Pesquisa do Sebrae revela que segmento é responsável pela geração de milhares de postos de trabalho
Os pequenos negócios têm sido os maiores geradores de postos de trabalho no Brasil e ajudam a alavancar a economia do País. Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, as micro e pequenas empresas (MPE) já contrataram 1,3 milhão de trabalhadores de janeiro a setembro deste ano. Para o final de 2011, a expectativa é que cresçam na geração de emprego no Brasil e disponibilizem 147 mil vagas temporárias até o Natal. No País existem cerca de 6 milhões de MPE, das quais 73,6 mil estão no Pará.
O aumento na geração de emprego é acompanhada pelas chances disponibilizadas aos microempreendedores formais ou informais para que estes recebam crédito financeiro e apliquem no próprio negócio, proporcionando maior rentabilidade e melhoria de vida às famílias. Nesse contexto, bancos públicos federais ganham destaque e oferecem diferenciadas linhas de microcréditos especiais. A principal vantagem é a taxa de juro, que dependendo da linha escolhida varia entre 0,64% e 0,98% ao mês; capital de giro, o capital necessário para financiar a continuidade das operações da empresa, que vão de R$ 300,00 até R$ 15 mil e prazo máximo de 12 meses para pagamento do crédito. Para investimento fixo, as faixas de valores são os mesmos, mas alguns trazem o prazo de até 24 meses para pagamento com até 2 meses de carência.
Agricultura familiar também é atendida
Hoje, uma das principais instituições financiadoras de crédito no Estado é o Banco da Amazônia. A gerente executiva da área de Microfinanças e Agricultura Familiar do banco, Cristina Lopes, explica que a instituição atua com o segmento de empreendedores populares, com atuação no setor informal, e de empreendedores formalizados. O primeiro segmento é mais numeroso sendo atendido por Unidades de Microfinanças, as quais funcionam em prédios próprios, fora das agências do banco.
Para permitir um atendimento adequado e ágil aos empreendedores populares, que na maioria não possuem conta corrente, o banco firmou Termo de Parceria com a Associação de Apoio a Economia Popular da Amazônia, que dispõe de assessores de microfinanças. Eles são profissionais treinados para divulgar o programa, realizar levantamento socioeconômicos dos clientes, orientar na definição das necessidades de crédito, acompanhar e estimular o empreendedorismo dos clientes. "Pode-se perceber que o programa tem compromisso com a educação financeira dos nossos clientes, isso é muito importante para o sucesso para o desenvolvimento dos pequenos negócios", ressalta a gerente.
Lei regulamenta funcionamento de empreendimentos menores
De acordo com a Lei Complementar 123/2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, é considerada microempresa a que tem faturamento de R$ 36 mil até R$ 240 mil ao ano. A pequena empresa é de R$ 240 mil a R$ 2 milhões ao ano. As taxas de faturamento vão ampliar em 2012, pois a legislação foi alterada, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela presidente Dilma Rousseff . No caso da microempresa, a receita bruta será igual ou inferior a R$ 360 mil e às empresas de pequeno porte, igual ou inferior a R$ 3,6 mil.
Para atender as MPE, além do micro empreendedor individual, e aproximá-las das instituições financiadoras de crédito, Armando Correa de Melo, economista da área de atendimento da Região Metropolitana de Belém do Sebrae, explica que a atuação da instituição é centrada no assessoramento técnico-gerencial, organizacional, administrativo e comercial às micro e pequenas empresas. "Assessoramos para que elas possam se habilitar ao crédito junto às instituições financeiras, que são, principalmente, os bancos oficiais, e os bancos de varejo privado, com os quais o Sebrae Nacional faz parceria, para tentar intensificar ações de serviços financeiros em geral, além da concessão do crédito".
Segundo Armando, as maiores dificuldades estão na falta de conhecimento gerencial e o preparo para se habilitar o crédito. "Nesse momento damos suporte por meio de assessoramento, orientação técnica, cursos, palestras, workshop, consultoria individual, entre outros, para tornar os vendedores e empresários aptos para o mercado".
