a movimentação é intensa, como no mês de dezembro, chegam a circular por lá cerca de duas mil pessoas.

Empresário destaca diferença no modo de comprar

O vice-presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belém (Sindilojas), Joy Colares, explica que existe diferença no hábito de compra das pessoas que vão ao centro comercial de Belém e as que frequentam o comércio de bairros como Cremação, Jurunas, Pedreira, Telégrafo, Souza e outros. “Como no comércio de bairros já tem bastante lojas, as pessoas não saem de lá para comprar no centro. Os moradores desses bairros vão ao centro comercial somente se forem atrás de algo bem específico, sua faixa de renda é de média para baixo e o principal meio de pagamento é o dinheiro. Alguns usam carnês de pagamento da própria loja, e não usam cheque nem cartão de crédito. Já no centro comercial, onde há um mix maior de lojas, a compra em dinheiro continua sendo o meio de pagamento mais utilizado, mas como a faixa de renda é maior, já é crescente a fatia de pessoas que utilizam o cartão e débito. Nos shoppings centers já muda o perfil do público, bem como no comércio em Nazaré e na avenida Brás de Aguiar, onde o recurso mais utilizado é o cartão de crédito, pois a renda é mais elevada”, explica.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre os possuidores de cartão, a maior preferência para pagamento em dinheiro é Manaus. A cidade de Belém fica em 7º lugar empatando com Goiânia e Rio de Janeiro, as quais contaram com 44 entrevistados que tiveram a mesma opção.

Entre os que não possuem cartão de crédito e que fazem pagamento por meios eletrônicos de pagamento, 100 dos 135 belenenses afirmaram preferir pagar em dinheiro, 12 deles com boletos ou faturas bancárias, 7 parcelamento com carnê e 4 com vale benefício.

Na opinião dos belenenses, revelou o estudo, os principais pontos fortes para se ter cartão de crédito é por ser mais seguro e não precisa lavar, agilidade durante pagamento no caixa, não precisar ter dinheiro no momento da compra, por ser aceito em vários lugares, ter maior controle dos gastos e poder parcelar as compras sem juros.

Já os pontos fracos são juros e taxas altos, anuidade, não ter controle, falta de segurança por roubo ou clonagem, medo de ser roubado, atendimento na central não é bom e problemas com equipamento.

A pesquisa da Abecs mostrou que os itens que os portadores de cartão, tanto homens quanto mulheres, mais adquirem com meios eletrônicos de pagamento encontram-se nos grupos: roupas, calçados e joias, bens duráveis para a casa e estadias de hotéis e pousadas, com 68% cada. Em seguida vem a compra de passagens (64%), material para construção (61%), combustível (57%) e produtos alimentícios (54%).

"É melhor ter controle para não cair em dívidas", orienta usuária

facilidade na hora da compra fez com que há 11 anos a turismóloga Ledielma Serrão, 32 anos, tenha cartão de crédito e débito. Hoje ela contabiliza dois de crédito do Itaucard, nas bandeiras Visa e Mastercard, e dois de débito da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Ela, que utiliza todos ao mesmo tempo levando em consideração o melhor dia de compra, conta o que faz com os cartões. “Compro de tudo em até três vezes: eletrodomésticos, roupas, sapatos, perfumaria, alimento, remédio, enfim. A vantagem é ser aceito em quase todos os estabelecimentos de venda e ainda acumulo pontos que são convertidos em milhas à compra passagens aéreas e outras coisas”.

Nesse tempo, Ledielma conta que não enfrentou problemas na hora de pagar os cartões e dá dicas. “Os cuidados que se deve tomar para não entrar numa fria com as dívidas é ter controle das suas contas, nunca comprar além do que se pode pagar, ter sempre uma planilha dos gastos e, se comprar para alguém, ter consciência que se a pessoa não pagar você pode cobrir o débito.

Diferente dela, seu esposo, Murilo Nery, tem o hábito de comprar bem menos no cartão de crédito. Ele utiliza mais o débito e afirma não gostar de acumular dívidas. “Quando ele compra algo de valor, utiliza meus cartões”, brinca a esposa.

