terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um Batalhão movido pela fé

Guarda da Santa trabalha para que a berlinda, um dos ícones do Círio, siga seu caminho em harmonia

Texto: Cleide Magalhães

Edição: Márcia Azevedo

A berlinda é um dos símbolos que mais atrai olhares durante o Círio de Nazaré. Ela é mais que um simples objeto que conduz a imagem da Santa, é também um objeto de veneração dos devotos. A berlinda é carregada pelos fiéis que levam a corda, outro símbolo importante da procissão. Durante todo o percurso, é protegida por um grupo especial: os homens que fazem parte da Guarda da Santa. Raimundo Nonato de Castro, 87 anos, aposentado, é um dos fundadores da Guarda da Santa, criada em 1974 pelo padre Giovani, ex-pároco da igreja de Nazaré. A guarda tem o papel proteger a berlinda, organizar as procissões marianas e zelar pela Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. No início, a guarda contava com 200 homens e hoje é praticamente um batalhão formado por 1.200 pessoas. 'Quando ela foi criada eu era comentarista da Basílica e fazia propaganda para atrair e motivar os homens para comporem o primeiro grupo', lembra.

Ao longo dos anos, vários devotos durante o Círio foram observados pelo irmão Nonato, como gosta de ser chamado. Um deles era uma senhora. 'Ela tinha os cabelos da cabeça bem branquinhos e todos os anos a Guarda da Santa cuidava para ela ir ao lado da berlinda. Mas tinha uma coisa interessante na sua penitência: ela não tomava água. Sempre usava roupa toda branca, parecia um anjinho. Acredito que nunca alguém fez reportagem com ela. Depois da procissão do Círio, a idosa entrava na Basílica para orar e depois ia embora. Há quase 30 anos ela desapareceu do Círio', relata.

Irmão Nonato conta que outros fatos curiosos ocorreram envolvendo a berlinda. Entre as décadas de 1970 e 1980, quase ocorreu um acidente em um dos trechos mais difíceis da procissão, no momento em que a berlinda passa pela Praça do Relógio, no Ver-o-Peso, onde o percurso faz um 'S'. O local, além de ser curto e estreito, tem do lado direito casas e postes, e, do lado esquerdo, o calçadão do Ver-o-Peso e a baía do Guajará.

'No propósito de melhorar a passagem da berlinda pela praça, em um dos Círios, no tempo de dom Alberto Ramos, foi feita uma pista rebaixada para a berlinda passar, mas quando fizemos a curva para entrar na pista, com a pressão do povo, a berlinda se deslocou e foi parar no lado alto da calçada, ali uma das rodas subiu e desequilibrou a berlinda, em uma inclinação em que a levaria ao chão. Seria não somente um desastre no aspecto da imagem ou a berlinda quebrarem, mas envolvendo o dom Alberto Ramos, que estava bem ao lado da berlinda. Entretanto, a guarda teve uma mobilização rápida, muitos se meteram em baixo da berlinda, ela não caiu e a roda voltou para o plano normal e prosseguimos o Círio. Foi um momento muito tenso e reflexo maravilhoso da Guarda. Acredito ter sido resultado da assistência de Maria Santíssima, porque pareceu ser algo do comando dela. Foi uma prova do valor que a Guarda da Santa tem', emociona-se.

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, dia 10 de outubro de 2010, dia do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Leia mais.

3 comentários:

  1. Adorei a reportagem amiga, sinto-me mto emocionada com tantas històrias de Fè... Salve nossa Senhora! E abençoe todas as pessoas que trabalham pra ajudar na realizaçao do Cìrio!

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  2. Amiga jà escrevi outros 2 comentàrios e nao quer entrar nao sei porq, mas resumindo o q escrevi antes, gosto demais dessas curiosidades do Cìrio, me emociono lendo as històrias e recordo de mtas outras q conhecemos com o passar dos anos, obrigada! Suas matèrias sao incrìveis e nos remetem pra dentro das notìcias, sua sensibilidade è fora de sèrio, parabèns!

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  3. Obrigada, querida. Que bom que você faz parte desse universo, desse rico imaginário que faz parte da vida de nós paraenses. Bjo grande. Espero ansiosa pela sua volta e de seu married. T doro!

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