segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Academias ao ar livre são alvos de vândalos em Belém

Por: Cleide Magalhães

Reportagem Especial – Jornal Amazônia – 26/02/2012

Grupos não deixam para trás nem as mesas de jogos feitas de concreto

Há mais de dois anos, Belém conta com cinco academias ao ar livre. Cada uma possui em média 24 equipamentos, que servem para alongar, fortalecer e desenvolver a musculatura, além de trabalhar a capacidade aeróbica dos praticantes. A iniciativa, que exigiu investimento de R$ 125 mil para a compra de aparelhos, foi bem recebida pela população e atrai pelo menos mil pessoas todos os dias. O projeto sem dúvida é uma alternativa para aquelas pessoas que querem se exercitar, mas não tem dinheiro ou não gostam de frequentar as academias convencionais e pode beneficiar diretamente a saúde da população; no entanto, a falta de consciência de alguns faz com que muitos aparelhos sejam destruídos.

Nas quatro academias da cidade - a quinta fica no distrito de Mosqueiro - faltam pelo menos sete peças e seis equipamentos precisaram ser retirados. Neles é possível enxergar sinais da ação de vândalos, que depredam e roubam pedaços dos equipamentos. Também é possível observar destruição nas mesas de jogos, feitas em concreto, mas incapazes de resistir à ação dos criminosos.

Os espaços são utilizados por pessoas de todas as idades e a procura é tamanha que os usuários são obrigados, às vezes, a aguardar um bom tempo próximo dos aparelhos, esperando sua vez, para praticar os exercícios nas academias que ficam nos bairros do Marco, Telégrafo e Pedreira. Ao conversar com pessoas que as frequentam os lugares, é comum ouvir relatos indignados de que a ação de vândalos resultou na retirada parcial e até completa do equipamento, além da falta de peças pequenas como um simples pedal, o que impossibilita a utilização do aparelho na avenida João Paulo II, entre as travessas Lomas Valentinas e Barão do Triunfo, no Marco.

A academia que está localizada na avenida Marquês de Herval - que fica dentro de uma área com 2.900 metros de extensão na Pedreira e contou com investimento do Tesouro Municipal estimado em R$ 6,8 milhões - é um dos poucos lugares de Belém que faz parte do cotidiano do aposentado Antônio Gonçalo, 72 anos. Desde inaugurada, em abril de 2011, Antônio diz que costuma caminhar todos os dias por ali, e faz um percurso de mais de dois quarteirões para chegar ao lugar. Insatisfeito com as condições físicas do local, ele denuncia irregularidades que o incomodam e entristecem.

"Venho aqui todos os dias, pela manhã e à tarde também, e vejo que há alguns meses falta uma roda para exercício em um equipamento e o apoio para braço em outro. O que mais me angustia é que nesse espaço tão bonito a academia soma-se as outras iniciativas que também sofreram ação de vândalos como as mesas de jogo de dama; eram quatro e agora tem só uma. Não consigo entender como é que uma pessoa tem tempo para retirar daqui as mesas que são feitas de concreto. A falta dos equipamentos me deixa muito triste, mas o pior é a ausência das mesas de jogos, porque eu vinha de casa sabendo que podia fazer meus exercícios e depois ainda me reunir com colegas para jogar dama, dominó e baralho. A falta de coletividade destrói o pouco que criam na cidade", lamenta o aposentado.

Para usuários, responsáveis por vandalismo não temem punição

O ato de vandalismo consta no Código Penal Brasileiro, artigo 163, e determina pena de um a seis meses de reclusão em casos mais graves e aplicação de multa em crimes mais brandos. No entanto, quem comete este tipo de depredação tem certeza da ineficácia da lei e não teme qualquer punição.

Não é somente a ação de gangues e a destruição dos equipamentos que prejudica o funcionamento das academias ao ar livre. A falta de manutenção e a dificuldade em obter as peças danificadas ou arrancadas também põem em risco a continuidade do trabalho. Nesta época, quando a cidade enfrenta chuvas todos os dias, o cuidado com os aparelhos é intensificado, mas ainda ficam aquém da necessidade, já que os aparelhos expostos enferrujam com maior velocidade.

O primeiro "Espaço Saúde" a ser entregue fica na avenida Romulo Maiorana, entre as travessa Perebebuí e Lomas Valentinas, no Marco, há mais de dois anos. A partir daí, o lugar passou a integrar a rotina do estudante Fábio Costa, de 22 anos, morador do bairro do Souza. "Venho pra cá quase todos os dias, considero o equipamento paralelo, que serve para ganhar massa muscular, como meu ‘xodó’, pois preciso sempre utilizá-lo. Desde a semana passada, vejo que as porcas (dispositivo de fixação) estão sumindo; das seis há apenas três segurando o equipamento. Isso é ruim porque ele fica penso e em vez de ajudar na saúde piora porque prejudica a coluna. Além disso, falta a barra para exercício físico - o que serve de complemento à atividade da paralela. O "sky" (equipamento usado para exercitar a perna e braço) precisa ser alinhado, outros não têm borracha para segurar e evitar machucar as mãos. Acredito que tudo é levado à noite, porque é geralmente nesse horário que os vândalos agem", afirma o atleta.