Na opinião de Joy Colares, o uso do cartão de crédito ainda é o melhor meio de pagamento para quem vende e compra. "Para quem vende por conta da segurança, são raras as exceções de se ter problema, é importante verificar se o cartão não é roubado e verificar a assinatura. Uma vez passado na máquina e a operadora liberou, sanou o problema do lojista porque ele tem uma aprovação e concessão de crédito. Se estiver clonado é outro departamento e o problema é da operadora e do portador. Para o portador, o cartão facilita sua vida, mas se o uso não for feito com cuidado e extrapolar seus limites, ele vai pagar altos juros, que hoje é de 12% ao mês, diferente de alguns países que é de 1% ao ano", alerta.

Reportagem Especial publicada no jornal Amazônia, dia 06/11/2011

Lixo reciclado dará vida ao natal 2011

Por: Cleide Magalhães

Garrafas enfeitam

Benevides, Aeroporto e periferia de Belém

A preocupação com futuras gerações e a atenção à educação ambiental estão intrinsecamente ligadas às festividades natalinas de comunidades e empresas em Belém e município próximo. Muitas delas já se preparam para comemorar o nascimento de Cristo estando de bem com o meio ambiente retirando do lixo, rios e canais toneladas de materiais reciclados, em especial garrafas pet, que ganham vida e ornamentam ruas, passagens e avenidas alegrando o Natal de muita gente. Nessa época que antecede as festas de final de ano, os meteriais reciclados geram ainda emprego e aumentam a renda de catadores de lixo.

O projeto Natal de Benevides já começou suas atividades no último dia 2 e segue até o início do ano que vem. É um dos mais tradicionais no Estado e, além da rica decoração natalina, de todo o centro do município de Benevides, feita em garrafa pet reciclada, o projeto oferece iluminação na cidade e abre espaço p
ara programação cultural envolvendo jovens talentos da comunidade benevidense. A decoração natalina é produzida pela Fábrica de Natal, onde mais de 50 artesãos trabalham o ano inteiro na confecção das peças.

A coordenadora do projeto, Lucicléa Alves Ferreira, conta que o Natal de Benevides envolve educação ambiental e
responsabilidade social, com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável de Benevides. “Envolvemos toda a comunidade do município com intuito de melhorar a autoestima da população, garantir qualificação e educação, e gerar emprego e renda”. São gerados em média 1,5 mil empregos diretos durante os 35 dias de evento, movimentando a economia do município.

Quando o projeto s
urgiu, em 2009, foram utilizadas cerca de 300 mil garrafas pet. Em 2011, chegou a um milhão e em 2012 a meta é utilizar três milhões de garrafas pet. A arrecadação é resultado de ações de educação ambiental nas escolas e na comunidade, onde a cada 20 garrafas coletadas o aluno ganha um cupom para concorrer a prêmios. O material vem ainda da Cooperativa de Catadores de Material Reciclado de Benevides, que funciona dentro do aterro controlado pelo município, o segundo em operação no Pará.

Projeto alcança Belém: Infraero adere

O projeto Natal de Benevides, idealizado pelo gestor local, Edimauro Ramos d
e Farias, é executado pela prefeitura com recursos próprios, através da Comissão Organizadora do Natal. Para dar mais visibilidade ao evento, o projeto se estende para Belém e este ano firmou parceria com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

De acordo com a parceria, a Infraero, através de seu projeto de Educação Amb
iental junto à comunidade aeroportuária e de bairros ao entorno do aeroporto, promove a educação ambiental ajudando na coleta das garrafas pet que irão decorar o Aeroporto Internacional de Belém/Val-de-Cans/Júlio César Ribeiro. Para isso, a empresa lançou em 2011 a “Campanha Natal Sustentável Infraero – É você quem Faz”, através de parceria feita também com a Companhia de Turismo do Estado do Pará (Paratur).

“A conscientização é o principal fator a ser observado na campanha que tem como foco principal as futuras gerações e o processo de educação ambiental que divulgamos nas escolas ao entorno do aeroporto que apóiam a iniciativa. Contribuindo com a destinação ecologicamente correta na reutilização destes resíduos, aumentando, assim, a vida útil dos aterros sanitários”, ressalta Franney Oliveira, coordenador de Meio Ambiente da Infraero.