Atualmente, o Sebrae intensifica parceria junto aos bancos públicos: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banpará facilitando a obtenção de créditos.
Caixa Econômica aposta em jovens talentos
Na Caixa Econômica Federal a linha de crédito às MPE é recente. Ludmila Tavares, supervisora de filial, e Evandro de Almeida, técnico bancário, explicam que o programa da Caixa insere no mercado jovens aprendizes até empreendedores. "Fazemos a prospecção e toda a coleta de dados bem como visitas regulares ao empreendimento, orientando sempre que possível o empreendedor e fazemos acompanhamento garantindo a aplicação do crédito no negócio", disse Ludmila. Evandro de Almeida alerta para alguns cuidados que o pequeno empresário deve ter antes e depois de fazer o empréstimo. "Ele deve fazer uma análise de onde pretende investir os recursos. Depois, priorizar o pagamento do empréstimo para que o programa possa ter fluxo e continuar a ser oferecido a outros empreendedores e quem sabe até mesmo o próprio em outra contratação futura".
Pequeno comerciante trocou volante de ônibus por fruteira
O pequeno comerciante Raimundo Nonato Amorim, 56 anos, buscou conhecer as linhas de crédito de vários bancos e tornou-se pequeno empresário há um ano e meio, poucos meses depois de deixar a atividade de motorista de ônibus, e tornou-se proprietário da "Fruteira Deus é Fiel", no Tenoné. "O trabalho de motorista me deixava cansado. Resolvi largar e consegui um ponto comercial para vender frutas e produtos alimentícios na feira do meu bairro. O negócio cresceu e percebi que precisava expandir, mas não estava preparado, porque precisava de dinheiro e orientação. Foi quando procurei pelo Sebrae, onde recebi informações sobre como gerir o negócio e tirei muitas dúvidas. Depois conheci as linhas de crédito, resolvi, então, financiar R$ 6,5 mil junto ao Banco da Amazônia para pagar até 18 vezes. Quando terminar, em meados de 2012, já pretendo fazer novo financiamento para ampliar o negócio e oferecer variedade aos clientes, sempre indo ao Serviço de Apoio".
Raimundo conta ainda que a pequena empresa "Fruteira Deus é Fiel" garante lucro de cerca de 30% e o fortalecimento nos negócios permitiu que melhores condições de moradia, educação, saúde e alimentação para ele e sua família. "Foi bom para mim, meus filhos e minha esposa, que me ajudam no comércio", afirma Raimundo.
Banco do Brasil já aplicou R$ 1 milhão de linhas de crédito
Danilo Rodrigues, gerente de Mercado Pessoa Jurídica do Banco do Brasil no Pará, explica que há duas frentes de microcrédito: Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) e o Microcrédito Produtivo Orientado (MPO), alinhado ao Plano Brasil Sem Miséria do Governo Federal. O DRS é direcionado para pessoas físicas beneficiárias da estratégia de DRS do banco, que atuem em empreendimentos rurais ou urbanos de pequeno porte, inclusive informalmente. As garantias são dispensadas e a liberação do empréstimo ocorre em conta corrente. O MPO consiste no atendimento customizado por pessoas treinadas, prestado aos empreendedores formais ou informais.
Estes profissionais fazem o levantamento socioeconômico para definição das necessidades de crédito, ou seja, a liberação do crédito é feita em conjunto com a orientação e acompanhamento do uso do dinheiro.
No País já são mais de 20 mil beneficiários do MPO e mais de R$ 81 milhões de recursos aplicados. No Pará mais de 500 microempreendedores foram beneficiados, o que representa cerca de R$ 1 milhão em recursos liberados. A expectativa do Banco do Brasil é superar a meta de R$ 111 milhões em liberações até o final de 2011.
Para conseguir empréstimos junto a esses bancos os pequenos empresários não podem ter nenhum tipo de restrição cadastral tendo em vista se tratar de um crédito bancário. Todas as linhas de crédito estão disponíveis nos sites: www.bancoamazonia.com.br, www.caixa.gov.br e www.bb.com.br
Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, 04/12/2011
Foto: Ascom/Sebrae.
Nenhum comentário:
Postar um comentário