O aposentado Joaz Costa, 71 anos, considera que a prática da atividade física na terceira idade pode auxiliar na redução das complicações de doenças crônicas, bem como contribuir para a diminuição no consumo de medicamentos. Por isso, ele frequenta a academia que fica na avenida João Paulo II, em São Brás, e anteontem resolveu se exercitar na do Marco. "Há pelo menos três meses, percebi que tinha equipamento danificado e notei a falta de um aparelho na academia da João Paulo II. É importante que haja fiscalização também nesses locais já que tem gente que leva ferro até para vender", diz Joaz.

População precisa ajudar a manter espaços

Segundo Francileno Mendes, que há cerca de oito meses assumiu a Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer de Belém (Sejel), no final de 2011 todos os equipamentos passaram por manutenção, mas o furto de peças atrapalha o ajuste dos aparelhos. Mendes explica que o contrato com a empresa que realizava manutenção nas academias ao ar livre terminou em dezembro passado e a Comissão Permanente de Licitação (CPL), da prefeitura de Belém, finaliza novo processo.

"Até final de março terá uma nova empresa. Enquanto isso, contamos com alguns trabalhadores que fazem a manutenção, porém a empresa fará de forma mais detalhada. Os equipamentos que não estão na academia foram retirados pela Sejel para que possamos recuperá-los e deverão retornar em breve. Contudo, a falta deles não compromete as atividades das academias que podem funcionar bem com pelo menos 18 equipamentos", esclarece o secretário.

O titular da Sejel destaca que trabalha em parceria com os órgãos de segurança pública e que busca ainda apoio dos frequentadores das academias para a formação de associações, como acontece na praça Brasil, no Telégrafo, a fim de ajudar na fiscalização e denúncia de depredação do patrimônio público. "Desde janeiro garantimos professores de educação física qualificados, que atuam de manhã e a tarde, e oferecem orientações para a execução correta das atividades às pessoas que utilizam as academias. Eles também nos ajudam a identificar alguns problemas que ocorrem, para que possamos atuar melhor. Além disso, traçamos mais parcerias para levar ações como realização de exames rápidos, orientação nutricional e outras aos cidadãos que utilizam esses espaços", informa.

Na primeira quinzena de março, mais uma academia ao ar livre será inaugurada, no distrito de Icoaraci. Ainda no mês que vem, serão contemplados o distrito de Outeiro e os bairros do Guamá e Marambaia. "São investimentos importantes que beneficiam diretamente a população. Analisamos a possibilidade de instalar também uma academia na ilha de Cotijuba. Recebemos diversos pedidos das comunidades e analisamos uma série de fatores para atender a demanda como segurança pública e a vulnerabilidade social, principalmente nas praças onde a conservação da academia pode ser melhor", diz o secretário. Quatorze academias foram licitadas, das quais 10 estão pagas com recursos próprios da prefeitura e somam R$ 249 mil.

Exercício deve ter orientação profissional

O professor de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Eviton Sousa, ressalta que a prática regular de atividades físicas, considerando exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular e de flexibilidade, é geralmente indicada no processo de tratamento e na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão, osteoporose, obesidade, diabetes, entre outras. Além disso, afirma que tem efeitos positivos nos aspectos emocionais da pessoa, diminuindo os efeitos nocivos do estresse, alívio de tensões, melhora do humor, da ansiedade e depressão.

Sousa considera que as academias ao ar livre são boas iniciativas, mas pondera que ainda são mal executadas. "Elas funcionam 24 horas por dia, mas não têm profissionais da área em horário integral para acompanhar as pessoas já que nem todas fazem exercícios somente em horários determinados. Quem não recebe orientação correta, em vez de ter benefícios à saúde pode desenvolver uma série de doenças causadas pelo excesso de atividade física como inflamação na articulação, doença respiratória, redução do sistema imunológico devido esforço físico abrindo espaço para a gripe, rinite, etc", alerta.

Serviço:

A participação da população é relevante para denunciar a ação de vândalos nos espaços públicos da cidade, basta acionar o Centro Integrado de Operações (Ciop), o qual funciona 24 horas, pelo telefone 190. A ligação é gratuita.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A arte de rua no Hip Hop Rio Guamá

Break dance, grafite, rap e Dj são os elementos do estilo Hip Hop que estarão reunidos no Hip Hop Rio Guamá, que acontece no espaço recreativo do Vadião, na Universidade Federal do Pará (UFPA), nesta sexta, 2 de março, a partir das 16h.

Com objetivo de fomentar, agregar e promover o desenvolvimento da manifestação cultural e artística do movimento em Belém, o ereunidos no Hip Hop Rio Guamá, que acontece no espaço recreativo do Vadião, na Universidade Federal do Pará (UFPA), nesta sexta, 2 de março, a partir das 16h.

O evento é aberto ao público e oferece rodas de bate-papo sobre o tema, exibição de audiovisual, intervenção de grafiteiros e malabares, batalhas de Mc’s e apresentação de artistas locais como Mc Bruno B.O., Mc Israel di Souza, Aliados Mc, DJ Morcegão, Dj Fantasma, DJ Vitor Pedra, Grupo Circo Copaíba, Revolução do Norte (RDN), Conexão Feminina e Estilo de Belém B.Boys FW Breackrs apresenta dança de rua e batalha show Zulu Ninja e Cia.