A campanha possibilita com que a população também participe da ação e disponibilize garrafas pet nos pontos de coleta, localizados nos portões de acesso ao terminal de passageiros. Para decorar o aeroporto, a assessoria de imprensa da Infraero informa que serão necessárias em torno de 50 mil garrafas pet, que se transformarão em símbolos natalinos como estrelas, prontas para receber o turista que desembarca na principal porta de entrada da Amazônia. Fortalecendo assim, a exemplo de Gramado (RS), o turismo na região metropolitana de Belém. “A campanha significa a realização de uma meta que envolve toda a comunidade em prol do meio ambiente, promovendo encanto, alegria e embelezamento”, considera o superintendente do Aeroporto, Samuel Sales.


Os custos de decoração do aeroporto entram como investimento de marketing do Natal de Benevides. A montagem começa amanhã e fica até 06 de janeiro de 2012, Dia de Reis. Para chamar atenção de quem passar por lá, está prevista a criação de uma árvore com sete metros de altura dentro do aeroporto. Na área interna e no estacionamento, a decoração vai ser flutuante com estrelas.


Catadores de lixo do Aurá melhoram a renda


O período que antecede ao Natal ajuda no aumento da renda dos 56 membros da Associação de Catadores da Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), os quais são parte de 607 pessoas, que, em 2005, catavam lixo no aterro do Aurá, que em baixíssimas e precárias condições de trabalho (embora ainda hoje não sejam adequadas) garantiam de lá sua sobrevivência (ou subvivência).

A presidente da ACCSB, Maria José de Moraes, 54 anos, afirma que todos os anos a associação vende toneladas de garrafas pet para o projeto Natal de Benevides e outros projetos em Belém. Com isso, os trabalhadores conseguem arrecadar alguns reais a mais no orçamento do mês. Hoje cada catador ganha até um salário mínimo (o que equivale a R$ 554,00) durante atividade no projeto Coleta Seletiva, da Prefeitura de Belém.


A coleta no projeto Coleta Seletiva é feita por meio do carrinho de metalon, que além de quatro caminhões, arrecada semanalmente mais de cinco toneladas de lixo reciclado na cidade. Os carrinhos circulam, principalmente, pelos bairros nobres da cidade como Umarizal e Nazaré. Os catadores da associação tiram do lixo seu sustento e recebem entre R$ 0,06 (pelo quilo do jornal separado) e R$ 9,50 (pelo cobre).


“A gente vende o lixo e divide o dinheiro igual para todos os membros da associação. Estar aqui é melhor que trabalhar no lixão, mas ainda enfrentamos dificuldades quanto à infraestrutura de trabalho. Aguardamos pela liberação de um galpão que foi prometido pela prefeitura para reunir todos os associados, que estão espalhados em outros três pontos da cidade e dificulta nossa melhor organização. Alguns desses espaços, quando chove, enchem de água e prejudica a saúde dos trabalhadores. Além disso, não tem banheiro nem área para alimentação. Essa é nossa maior reivindicação e temos receio que o espaço seja cedido para outras associações e cooperativas, e não nos beneficie”, preocupa-se Maria José.


Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), a Prefeitura de Belém inaugura no próximo mês o Centro de Triagem para a coleta seletiva de lixo. Um galpão com 1.200 metros quadrados, no bairro da Maracangalha, às margens do canal São Joaquim, próximo da Avenida Júlio César.


Disse que o projeto vai atender a seis cooperativas de Belém e a ACCSB. O objetivo é tornar a cidade mais limpa e gerar renda para cerca de 800 catadores das seis cooperativas. “O Aurá faz parte do projeto, por ser o local onde existe o maior contingente de catadores. Não significa dizer que a Prefeitura de Belém vai beneficiar Ananindeua, uma vez que o Lixão do Aurá é de responsabilidade de Belém”, esclarece a assessoria.


O Centro de Triagem vai funcionar 24 horas por dia e processar e armazenar 30 toneladas diárias de resíduos como papel, garrafas pet, vidro e latas de alumínio. Ao inaugurar o Centro, a Sesan fala que vai iniciar a coleta de porta em porta, com a finalidade de incentivar a educação ambiental.


O secretário de Saneamento, Ivan Santos, afirma que a meta é coletar 35% do lixo reciclável da capital, gerar renda e tirar os catadores do Aurá. “O Centro de Triagem vai oferecer um local adequado e equipado para as atividades dos catadores e a parceria com eles é fundamental para o projeto", disse o secretário.