A iniciativa faz parte do projeto “Um Olhar para Gandhi”, o qual foi um dos 34 contemplados em 2011, no Pará, por meio do Edital Microprojetos Mais Cultura para Territórios de Paz, que contemplou 748 dentre 1.095 inscritos em todo o país. O edital é uma iniciativa conjunta entre o Ministério da Cultura, por meio do Programa Mais Cultura e da Justiça através do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e tem como objetivo dar oportunidade às diversas camadas da população brasileira de acesso à produção, ao reconhecimento e ao consumo de bens culturais.Zulu Ninja e Cia.

O Microprojetos Mais Cultura para Territórios de Paz pretende, com os recursos dos projetos selecionados, colaborar com a economia local e a subsistência de pequenas iniciativas, por meio do fomento e incentivo a artistas, grupos artísticos independentes, grupos étnicos de tradição cultural e pequenos produtores culturais residentes nos bairros definidos como de Territórios de Paz pelo Pronasci. Beneficiará cerca de 2,5 milhões de habitantes em 44 territórios de 22 municípios em 11 estados e mais o Distrito Federal.

O resultado do projeto “Um Olhar para Gandhi” culminará com uma exposição itinerante por espaços alternativos de Belém da arte produzida pelos grafiteiros em painéis e na produção audiovisual sobre o hip hop em Belém, com foco no bairro do Guamá.

"O bairro é o mais populoso de Belém e uma das áreas da cidade classificada pelas autoridades como perigosa em que ocorrem altos índices de criminalidade e um dos mais populosos de Belém e o hip hop como cultura de rua se apresenta como alternativa devido à falta de políticas públicas à juventude”, afirma Ado Damasceno, coordenador do projeto e estudante do curso de Biologia da UFPA.

Hip Hop Rio Guamá recebe o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA, do Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFPA) e dos artistas locais. O audiovisual terá filmagem e edição de Angelo Madson, da Idade Medi@ Produções.

Programação:

Das 16h às 17h – Vinil – DJ De la Mancha

Das 17h às 21h - Dj Fantasma e DJ Morcegão

Das 17h30 às 17h50 – Revolução do Norte (RDN)

Das 17h50 às 18h05 – B. Girls

Das 18h05 às 18h20 - Estilo de Belém B. Boys FW Breackrs

Das 18h20 às 18h50 – DJ Vitor Pedra

Das 18h50 às 19h05- Mc Israel di Souza

Das 19h05 às 19h20 - Conexão Feminina

Das 19h20 às 19h50 - Batalha de Mc`s – (freestyle)

Das 19h50 às 20h10 - Aliados Mc

Das 20h10 às 20h30 – Mc Bruno B.O.

Das 20h30 às 21h00- Dj Fantasma e DJ Morcegão

Intervenções paralelas: audiovisual, grafite e malabares.

Serviço:

Hip Hop Rio Guamá é aberto ao público. Oferece rodas de bate-papo sobre o tema, exibição de audiovisual, intervenção de grafiteiros e malabares, batalhas de Mc’s e apresentação de artistas locais sexta-feira, 2 de março, a partir das 16h, no espaço recreativo do Vadião, na UFPA, campus Guamá. Mais informações: 91 – 8265 0490 (Tim).

Foto: Daniel Pinto

Arte: Angelo Madson

Texto e divulgação:

Cleide Magalhães

Jornalista Profissional - 1563 DRT/PA

(91) 8194 1494 – Tim / 8728 7580 – Oi.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Malária cai, mas ainda é ameaça grave

Por: Cleide Magalhães

Em época de chuva, a malária se junta à dengue como ameaça à saúde pública no Pará, região endêmica da Amazônia. Até 17 de fevereiro, ocorreram 7.168 casos no Pará e os municípios que se destacam nos casos positivos da doença são Itaituba (1.293 casos), Anapu (686), Bagre (532), Cametá (495) e Jacareacanga (414). No mesmo período do ano passado, foram 16.203 casos, o que significa uma redução de 56% este ano. Uma criança de 3 anos morreu na semana passada de malária e irmão dela, de 8 anos, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.

Conheça a doença

O que é a malária?

É uma doença infectocontagiosa causada pelo parasito chamado plasmódio. É também conhecida como maleita, sezão, tremedeira e paludismo. A transmissão é feita pela
fêmea do mosquito anofelino.

Como se pega a doença?

Um mosquito sadio, que está livre do parasito, pica uma pessoa doente de malária. O mosquito fica infectado com o plasmódio e a partir daí será um transmissor da doença.
O mosquito pode picar e fazer adoecer outras pessoas, espalhando a malária onde não houver cuidados.

Quais os principais sintomas da malária?

Calafrio (tremedeira), febre alta, dor na cabeça e no corpo, muito suor e mal-estar.

O que fazer em caso de suspeita?

A doença só começa a se manifestar, em geral, depois de uma semana que a pessoa foi picada, mas este período de incubação pode ser menor ou maior, variando de pessoa para pessoa. Após o aparecimento de qualquer um dos sintomas, procure imediatamente uma unidade de saúde. É preciso fazer o exame de sangue o mais rápido possível para confirmar se é mesmo malária.

Como é o tratamento?

Confirmada a doença, o paciente receberá de graça toda medicação na unidade de saúde. Para ficar curado, é muito importante tomar o medicamento na hora certa e do jeito que o agente de saúde recomendar.
Enquanto estiver fazendo o tratamento, é proibido beber cerveja, cachaça ou outra bebida que contenha álcool. O remédio deve ser tomado após as refeições e nunca em jejum.

A doença pode voltar?

Sim, a malária pode voltar, principalmente em duas situações:
1 - Se o remédio não for tomado de forma correta ou se a pessoa parar o tratamento antes da hora.
2 - Se a pessoa for picada novamente por um mosquito infectado.

Como se prevenir da malária?

Evite ficar ao relento, caçar, pescar ou tomar banho de rio ao anoitecer e amanhecer, pois estes são os horários de maior quantidade de mosquitos. Mas, se precisar, use calça comprida e blusa de manga longa;

Evite construir sua casa próximo de criadouros de mosquitos, como lagoas, igarapés, represas e tanques de peixe;

Evite deixar valas abertas e águas paradas perto de casa;

Use mosquiteiro simples ou impregnado com inseticida. Se puder, use repelente. Coloque telas em portas e janelas e

Deixe o agente de saúde borrifar sua casa.

Fonte: Sespa.

Empresas triplicam arrecadação

Região Norte já concentra 12% das cooperativas instaladas no país


Por: Cleide Magalhães

Reportagem Especial – Jornal Amazônia – 19/02/2012

Em todo o mundo as cooperativas geram 100 milhões de postos de trabalho. No Brasil, são quase 40 milhões de negócios coletivos, responsáveis por 7% do PIB (Produto Interno Bruto) e por empregar 500 mil pessoas, diretamente. Nos últimos dois anos, o Pará tornou-se o estado de maior destaque da região Norte no setor, aparecendo no topo do ranking referente ao número de cooperados e de empregados. O Estado também triplicou sua arrecadação nos últimos anos. Mais de 150 mil pessoas ingressaram neste mercado no Pará, direta e indiretamente, e a região Norte já concentra 12% das cooperativas instaladas no Brasil. As cooperativas que existem hoje atuam em 13 ramos de atividades, que vão desde a agropecuária até o turismo e contam com empresas de pequeno, médio e grande porte.

Por ser considerado um grande negócio, 2012 será marcado por diversas ações em prol do cooperativismo. Recentemente, o Brasil lançou o Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU), na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília (DF). A iniciativa da ONU confirma a contribuição efetiva do movimento cooperativista mundial para a geração de trabalho e renda, qualidade de vida, desenvolvimento socioeconômico e redução das desigualdades sociais. Para a ONU, as cooperativas ajudam a alcançar as metas do projeto "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio" (ODM), firmado pelos países signatários no ano 2000, cuja meta é combater alguns dos principais males socioeconômicos até 2015.

No Estado, a Organização das Cooperativas do Pará (OCP/PA) é quem cuida da representação e defesa política das cooperativas e as congrega, baseada na lei 5.764, de 1971, adotada pela Constituição Federal e pelo Código Civil Brasileiro. O presidente da OCP/PA, Ernandes Raiol, explica que a entidade atua em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Pará (Sescoop/PA) e das cerca de 500 cooperativas existentes, 300 estão associadas à organização. A meta da OCP é realizar este ano pelo menos 300 atividades voltadas à profissionalização e formação das gestões dos membros de cooperativas e seus familiares, tidos por Raiol como os maiores desafios para desenvolver o setor no Estado.

"O sistema só crescerá se as cooperativas participarem e usufruírem dos benefícios com nossos parceiros. Ao longo de 2012, em especial, incentivamos os dirigentes e familiares de cooperados na qualificação e conscientização para serem empreendedores coletivos em busca do cooperativismo das questões amazônicas, respeitando o meio ambiente. Estamos em busca da certificação, que ainda é uma carência no nosso trabalho, pois hoje apenas três ou quatro são certificadas. A certificação traz qualidade, aumenta a competição e amplia o negócio para o mercado interno e externo. A cooperativa é um ser feito de elo; quando todos cooperaram todos ganham, quando um não coopera todos perdem", ressaltou o presidente da OCP.

Na outra ponta das dificuldades, estão os benefícios. "Os resultados positivos são sociais e econômicos e depende do ramo da cooperativa. Esta pode buscar mercado, comercializar os produtos dos seus cooperados dentro e fora do País", falou Raiol.

Experiências bem-sucedidas mostram o potencial das Associações

Uma das experiências no Pará que mostra para o mundo que cooperativismo na Amazônia é possível é a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), que existe desde o período de crise econômica mundial de 1929, no nordeste paraense. Sua produção envolve polpa de frutas tropicais, pimenta-do-reino, cacau e óleos vegetais. Devido à alta qualidade, toneladas de polpa são exportadas para o Japão, Estados Unidos e Europa. Dados da OCP mostram que a Camta possui 1,3 mil cooperados, e sua capacidade de produção na agroindústria é de 3,2 mil toneladas de polpa de frutas. Em 2011, a empresa movimentou R$ 21 milhões, gerou 130 empregos diretos e dois mil indiretos, além de ter firmado parcerias com grandes empresas nacionais.

Coletar, separar e dar o destino correto aos materiais recicláveis é o trabalho da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves), na Terra Firme, uma das áreas da cidade classificada pelas autoridades como perigosa em que ocorrem altos índices de criminalidade e um das mais populosas de Belém. Na Concaves são 30 cooperados que desenvolvem trabalho essencial para uma sociedade de consumo: arrecadação de pelo menos 30 toneladas de materiais recicláveis por dia. O ato de reciclar na cooperativa é uma solução viável economicamente e ambientalmente correta.