Projeto de educação ambiental no Curió-Utinga


Também por meio da educação ambiental, um projeto que começou este ano que já beneficiar a comunidade, principalmente crianças, acontece no bairro do Curió-Utinga. Na passagem Xavier, próximo ao canal de marte, conhecido como igarapé do Utinga, onde as servidoras públicas Ruth Vaz, 51 anos, e Joana Barroso, 46 anos, incentivam e orientam 20 crianças da vizinhança a ajudar na coleta de garrafas pet e na criação de ornamentos. Os materiais vão ser usados para enfeitar o local para o Natal. A meta é pretensiosa: construir três árvores com seis metros de altura cada e vários outros símbolos natalinos. Para isso, arrecadam do canal e da comunidade pelo menos cinco mil garrafas pet.

“Antes de ensinar as crianças, converso com elas e procuro conscientizá-las sobre o problema do lixo na nossa cidade e, em especial, no canal, que está bem próximo da gente. Durante o ensinamento na criação dos materiais elas ficam surpresas em ver como o que era lixo ganha vida em forma de flores, bolas de natal, e outros, então, sempre querem aprender mais. É muito gratificante”, conta Ruth, que é artesã há mais de cinco anos.


Maria Barros, 11 anos, é uma das crianças que participa do projeto. Ela fala que já até imagina como vai ser a festa na comunidade. “Todos os dias, tiro algumas das minhas horas e venho fazer o material aqui no projeto. O mais difícil de fazer é a bola, porque precisa fazer vários furos na garrafa. Estou ansiosa para ver a árvore montada na rua e ter uma festa natalina bem bonita”. As árvores começam a ser montadas entre 15 e 20 de novembro. Uma delas vai ficar na entrada passagem, próximo à Avenida Almirante Barroso. As outras, no meio e final da passagem Xavier.


Quem quiser disponibilizar garrafa pet para o projeto, basta ligar:
91 – 8803 9602. Falar com a coordenadora Joana Barroso.

Reportagem Especial publicada no jornal Amazônia, 06/11/2011.


Fotos: Divulgação.

Decisão da Justiça agrada no Estado

Por: Cleide Magalhães

Reportagem publicada em O Liberal, 05/11/2011

No Pará, ainda são comuns os acidentes causados por embriaguez alcoólica no trânsito. Em 2010 ocorreram 248 acidentes. Até setembro deste ano, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) registra 726 autuações de condutores embriagados. A violência se estende também às onze rodovias federais paraenses, nas quais, até outubro deste ano, ocorreram 3.702 acidentes, desses 152 resultaram em mortes ocasionadas pela falta de atenção e, na maioria, por embriaguez ao volante.


Porém, uma decisão unânime tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), ratificou o que muitos condutores de veículos no país ainda não levam a sério: dirigir bêbado, mesmo sem causar acidente, já é, sim, um crime. Cinco dos onze ministros do Supremo reunidos na 2ª Turma rejeitaram um habeas corpus (HC 109269) impetrado pela Defensoria Pública da União em favor de um motorista de Araxá (MG) denunciado de dirigir embriagado.

Os argumentos em defesa do motorista afirmavam que crime ao volante só passou a ser previsto de forma mais rígida em 2008, depois que a lei seca reformulou o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CBT). Antes, só havia crime se o bêbado causasse algum dano ou agisse de forma imprudente. O CBT foi instituído na Lei 9.503, em 23 de setembro de 1997, e é um dos mais rigorosos e completos do mundo e prevê penalidade até para quem jogar lixo na rua.

O chefe substituto do Núcleo de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PFF), Adriano Ferreira, explica que o entendimento antigo da lei é equivocado e não altera a ação da PRF. “Atuamos no combate de quem dirige sob efeito do álcool, independente se a pessoa ocasionou ou não qualquer tipo de acidente. Se o condutor matar alguém é mais um agravante. Mesmo que o motorista se negue a fazer o teste do bafômetro, uma das principais armas que usa para não confirmar a embriaguez, isso não garante que nossa autuação seja feita, porque registramos a situação no termo de constatação de embriaguez, que é encaminhado aos órgãos de trânsito, para dar início ao processo de suspensão da carteira de habilitação. Quem for apanhado com mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue poderá ser preso e terá outras implicações como a suspensão ou perda da carteira de habilitação”, alerta.