"Começamos em 2006 com 13 catadores. Desde então enfrentamos uma luta árdua, diariamente, e funciona porque é o único jeito que temos de nos ajudar. Se não fôssemos uma cooperativa legalizada não teríamos conseguido equipamentos para trabalhar, mas ainda sentimos falta de políticas para ampliar nossa atuação e condições de trabalho", disse Jonas de Jesus (foto), coordenador da Concaves, que faz parte do projeto nacional CatAÇÃO, o qual recebe patrocínio de empresas multinacionais.

Para montar uma cooperativa hoje é necessário ter pelo menos 20 pessoas e ser registrada na Junta Comercial do Pará (Jucepa). Para o ano internacional, uma das recentes vitórias das cooperativas formalizadas no Estado foi a redução no custo de registro de ato na Junta, que passou de R$ 600,00 para R$ 420,00, resultado da negociação entre a OCP, o governo do Estado e a Frente Parlamentar em Defesa do Cooperativismo, composta por deputados de todos os partidos políticos.

Na hora de procurar por uma cooperativa é importante avaliar se ela atua legalmente, "uma vez que pseudocooperativas foram criadas para fins não claros no Pará e sabendo disso a OCP faz trabalhos com os bancos públicos e privados, além de parcerias municipais, estaduais e federais, para evitar que as pessoas sejam enganadas", ressaltou Raiol.

Prefeitura e estado ampliam projetos de apoio aos empreendedores

A Coordenadoria de Comunicação da prefeitura de Belém, em nota, informa que nos últimos sete anos órgãos da gestão municipal atenderam centenas de cooperativas no intuito de facilitar a vida de empreendedores individuais, taxistas, artesãos e catadores de resíduos sólidos. Projetos são elaborados para o Distrito de Icoaraci envolvendo as atividades dos artesãos que residem e trabalham no local. Outra parceria entre a prefeitura de Belém e cooperados, afirma a Comus, é mantida pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). "Pelo menos cinco cooperativas, que reúnem no mínimo 20 pessoas, trabalham na coleta de lixo, atuando em conformidade com a nova política de resíduo sólido. O trabalho deve crescer nos próximos meses com a implantação de mais um barracão para os catadores realizarem o processo de triagem dos resíduos sólidos", diz.

O governo do Estado, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Renda (Seter), ressalta que implementa políticas públicas com o objetivo de promover o desenvolvimento socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável, com o incentivo à geração de oportunidades de trabalho e renda, por meio de iniciativas de natureza solidárias organizadas de forma coletiva e participativa. Para isso, lembra que conta com uma Diretoria de Economia Solidária e suas ações são permeadas, no processo de efetivação do Marco Legal, que se deu com a criação da lei 7.309/2009, que instituiu a Política de Fomento à Economia Popular e Solidária do Estado do Pará e acompanha projetos e programas municipais, estaduais e nacionais.

Para este ano, o Plano Plurianual (2012-2015) terá algumas ações. Uma delas é o fomento ao empreendedorismo através da sensibilização de gestores públicos e de empreendedores econômicos solidários. Outra é a constituição, reativação ou transformação das formas de organização do trabalho associativo e o apoio na identificação de mercado de demandas potenciais para os produtos e serviços dos empreendimentos da Economia Solidária.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Projeto quer mudar antigos costumes

Ideia é fazer com que donos de cães não vejam ruas como "banheiro"

Reportagem especial do Jornal Amazônia - 19/02/2012

Por: Cleide Magalhães

Caminhando pelas ruas de Belém é possível perceber o descaso com que a própria população vem tratando a cidade. Ao longo do trajeto para casa ou para o trabalho, a sujeira que toma conta de calçadas, canteiros e praças dificilmente passa despercebida. Restos não somente de comida, pedaços de papelão, jornais, mas todo tipo pode ser encontrado. Diante de um cenário como este, não causa espanto que velhos hábitos apareçam como os vilões que ameaçam a saúde da população.

Guiados por donos sem educação, que veem o passeio com o cachorro como uma alternativa para se livrar dos cuidados com a higiene, muitos cães são ensinados a usar os espaços públicos para "ir ao banheiro". O problema, no entanto, está naqueles donos que não recolhem os dejetos deixados pelo cão ao longo do caminho.

Para tentar fazer com que este convívio seja mais harmonioso, foi aprovada a Lei Ordinária 8.249, de 31 de julho de 2003, que dispõe sobre a obrigatoriedade de condutores de cães e gatos, carregarem sacos plásticos e pás para o recolhimento de dejetos deixados pelos respectivos animais. Anterior a lei 8.249, a Lei Ordinária 7.831, de 30 de abril de 1997, trazia a proibição de bicicletas nas praças e já mencionava os animais. "Nas praças públicas deste município, no horário compreendido entre as seis e nove horas e dezesseis e vinte horas, fica proibida a circulação de maiores de doze anos em bicicletas e de cães com seus respectivos condutores".

Entretanto, o que se constata pelos espaços públicos da cidade é que ambas não tiveram eficácia e, nesse caso em especial, a 8.249 não teve ação contínua pela gestão municipal. Resultado: a população ainda convive com esse péssimo hábito.

Um dos espaços da cidade em que todos os dias dezenas de animais e seus donos caminham livremente, sempre no começo da manhã e final da tarde, é a praça Batista Campos. Um agente da Guarda Municipal, que trabalha no lugar há dois anos, fala das dificuldades que enfrenta ao orientar os donos de animais que frequentam o local.

"Algumas pessoas são conscientes, mas a maioria não traz o saquinho nem papel para recolher os dejetos dos animais e colocar no lixo. Sempre falamos da importância de se manter os cuidados, porém muitos agem com autoritarismo e perguntam se sabemos com quem estamos falando. Chegamos a dizer sobre a lei que existe, mas reagem, afirmam não saber e que não existe nenhuma placa que os proíba, enfim... é uma tarefa árdua. A gente recebe queixa sobre essa sujeira das pessoas que utilizam a praça para outras atividades e se sentem incomodados. Se tivesse alguma placa indicando a proibição ajudaria muito o nosso trabalho, as pessoas nos respeitariam e seriam um pouco mais conscientes", desabafa o agente municipal, que pediu para não ser identificado.

Mais do que recurso punitivo, lei busca conscientizar a população

Luciele Rodrigues, de 26 anos, conta que a consciência sobre a necessidade de ensinar seu cão da raça poodle veio apenas após a mudança da casa em que morava, na Cremação, para um conjunto residencial de classe média, no bairro do Bengui, onde placas informando sobre a lei foram afixadas. "Quando morava na Cremação eu não sabia que existia lei, andava com meu cachorro pelas ruas do bairro e ele por lá mesmo fazia suas necessidades. Quando mudei pra cá, vi as placas pelo conjunto, observei que as pessoas tinham mais cuidado com os dejetos dos animais e passei a fazer o mesmo", observa.

Neste ponto, a servidora pública Carolina Mergulhão, 28 anos, difere-se de Luciele. Carolina afirma que conhece outras cidades brasileiras que já tratam a questão com seriedade, mas explica que sua consciência vem também de berço. "Venho com meu cachorro passear na praça e em algumas ruas da cidade toda tarde e trago sempre dois sacos plásticos, oriento o cão sobre os espaços em que pode urinar e fazer cocô, junto o material e jogo no lixo. Essa é uma obrigação do dono do animal. Além disso, é uma questão de higiene e aprendi isso em casa", diz a servidora.

Na regulamentação da lei, feita naquele mesmo ano, o então prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PT), determinou que a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) fosse o órgão responsável por fazer cumprir a lei, que estabelece ao infrator as penalidades de advertência, multa de, no mínimo, R$ 100,00 e a apreensão do animal. "O objetivo é educar por meio da orientação dos agentes da Sesan e da Guarda Municipal. A multa não tem como finalidade arrecadar recurso, mas mostrar à sociedade que o Estado precisa agir para fazer cumprir as normas e mostrar o que é o dever de todos. Esperamos que a lei ainda receba a atenção que merece e seja cumprida, porque isso é um investimento social, é uma questão de educação ambiental e saúde pública", afirmou Edmilson, hoje deputado estadual (PSOL).

O secretário municipal de Saneamento, Ivan José dos Santos, desconhece a regulamentação da lei e ressalta que por isso a determinação não atingiu sua finalidade. "A lei foi feita, mas não encaminhada corretamente", interpreta.

Entretanto, o secretário enfatiza que, a partir desta reportagem, a questão será tratada com prioridade. "Ficamos agradecidos por este veículo cobrar a atuação dos órgãos municipais. A partir de agora, a implementação da lei será imediata. Já definimos que à frente da ação estará o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Seremos multiplicadores de informação e faremos ampla campanha para a divulgação da lei", afirma o titular da Sesan.

Iniciativa - Outra iniciativa, segundo o secretário da Sesan, que estará ligada à implementação da lei 8.249 e poderá também conservar a cidade trata-se do Projeto "Grande Cidadão", lançado recentemente pela prefeitura de Belém. O objetivo é homenagear pessoas que, por conta própria, praticam ações de zelar pelo espaço público, com ações de preservação, conservação, reparos e limpeza de qualquer logradouro de Belém

Saúde do animal precisa ser mantida em dia

Segundo o médico veterinário Júlio Fernandes, professor do curso de Pós-Graduação em Saúde Animal na Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), embora a procura por animais de companhia aumente a cada ano e muitos sejam tratados como membros da família, esse convívio pode representar um risco à saúde humana. Mas o perigo quase deixa de existir se os donos ficarem atentos às medidas de prevenção de doenças.

Alguns cuidados fundamentais são recolher as fezes dos animais do chão, com auxílio de uma luva ou saco plástico; levar os animais periodicamente ao veterinário para uma avaliação geral; vacinar e vermifugar os animais regularmente; manter a higiene periódica dos animais domésticos, assim como de seus abrigos e utensílios e lavar sempre as mãos antes e depois de brincar com os animais e antes de manipular os alimentos.

Contudo, Júlio Fernandes, coordenador do projeto de extensão Ação Cívico Social da Medicina Veterinária (ACISO VET), do campus da UFPA em Castanhal, alerta que os animais podem ser portadores de doenças que acometem os seres humanos, conhecidas como zoonoses. "Uma das mais importantes, da qual o cão e o gato são hospedeiros definitivos é o agente etiológico (causador) da larva migrans visceral, Toxocara sp. Apesar da maioria dos casos ser assintomático, a doença pode produzir múltiplos quadros clínicos, incluindo manifestações alérgicas, fraqueza crônica, dor abdominal, além da forma visceral clássica da doença, marcada por comprometimento hepático e pulmonar. Existe, ainda, a alocação ocular, que pode causar cegueira em crianças, grupo mais sensível a esses helmintos. A infecção ocorre após a ingestão acidental dos ovos eliminados nas fezes", explica.