Na opinião do diretor de Trânsito de Belém, Elias Jardim, a decisão do Supremo gera jurisprudência a toda pessoa que dirige bêbado ou com sintoma de embriaguez. “É importante porque adverte a todos que dirigem alcoolizados, pois ao tomar essa má conduta a pessoa assume o que poderá ocorrer, mesmo que haja morte ou não. Embora existam questões subjetivas nesse entendimento, quem dirige embriagado já comete crime no trânsito. Com a lei seca, houve melhoria, mas muitos dos acidentes que ocorrem em Belém acontecem nos finais de semana e nas férias, e envolvem questões como a mistura de álcool e direção”, constata.

O coordenador de Planejamento do Detran, Carlos Valente, fala que a impunidade faz com que esses problemas se arrastem e a mecânica do trânsito se volta para ela (impunidade). Mas destaca que a decisão faz com que esse pensamento seja mudado. “Muitos condutores têm a crença de que não serão punidos porque acham que vivemos em um país da impunidade, mas essa medida mostra à sociedade que o trânsito no país não pode ser visto de forma e favorece nossas ações”.

Valente aponta que um dos problemas que ocorre no Pará é a falta da lavratura do auto de infração, no qual o agente de trânsito relatará o fato à autoridade e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação do condutor do veículo e responder junto à Assessoria Jurídica do órgão. “É necessário que nossos agentes sejam acionados quando for verificada alguma ilegalidade no trânsito, para facilitar o cumprimento do nosso papel”.

Para o ano de 2012, foram orçados R$ 15 milhões no Programa Segurança Viária, do Planejamento Plurianual, a serem investidos em ações de fiscalização, aquisição de equipamentos modernos e educação no trânsito pelo Detran no Estado.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Campanha reivindica 10% do PIB nacional à educação pública já!

Estou envolvida na campanha brasileira que traz como slogan “10% do PIB nacional para a educação pública já!”. Hoje, o país aplica em torno de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação em todos os níveis e setores públicos e privados, embora esteja previsto 7% no Plano Nacional de Educação (PNE), que vigorou de 2001 a 2010. Para o novo PNE, entidades indicam que os investimentos implicam ser, no mínimo, 10% do PIB nacional. A falta de investimento se reflete ainda nas condições de ensino, na infraestrutura precária das escolas, nos salários baixos dos trabalhadores e nos mais de 14 milhões de analfabetos totais e 29,5 milhões de analfabetos funcionais. Mais informações sobre a campanha, visitem os sites www.dezporcentoja.blogspot.com e www.adufpa.org.br

Juiz decide sobre a greve dos professores no Pará

Por: Cleide Magalhães
Reportagem publicada no jornal Amazônia, 03/11/2011.

O juiz da Vara da Fazenda Pública de Belém, Elder Lisboa, sentencia nesta sexta, 04, se a greve dos professores estaduais é abusiva e se o desconto dos dias parados, iniciado pelo Governo do Estado atingindo cerca de 10 escolas em Belém, é legal. Nesta aquinta, 03, o Ministério Público do Estado encaminha o processo ao juiz. A paralisação envolve cerca de 27 mil professores e completa 38 dias.

Segundo a coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Conceição Holanda, a expectativa da categoria é que a sentença do juiz beneficie os professores e coloque fim à greve. Caso contrário, o sindicato afirma que vai recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ) e há possibilidade de os professores saírem da greve, mas já com anúncio de uma nova paralisação.

"Esperamos que o magistrado não considere a greve abusiva, porque tanto a greve quanto a reivindicação do piso salarial são direitos previstos em lei. Se a sentença for negativa para o movimento, vamos recorrer na Justiça. Podemos até sair da greve e, se o Estado não sinalizar o piso salarial, já no começo do ano letivo, em 2012, começaremos outra paralisação. Mas tudo vai ser decidido em assembleia pela categoria", disse.

A decisão ficou por conta do juiz depois que ocorreram três audiências de conciliação convocadas pelo TJ, em outubro, para buscar solução entre o Governo e o Sintepp, porém não houve acordo. Na mais recente delas, o Estado se propôs pagar o piso até dezembro de 2012. O sindicato refutou e fez contraproposta de receber o valor até abril de 2012.

Os professores querem o pagamento integral do piso salarial, instituído pelo Ministério da Educação (MEC) e aprovado pelo Senado (Lei 11.738/2008). O piso nacional integral para docentes é de R$ 1.187. Atualmente, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) paga, pelo vencimento-base, cerca de 94,5% do valor do piso.