Concomitante a isso estão os parasitos hematófagos (que se alimentam de sangue dos cães), cujas larvas penetram ativamente através da pele humana e realizam migração errática, causando dermatite (inflamação na pele) em graus variados, seguida de grande desconforto local, caracterizando a doença conhecida como "bicho geográfico". Crianças em parques ou praças públicas compõem o principal grupo de risco.

Outra doença transmitida pelas fezes, neste caso, somente as dos gatos é a toxoplasmose. "Ela tem como agente causador o protozoário Toxoplasma gondii. É uma zoonose muito importante, pois pode causar aborto ou deformidade do feto.Infelizmente, por falta de conhecimento, o gato é relatado como vilão, mas a principal fonte de infecção para os seres humanos é a ingestão de carne crua ou mal passada, contendo o cisto na musculatura", alerta o médico.

O projeto ACISO VET atua nos municípios do interior do Pará. Visa minimizar a falta de atendimento aos animais, disseminar o conhecimento sobre cuidados e posse responsável, além de realizar atendimentos clínicos. Até agora, campanhas foram organizadas em Igarapé-Açu e Algodoal, nordeste do Estado, com perspectiva de realização em outras comunidades.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Franquia é o nome do negócio

Por: Cleide Magalhães

Reportagem especial

Sucesso mundial, o “Franchising” domina cada vez mais o belenense

O Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial de países com maior número de franquias, cuja movimentação financeira própria é de cerca de R$ 63 bilhões, com 80 mil unidades. Em torno de três milhões de empregos, diretos e indiretos, são gerados - ficando atrás somente dos Estados Unidos da América (EUA) e do Japão, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). A ABF é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 1987, com imagem consolidada no mercado e possui mais de 900 associados, entre franqueadores, franqueados e prestadores de serviços.

Hoje não somente as franquias internacionais fazem sucesso no mercado mundial. Há franquias brasileiras e paraenses que também expandem suas áreas de atuação pelo mundo afora. O Boticário, empresa brasileira de perfumaria e cosméticos, era campeã de franquia no país com 3.131 unidades, segundo a ABF, em 2010, chegando ainda a outros países. A franquia Bob´s, Habibs e China In Box já se instalaram pela América Latina (México), parte latina dos EUA (Flórida e adjacências) e da Europa (Portugal, Espanha e parte da França). Tem até franquia paraense, como


Pesquisas feitas por federações empresariais e universidades que contam com centros de excelência na área - como a Fundação Getúlio Vargas, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fundação Dom Cabral de Minas Gerais - apontam, entre outras coisas, que Belém se torna uma cidade amplamente favorável para franquias na área de serviços. "O cenário econômico em Belém é fortemente movimentado pela prestação de serviços, que é o setor terciário da economia. Podemos, então, considerar que a maioria das franquias é na área de serviços na cidade", afirmou Helder Aranha, mestre em Administração e professor dos Programas de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Administração da Universidade Federal do Pará (UFPA).a sorveteria Cairu, que chegou ao Rio de Janeiro, São Paulo, Argentina e EUA.

De acordo com a Lei de Franchising n° 8955/94, também chamada de Lei Magalhães Teixeira, que dispõe sobre o contrato de franquia empresarial ("Franchising") regulando os aspectos legais da relação de franquias no Brasil, "franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício".

Segundo Aranha, a questão da franquia começou nos EUA, depois da guerra civil, em 1850. A Singer, marca de máquina de costura, iniciou o sistema de franquia norte-americano e marcou o início da franquia no capitalismo planetário. No Brasil, a franquia chegou a partir da rede Yázigi, há 49 anos, e tornou-se uma revolução elevando o País ao atual patamar. Entretanto, ele ressalta que a franquia é uma inovação gerada dentro do próprio capitalismo. "O fato de uma corporação conceder sua marca para outra corporação menor ou para o empreendedor individual passa a ser uma inovação dentro do capitalismo e na área da Administração é tratado dentro dos canais de distribuição, estes previstos nos estudos de marketing e são os recursos empresariais para tornar a sociedade plausível de consumo", informa.

Nesse contexto, shopping centers são os grandes impulsionadores das franquias pela estratégia de mistura de produtos que atraem consumidores. E mais uma vez o Brasil é surpreendente. Ainda de acordo com a ABF, o país ocupa o quinto lugar no mundo no ranking de maiores mercados para shopping centers na Terra, ficando atrás dos Estados Unidos da América, Canadá, Grã-Bretanha e França. Isso faz com que o Brasil seja propício para o empreendedorismo em franquias e Belém segue essa tendência, principalmente com a construção de shopping centers e lojas na área de expansão da cidade, como a BR-316 e rodovia Augusto Montenegro.

Empresas podem sofrer ameaças ao se adaptar a realidades locais

Há outros empecilhos ao desenvolvimento do empreendedorismo nacional: tomadas de decisões intuitivas, que precisam estar aliadas a dados estatísticos e de mercado, que são científicos; visão imediatista; excesso de autonomia; manutenção de empresa familiar que não se profissionaliza; sensação de onipotência de não se "mexer em time que ganha"; clientelismo, em separar os bens de pessoa física e jurídica; dificuldade de recursos financeiros, inovação e tecnologia; gestão centralizadora; sistema de informação simples; dificuldade de acesso à internet no Brasil, que ainda tem poucos kilobytes e banda larga, entre outros.