A próxima assembleia dos professores acontece na segunda, 07, no Centro Social de Nazaré, às 9h. A finalidade é avaliar a sentença judicial e tratar dos passos a serem dados.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Regras devem supervisionar Instituições de Ensino Superior

Por: Cleide Magalhães

Reportagem publicada no jornal O Liberal, dia 30/10/2011.

Hoje, o Brasil possui em torno de 2,3 mil Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, com crescimento médio entre 150 e 200 anual. Em 2010, ficou em menos de 100. De acordo com o último Censo do IBGE, as IES são responsáveis por cerca de 6,3 milhões de matrículas, das quais 4 milhões estão na rede privada e 2,3 milhões na pública. A previsão do Plano Nacional de Educação (PNE) é que o país chegue a 10 milhões de matrículas em uma década.

Para atingir o quantitativo, o governo federal afirma que necessária combinação entre recursos públicos e privados deixando distante o sonho de muitos brasileiros: o acesso universal à educação superior pública. "O PNE não estabelece como meta o acesso universal à educação superior pública. Por mais que se deseje, a capacidade de investimento do Estado não permite com que os investimentos públicos dêem conta da demanda social ao ensino superior. É preciso que haja investimento público e privado com exigência inegociável da qualidade de ensino, para atingir o número de universitários que o país precisa", disse Luis Fernando Massoneto, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, da Secretaria (Seres) do Ministério da Educação (MEC). A Seres foi criada no governo Dilma Rousseff, antes o trabalho era tocado pela Secretaria de Educação Superior (Sesu).

O secretário veio a Belém recentemente para participar da abertura de 5º Encontro Regional da Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas (Abrafi) - Amazônia legal no Pará. A visita teve como escopo uma conversa com representantes das faculdades isoladas integradas, as quais são basicamente as universidades particulares – somando 33 instaladas no Estado, sobre as linhas gerais do trabalho desenvolvido pela Secretaria, que tem como foco duas vertentes.

"A Seres tem finalidade de atender às expectativas dos isolados quanto à expansão do ensino superior, mas a Secretaria não pode se descuidar de atender à expectativa geral da sociedade, que é a expansão feita com qualidade. Então, a finalidade é não frustrar a capacidade empreendedora dos agentes que atuam na educação superior e preservar o interesse da sociedade. O esforço à expansão conta com investimentos públicos nas instituições federais e privados nas instituições de ensino superior", afirma.

Regras - Para isso, Luis Massoneto explica que a Seres atua normatizando processo de expansão das IES, por meio de regras predefinidas e supervisionadas. "Agimos para que haja adequação das instituições às normas editadas. Um agente que queira entrar no mercado tem que se conformar com as regras da regulação", ressalta.

O funcionamento da instituição e sua permanência depende da observação dessas regras e quando há desconformidade a supervisão age para fazer adequação e trazer a instituição à realidade da norma em busca da qualidade no ensino. Às públicas é seguida ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e, de acordo com esta, o MEC oficia que a Seres aporte mais recursos investindo na qualidade, evitando, assim, seu fechamento.

Luis Massoneto conta também que a Secretaria trabalhando para que haja possibilidade de retirada do sistema das instituições que têm pouca qualidade de ensino, da mesma forma que há eficiência na entrada de novas instituições. "Hoje a norma é aperfeiçoada para excluir as instituições sem qualidade. Em um primeiro momento, a Seres age diminuindo os números de vagas, depois fechando os cursos que têm mais problemas até o descredenciamento da instituição, o que é um caso extremo e feito com cuidado porque tem repercussão social e gera impacto nos alunos. Mas o MEC acompanha esse trabalho para que os alunos não sejam prejudicados", afirma.

Para Jorge Bernardo, presidente da Abrafi, a criação da nova Secretaria auxilia as instituições na base da relação com o MEC, que se dá na autorização, avaliação e supervisão da instituição. "Como a Seres atua em uma área específica, somos acompanhados de perto aumentando a interlocução".

Encontro - O 5º Encontro Regional da Abrafi terminou ontem na Escola de Governo, no Souza, e teve como tema "O Ensino Superior Brasileiro: Avaliação, Supervisão e Regulação". Objetivou fortalecer os vínculos da Abrafi e do MEC com as IES, trazendo soluções aos problemas enfrentados no cotidiano das instituições. Contou com a participação de representantes das IES da Amazônia Legal, mantenedores, gestores, acadêmicos, pesquisadores, entre outros.