Na opinião de Aranha, uma das maiores ameaças às franquias no Brasil é a tentativa de tropicalização, isto é, "a tentativa de adaptar a franquia às realidades locais e com isso vulgarizar de tal ordem que causa uma implosão e risco a franqueadores e franqueados e a rede toda. Às vezes, há tentativa de popularizar a franquia e colocar a franquia em mercados que não comportam todas de uma vez", explica o professor.

Outro problema ao fortalecimento das franquias no Brasil é quando o franqueador master perde o foco da sua franquia ao conceber e estatuir outras franquias. "Isso é um fator complicador à sustentabilidade das franquias no Brasil, porque pulveriza esforços e gestão. As franquias devem preservar imagem e credibilidade de suas marcas e investir em qualidade e não quantidade para não comprometer a franquia" , afirma Aranha.

Contudo, se franqueados e franqueadores ficarem atentos para tudo isso, buscarem mais informações e tomarem os cuidados as franquias podem ser a grande tacada de empreendedorismo no Pará e em Belém.

Há instituições tradicionais que dão suporte na área de empreendedorismo e podem informar sobre as linhas de financiamento. Hoje existem linhas de crédito como o BB Franquia (Banco do Brasil) e Franquias da Caixa (Caixa Econômica Federal), os financiamentos variam, com tempo negociado e taxas que oscilam. Segundo o analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae/PA), Roberto Belluci, é importante que quem esteja interessado em aderir a uma franquia busque orientação e o Sebrae oferece individualizada. No site do Sebrae Nacional (www.sebrae.com.br) e da ABF (www.portaldofranchising.com.br) há várias informações sobre o assunto.

Credibilidade da marca incentiva a adesão ao empreendimento

Segundo o professor, no mercado de franquia a maior vertente que há entre franqueador (quem cria uma franquia) e franqueado (quem recebe concessão de uma franquia) é a vontade de ser empreendedor. "Essa doutrina foi despertada principalmente após a 2ª Guerra Mundial, a partir de 1950, com os reforços de reconstrução do planeta, que gerou alteração sociológica na visão de a pessoa não ser funcionário e ter seu próprio negócio, gerando emprego para si e para outras pessoas. Os franqueadores fazem franquias também por terem acesso ao mercado e oferecerem seus produtos de forma ágil e direta gerando acumulação de lucros, expansão e riqueza".

Os fatores de mercado inibidores para os franqueadores são o risco da quebra de uma rede. "A franquia se estabelece, consegue licença de patentes e na ponta os franqueados falham, há casos em que acontece a quebra e a franquia desaparece e entram em processo de destruição. O que inibe muito a concederem franquias é o medo de perder o controle sobre elas. A tecnologia da informação mudou um pouco isso, porque pode realizar videoconferências e reuniões pela webcam, mas ainda há o conceito de distância", afirma.

Já para quem é franqueado, a motivação no negócio é a credibilidade da franquia. "Uma franquia que tem imagem e marca forte no mercado é o sonho de consumo de 10 e cada 10 candidatos a franqueados, os quais são motivados porque terão menos custos, pois é garantida a consultoria de plano de negócios, o treinamento de funcionário, o manual de conduta, o uso de marca, layout, entre outras."

Esse foi um dos aspectos que fizeram com que Nayara Cruz, 30 anos, que há 13 anos avaliou a credibilidade de uma das mais importantes redes de doçarias no Brasil e há três meses conseguiu inaugurar seu negócio em um shopping center localizado no bairro do Reduto e conta que está satisfeita. "Somos a primeira no Norte do Brasil em uma franquia que conta com 60 lojas. Sempre fui apaixonada pela loja devido à qualidade dos seus produtos. Ficamos em segundo lugar na rede em dezembro e superamos a meta. Meu único receio é que seja somente uma moda, porque muitos negócios em Belém não são contínuos, mas vamos fazer tudo para dar certo e contamos com suporte da franquia, que garante treinamento, consultoria, enfim", afirmou a franqueada.

Porém, para ter acesso à franquia há também fatores inibidores. As pesquisas mostram que são essencialmente as taxas cobradas (por royalties pelo uso da franquia) ou pacotes. "No Brasil há exagero nas taxas, as quais chegam em 38% do faturamento, elevadíssima para os padrões internacionais", considera Helder Aranha. Os estudos feitos por federações empresariais e universidades mostram também que muitos empreendedores desconhecem a questão de administração, que é importante à formação de quadros empresarias quanto à gestão e evitar a mortalidade da empresa. "Ainda é desproporcional a formação dos brasileiros para entender os fenômenos os negócios, porque estes estão relacionados às questões científicas e precisam estar aliados ao processo de administração e os recursos de empresa. Muitos podem ter experiência, visão de mundo, mas falham no aspecto acadêmico, que podem não ser decisivos, mas ajudam a compreender a prática dos fenômenos e qualifica esta prática tornando a pessoa um melhor empreendedor."

Reportagem especial publicada no jornal Amazônia, 22/01/2012

Foto: Alexandre Moraes - Ascom/UFPA.